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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Apoio a mensaleiros comprova miopia do PT

Outros partidos, mesmo os que agem com cinismo, não ousam tratar os seus criminosos condenados como heróis ou mártires

A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula participam do 5º Congresso do PT, em Brasília, nesta quinta-feira (12)

O PT marcou para as 11 horas desta sexta-feira um ato de desagravo aos mensaleiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal - só aos mensaleiros petistas, claro. A manifestação acontecerá no 5º Congresso do partido, em Brasília, sob os auspícios da cúpula da legenda. É mais uma demonstração de que o partido não só tolera os crimes de seus filiados como compactua com eles.

Esta semana trouxe duas novas amostras de como o doloroso processo do mensalão não levou o partido a realizar uma correção de rumos: prestes a começar a cumprir pena na prisão, o deputado João Paulo Cunha (PT/SP) organizou um evento, em plena Câmara dos Deputados, para divulgar uma publicação em que repete os argumentos usados pelos seus advogados - e rejeitados pelo STF. Mas o ato contou com a presença de dezenas de parlamentares, inclusive o líder do PT na Câmara, José Guimarães. Não faltaram aplausos ao homem condenado a nove anos e quatro meses de prisão por desviar recursos públicos, lavar dinheiro e receber propina.

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Caso ainda houvesse alguma dúvida sobre o nível de apoio oferecido pelo partido a seus condenados - se apenas uma solidariedade com criminosos arrependidos ou uma negação direta de que houve crime - o deputado Ricardo Berzoini (PT/SP), um dos apoiadores de João Paulo Cunha, esclareceu: "Nós entramos no mérito: este é um ato contrário ao que o STF praticou neste julgamento".

Na abertura do congresso do partido, nesta quinta-feira, coube ao presidente do PT o uso das palavras mais fortes na defesa dos mensaleiros. "A história vai provar que nossos companheiros foram condenados sem prova, em um processo político influenciado pela mídia conservadora", afirmou Rui Falcão, ao lado da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A própria postura de José Dirceu e José Genoino, ao se entregarem à polícia com os punhos erguidos, comprova que os mensaleiros gostaram de exercer o papel de heróis. Para a Justiça, não passam de criminosos que operaram o mais grave escândalo de corrupção da história.

O apoio é mais uma prova de que, para o PT, os interesses do partido se sobrepõem aos da sociedade. A postura petista é única: mesmo adotando graus variados de cinismo, outros partidos nunca se atreveram a tratar o crime como virtude. O DEM expulsou José Roberto Arruda e Demóstenes Torres, figuras-chave na legenda, assim que vieram à tona revelações graves sobre a dupla. O PMDB também baniu o deputado Natan Donadon, embora tenha agido apenas depois da prisão dele. No PR, a turma de Valdemar Costa Neto assumiu a culpa no caso do mensalão. O PP desconversa sobre o senador condenado Ivo Cassol. Nenhum deles adota a postura petista de transformar o erro em acerto e o criminoso em mártir.

Como os partidos tratam seus corruptos

Do arrependimento sincero ao cinismo, passando pela discrição envergonhada, os partidos reagem de forma diferente quando um de seus filiados é flagrado em atos de corrupção. Nenhum deles, entretanto, age com a desfaçatez do PT.


Expulsou do partido dois de seus principais expoentes nos últimos anos: o então governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, em 2009, e o então senador Demóstenes Torres, no ano passado. Ambos foram flagrados mantendo contatos nada republicanos com criminosos. E tiveram de deixar o DEM antes mesmo da abertura do processo de cassação.

Fonte: VEJA - Gabriel Castro, de Brasília.

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