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sábado, 9 de novembro de 2013

Operação Átrio: Afilhados na mira da polícia

Mulher do ex-administrador de Taguatinga é assessora do PTB graças a Gim Argello. O marido dela foi indicado pelo distrital Washington Mesquita. E o colega de Águas Claras recebeu respaldo do padrinho político Olair Francisco. 

Marfisa, mulher de Carlos Alberto Jales, chega para depor: ligação telefônica em casa com oferecimento de ajuda por parte de Mesquita

Uma das investigadas na Operação Átrio, a assessora parlamentar Marfisa Adriane Gontijo Jales chegou ao cargo comissionado no Senado graças a uma indicação do PTB do Distrito Federal. Ela é mulher do ex- administrador de Taguatinga Carlos Alberto Jales, exonerado ontem. Assim como o marido, Marfisa ganhou o emprego graças à influência política de petebistas. Ela trabalha na liderança do Bloco Parlamentar da União e Força, que reúne integrantes do PTB, do PR e do PSC no Senado e é presidido pelo senador Gim Argello. No mês passado, o contracheque da afilhada política do partido de Gim foi de R$ 16.337,30. Ela não foi exonerada depois da Operação Átrio.

Padre Moacir Anastácio
Carlos Alberto Jales chegou ao cargo por influência do deputado distrital Washington Mesquita (PTB). Ambos são frequentadores da Paróquia São Pedro, em Taguatinga, liderada pelo Padre Moacir Anastácio, que tem forte atuação política. A relação entre os dois é de proximidade.
  
Carlos Jales
Ontem de manhã, quando os investigadores estavam na residência de Carlos Alberto Jales — um luxuoso imóvel em Águas Claras, em um empreendimento com apenas um apartamento por andar —, o telefone de Marfisa tocou. Os responsáveis pela investigação determinaram que a mulher de Carlos Jales atendesse o telefone no viva-voz. A interlocutora era uma assessora do deputado Washington Mesquita. Ela disse a Marfisa que estava ligando a pedido do parlamentar, para saber como ajudar a família.

No apartamento, avaliado em mais de R$ 1,5 milhão, promotores e policiais apreenderam R$ 49,9 mil em cédulas. Além de computadores, pen drives, documentos e papéis, foi encontrado um contrato de aluguel, que será investigado.

O imóvel de Jales fica no edifício Vinícius Condomínio Resort, construído pela empresa LB Valor, do empresário Luiz Bezerra de Oliveira Lima Filho — um dos investigados da Operação Átrio. Os imóveis do empreendimento, um dos mais caros de Águas Claras, têm quase 300m², quatro suítes e três vagas na garagem. No mês passado, Carlos Jales recebeu R$ 14,4 mil de salário como administrador regional.

Afilhado

Carlos Alberto Jales é afilhado político do distrital Washington Mesquita. O parlamentar só chegou ao PTB no mês passado, depois de se desfiliar do PSD. Mas ele, o senador Gim Argello e o ex-administrador de Taguatinga têm em comum o eleitorado católico, além da bênção política do Padre Moacir Anastácio

Padre Moacir Anastácio
Ontem, Washington Mesquita estava na Alemanha, representando a Câmara Legislativa em uma viagem oficial do governador Agnelo Queiroz. Em nota, Washington informou que só terá condições de se manifestar sobre as denúncias quando voltar do país europeu, na próxima segunda-feira. “Jamais serei conivente com qualquer ato de corrupção. Mas não posso emitir nenhum juízo de valor sem antes conhecer a realidade dos fatos”, disse o parlamentar, em nota divulgada à imprensa.

O ex-administrador de Águas Claras Carlos Sidney de Oliveira, também exonerado ontem, chegou ao cargo graças a uma indicação do deputado distrital Olair Francisco (PTdoB). Ele foi nomeado depois da demissão de Manoel Carneiro, que perdeu o posto por gastar R$ 1 milhão em revistas em quadrinho. Olair defendeu o afilhado político. “Ele é um morador de Águas Claras, já foi presidente da OAB em Taguatinga, é uma pessoa qualificada. Fui pego de surpresa com essa operação”, garantiu o parlamentar do PTdoB.

Fonte: Helena Mader - Correio Braziliense.

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