A
seis meses do início da próxima campanha, apenas as candidaturas do
governador Agnelo Queiroz e do senador Rodrigo Rollemberg são dadas como
certas
Na
véspera da virada para o ano de decisões políticas e a seis meses do
início da próxima campanha, o cenário da corrida ao Palácio do Buriti
ainda está bastante indefinido. Até o momento, apenas duas candidaturas
estão praticamente consolidadas: a de reeleição do governador Agnelo
Queiroz (PT) e a do senador Rodrigo Rollemberg (PSB). São políticos com
apoio de seus partidos para o projeto de concorrer ao governo e
representam palanques para os presidenciáveis Dilma Rousseff e Eduardo
Campos, respectivamente, no Distrito Federal. No campo da oposição ao
atual governo, no entanto, há muitas incertezas, o que amplia o suspense
relacionado às próximas eleições.
Não faltam especulações sobre quem vai representar o antipetismo na
capital do país. Os ex-governadores Joaquim Roriz (PRTB) e José Roberto
Arruda (PR) aparecem em boas condições nas pesquisas de opinião
realizadas pelos comitês de pré-campanha. Eles têm recebido aliados a
fim de discutir planos para 2014, mas ainda há dúvidas sobre as reais
pretensões. Roriz tem demonstrado intenção de concorrer novamente. Já
declarou que está no páreo, mas precisa ainda vencer um obstáculo
jurídico: a Lei da Ficha Limpa.
O texto estabelece literalmente que quem renunciou ao mandato, como
ocorreu com Roriz em 2007, perde o direito de se candidatar pelo período
de oito anos, a contar do fim do mandato. Para o ex-governador, essa
data seria fevereiro de 2023. Os advogados de Roriz acreditam que o tema
ainda não foi totalmente esgotado e pode ser derrubado na Justiça
Eleitoral. O debate leva à constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa
nesse ponto: a renúncia antes de a norma entrar em vigor.
Impasse
O tema é controverso. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), Marco Aurélio Mello, por exemplo, acha que, nessa parte, a regra
de inelegibilidade é inconstitucional. Em 2010, Roriz registrou a
candidatura, mas foi substituído pela mulher, Weslian Roriz, pelo
impasse estabelecido no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a
possibilidade de concorrer. O julgamento ficou empatado e, com quórum de
10 ministros, não houve uma decisão. Mesmo assim, a candidata levou a
disputa para o segundo turno. Por isso, aliados de Roriz acreditam na
viabilidade do projeto. O Ministério Público Eleitoral e adversários, no
entanto, vão impugnar o registro e certamente a batalha será longa na
Justiça.
Arruda, por sua vez, está apto a concorrer. Em 19 de dezembro, a 3ª
Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos
Territórios (TJDFT) absolveu o ex-governador da denúncia de dispensa
ilegal de licitação para a reforma do ginásio Nilson Nelson. Ele havia
sido condenado em primeira instância e uma confirmação da sentença por
órgão colegiado acarretaria a inelegibilidade e uma impossibilidade de
concorrer nas próximas eleições.
O ex-governador responde a outros processos e foi condenado por
improbidade administrativa no caso do mensalão do DEM. O caso está em
grau de recurso e dificilmente será apreciado a tempo do registro da
candidatura de Arruda. “A chance de ele concorrer é grande, mas depende
de uma questão de foro íntimo, da disposição de Arruda de entrar na
campanha”, afirma um ex-secretário. Para ex-colaboradores, que
participaram da gestão do ex-governador, abatida pelas denúncias do
delator Durval Barbosa, eventual candidatura de Arruda seria uma
oportunidade para uma defesa pública de todo o grupo.
Entre aliados de Agnelo, a expectativa é de que nenhum dos dois
ex-governadores estará no páreo, embora o próprio petista sustente que
não está preocupado com os concorrentes. “Não podemos escolher
adversários. Temos que fazer a nossa parte, que é governar e esperar o
momento da campanha, quando nossas realizações serão avaliadas pelo
eleitor”, afirma o governador do DF.
Para Rodrigo Rollemberg, que esteve com Agnelo na campanha de 2010, a
candidatura no próximo ano é um caminho sem volta. Com mandato até
fevereiro de 2015, ele tem sido incentivado pelo presidente nacional de
seu partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a concorrer.
Uma das principais metas de Rollemberg para os próximos meses é fechar
uma aliança eleitoral com o PDT, do deputado federal José Antônio
Reguffe e do senador Cristovam Buarque. “Temos conversado e acredito
nesse diálogo”, afirma Rollemberg.
Depois de firmar um acordo nacional que prevê a reedição da aliança no
DF entre PT e PMDB, a meta de Agnelo é acertar a parceria com o PDT. O
governador e Reguffe têm conversado, mas ainda há um longo caminho para
um acordo político, que deve passar pelo presidente nacional do PDT,
Carlos Lupi. Hoje, Reguffe é apontado como candidato dos pedetistas e
representantes da Rede Sustentável, partido que a ex-ministra do Meio
Ambiente Marina Silva pretende criar. “Só tomarei uma decisão depois do
carnaval. Não serei candidato contra os meus princípios”, sustenta.
Os prováveis candidatos
José Roberto Arruda (PR)
No círculo mais próximo, o ex-governador do DF tem discutido a
possibilidade de concorrer ao Palácio do Buriti. Apesar dos problemas
que enfrentou ao deixar o cargo em 2010, está apto a concorrer. A
decisão será tomada até junho de 2014.
Toninho (PSol)
Terceiro colocado nas eleições ao governo em 2010, Toninho é cotado
como candidato novamente. A nova direção regional do PSol é contra
alianças com legendas consideradas de centro-esquerda, como PDT e PSB.
Por isso, cresce a chance de candidatura própria da sigla.
Luiz Pitiman (PSDB)
Filiado ao PSDB, o deputado federal programa ser candidato, caso não
vinguem as chances de Arruda e Roriz em disputar o Buriti. Para
consagrar-se o nome tucano na corrida, ele tem se aproximado do senador
Aécio Neves (MG), candidato à Presidência da República.
Joaquim Roriz (PRTB)
Depois de governar o DF quatro vezes, Roriz tem dito que pretende
concorrer a novo mandato, influenciado por pesquisas que indicam a
manutenção de um eleitorado fiel. Precisará, no entanto, enfrentar uma
impugnação pela Lei da Ficha Limpa.
Agnelo Queiroz (PT)
O governador do DF vai concorrer à reeleição, numa reedição da aliança
de 2010, tendo novamente o presidente regional do PMDB, Tadeu
Filippelli, como vice. O acordo foi costurado nacionalmente, numa
repetição da dobradinha entre Dilma Rousseff e Michel Temer.
Reguffe (PDT)
Lançado como pré-candidato ao governo pelo PDT pela Rede
Sustentabilidade, Reguffe pretende tomar uma decisão sobre seu destino a
partir de março. Não deve concorrer a novo mandato de deputado federal.
Uma das opções é a candidatura ao Senado.
Eliana Pedrosa (PPS)
A deputada distrital tem o comando regional do PPS, o que abre
possibilidade para viabilizar a candidatura dela ao Palácio do Buriti. O
partido, sob o controle nacional de Roberto Freire, pode, no entanto,
optar pelo apoio a aliados do PSDB ou PR.
Rodrigo Rollemberg (PSB)
Com mandato no Senado até 2015, Rollemberg vai concorrer ao governo do
DF como uma das apostas regionais do presidente nacional do PSB, o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que concorrerá ao Palácio do
Planalto e precisa de palanques nos estados.
Fonte: Ana Maria Campos - Correio Braziliense.
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