
Questionado sobre sua presença na GFD Investimentos, em São Paulo,
Vaccari admitiu conhecer Youssef e que foi ao local para encontrá-lo.
Disse que foi embora ao saber que o doleiro não estava. O petista
afirmou "não ter relacionamento" com o doleiro, mas não explicou a razão
pela qual foi procurá-lo.
O relatório de investigação da PF reproduz o registro de entrada e
saída de Vaccari na sede da GFD na manhã do dia 11 de fevereiro deste
ano. A Lava Jato foi deflagrada em 17 de março, quando cinco doleiros
foram presos, entre eles Youssef.
"Conheço o sr. Alberto Youssef, mas não tenho nenhum relacionamento com
ele. Na data citada estive no local, mas fui informado de que ele não
se encontrava", disse Vaccari à Folha, que não detalhou o motivo da
visita, mesmo após novo questionamento da reportagem. A PF diz que irá
apurar o motivo da visita.

Vaccari passou pelas catracas do prédio como visitante às 10h27 e saiu
quatro minutos depois, conforme tabela reproduzida pela PF no inquérito
da Lava Jato. Ao deixar registrado seu RG na recepção, informou que
visitaria a empresa de Youssef.
Homem de confiança do ex-presidente Lula e ligado ao ministro Ricardo
Berzoini (Relações Institucionais), Vaccari é responsável pelas contas
do PT desde 2010. Conhecido por ser discreto, Vaccari é acusado pelo
Ministério Público de participar de desvio de dinheiro na Bancoop
(Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), em 2002. O
petista diz que é perseguido por promotores.
Com sede no segundo andar de um prédio no bairro Itaim Bibi, a GFD
Investimentos não tinha "atividades comerciais de fato", segundo
depoimento da contadora Meire Poza, que prestava serviços à empresa e
revelou à PF detalhes do esquema comandado por Youssef.
"A GFD recebia recursos de construtoras em contrapartida à emissão de
notas fiscais, sem a respectiva prestação de serviços", disse Poza à PF.
Ela falará nesta quarta (13) ao Conselho de Ética da Câmara, que apura
ligações entre Youssef e o deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA).
Ela contou que foi para a GFD a convite de Enivaldo Quadrado, que se
apresentava como diretor financeiro da empresa. Ele foi condenado no
julgamento do mensalão por ter usado sua corretora para abastecer o
esquema de compra de apoio parlamentar do primeiro governo Lula.
Quadrado trabalhava na sede da GFD até a PF desvendar o esquema de
Youssef. Em seu relatório, a PF afirma também que Quadrado citou o nome
de Vaccari num email de fevereiro de 2012 que tratava do Petros, fundo
de previdência da Petrobras.
Em razão dessa mensagem, a PF suspeita que o petista possa ter
intermediado negócios entre o Petros e empresas de Youssef, como mostrou
a Folha na última terça. Nesta terça (12), Vaccari reafirmou que não
conhece e nunca esteve com Quadrado. "Também não fiz qualquer tipo de
intermediação entre a GFD e o Fundo Petros", disse por meio da
assessoria do PT.
Fonte: Por Fernanda Odilla e Bruno Boghossian do Painel em Brasília - Portal UOL.
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