Em
2013, a Câmara Legislativa aprovou mais de 350 projetos de lei, mas a
pressão popular e a falta de clareza levaram os distritais a suspenderem
a definição sobre o PPCub e a Luos, que tratam da ocupação do solo em
todo o Distrito Federal
O plenário da assembleia candanga votou e aprovou muitos projetos, mas recuou naqueles que seriam os mais impactantes para todo o DF |
O ano da Câmara Legislativa do Distrito Federal ficou marcado mais pelo
que não foi votado do que pelo que foi aprovado pelos distritais. O
Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) e a Lei
de Uso e Ocupação do Solo (Luos), duas matérias de maior interesse do
Poder Executivo e da cidade, não tramitaram na Casa. A polêmica entre
especialistas e a sociedade em geral e o fato de um deles ter sido
contestado judicialmente levaram os deputados a manter os assuntos fora
da pauta, desobedecendo inclusive a uma orientação do Palácio do Buriti.
Audiência pública sobre o PPCuB: entidades se uniram para evitar a tramitação do projeto neste ano |
Os parlamentares também reclamaram do pouco tempo disponível para a discussão dos temas. Os dois projetos de lei começaram a ser elaborados ainda no início do governo Agnelo Queiroz (PT), em 2011, pela Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano (Sedhab). Mas as propostas sobre o uso e ocupação do solo na maior parte da capital federal só foram enviadas ao Legislativo no fim de 2012. O PPCub já vinha sofrendo críticas do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) por prever alguns itens polêmicos, que mais tarde seriam pontos de discórdia junto a entidades de arquitetura, urbanismo e proteção do patrimônio.
Em março de 2013, a eleição da Comissão de Assuntos Fundiários da
Câmara Legislativa provocou contrariedade no Palácio do Buriti.
Insatisfeito com a escolha de Cristiano Araújo (PTB) para a presidência
do colegiado temático, o GDF decidiu retirar o PPCub e a Luos da pauta.
“Isso foi muito prejudicial. O trabalho que já tínhamos feito, como
audiências públicas, foi jogado por terra, já que não sabíamos como os
projetos voltariam para a Casa”, reclama um distrital. As propostas só
foram enviadas de volta no fim de setembro, com orientação para serem
votadas até dezembro.
Reação negativa
Nessa época, entidades, como o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB)
e o Instituto Histórico e Geográfico do DF (IHG/DF), já tinham se
levantado contra a tramitação do PPCub. A arquiteta e urbanista Vera
Ramos, integrante do IHG/DF, fez um estudo detalhado da proposta com
base em itens apontados como preocupantes pelo MPDFT. Entre eles,
estavam a previsão de parcelamento do canteiro central da porção oeste
do Eixo Monumental, a criação de um novo setor habitacional ao lado da
antiga Rodoferroviária, a liberação da Superquadra 500 do Sudoeste e a
possibilidade de concessão de áreas públicas para a iniciativa privada
no Plano Piloto e nas demais cidades da área tombada.
“A reação foi muito forte e não tínhamos como avançar na discussão para
forçar uma votação ainda em 2013. Acabamos optando por adiar a
apreciação”, explica o petista Cláudio Abrantes, relator do PPCub na
Comissão de Assuntos Fundiários. Robério Negreiros (PMDB), relator das
duas matérias na Comissão de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente,
diz que os distritais mandaram os dois casos para 2014 por causa da
importância e da complexidade. “Não tínhamos conhecimento suficiente
para votar rapidamente este ano. É o futuro da cidade que está em jogo.
Sabemos que precisamos das leis, mas precisamos superar todas as dúvidas
em torno delas”, ressalta.
"A reação foi muito forte e não tínhamos como avançar na discussão para
forçar uma votação ainda em 2013. Acabamos optando por adiar a
apreciação.”
Cláudio Abrantes, deputado distrital pelo PT
“Não tínhamos conhecimento suficiente para votar rapidamente este ano. É
o futuro da cidade que está em jogo. Sabemos que precisamos das leis,
mas precisamos superar todas as dúvidas.”
Robério Negreiros, deputado distrital pelo PMDB
Aprovados em 2013
» Projetos de lei - 265
» Propostas de emendas à Lei Orgânica - 10
» Projetos de leis complementares - 17
» Projetos de decretos legislativos - 51
» Requerimentos - 135
» Moções - 128
» Projetos de resolução - 7
» Propostas de emendas à Lei Orgânica - 10
» Projetos de leis complementares - 17
» Projetos de decretos legislativos - 51
» Requerimentos - 135
» Moções - 128
» Projetos de resolução - 7
Fonte: Almiro Marcos - Correio Braziliense.
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