O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa,
afirmou neste sábado, 28, que a chance de o ex-presidente nacional do
PT e ex-deputado José Genoino (SP) voltar para a cadeia é "forte".
Joaquim Barbosa disse ainda que "o preso não pode escolher" ao livre-arbítrio e
conveniência onde cumprirá a pena que lhe foi definitivamente imposta. A
conclusão consta da íntegra da decisão divulgada neste sábado, ao negar
pedido de Genoino de ser transferido para São Paulo a fim de cumprir,
provisoriamente, pena domiciliar.
Genoino: Defesa queria transferência para SP; apartamento da filha em Brasília seria 'modesto'.
Na decisão, que foi tomada nesta sexta-feira, 27, o relator do processo
do mensalão deu prazo de 90 dias, contados desde 21 de novembro, para
José Genoino ficar em prisão domiciliar em Brasília. Ele está na casa de um
contra parente. Ao fim desse prazo, Barbosa decidirá, após reavaliação do
estado de saúde, se o ex-presidente do PT voltará a cumprir pena na
prisão em regime semiaberto pela condenação por corrupção ativa.
A defesa do petista tenta assegurar prisão domiciliar para ele, que
passou por cirurgia cardíaca no meio do ano. A transferência dele, ainda
que provisória para São Paulo, tinha por objetivo retornar para a
cidade onde está sua única moradia e a família. A defesa argumentou que o
apartamento da filha em Brasília é "muito modesta e de apenas um
cômodo" sem "condições espaciais de abrigá-lo". A filha de Genoino,
Mariana, mora em um apartamento duplex de 60 metros quadrados, em
edifício com academia, churrasqueira, dois salões de festas e espaço
gourmet.
Os advogados do ex-presidente do PT argumentaram também que, no dia 7,
Genoino tem consulta e exames pré-agendados no Hospital Sírio-Libanês,
sob a supervisão do médico Roberto Kalil Filho. No despacho, Barbosa
afirmou que a prisão domiciliar do ex-presidente do PT é meramente
provisória e que o quadro de saúde tem apresentado melhoras desde a
detenção. "Como indica a própria defesa, seu estado de saúde está
evoluindo e, mais do que isso, todas as informações existentes nos autos
indicam que sua condição atual é compatível com o cumprimento da pena
no regime semiaberto, dentro do sistema carcerário", disse.
O relator do mensalão acrescentou que, no dia 26 de novembro, o próprio
José Genoino havia pedido a desistência dos pedidos para ser transferido
para um presídio em São Paulo, tendo em vista que o condenado aceitava
cumprir a pena no Distrito Federal. Barbosa destacou que é "firme" o
entendimento do Supremo segundo o qual não existe direito do condenado
"à transferência para estabelecimento penal de sua preferência, ainda
que com fundamento em alegada proximidade de seus familiares".
"Noutras palavras: o preso não pode escolher, ao seu livre-alvedrio e
conveniência, onde vai cumprir a pena que lhe foi definitivamente
imposta", afirmou. Na decisão, Barbosa disse ainda que a transferência
"fere o interesse público" porque a prisão domiciliar é provisória e é
"forte a probabilidade do seu retorno ao regime semiaberto ao fim do
prazo" de 90 dias.
Fonte: Portal Estadão.
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