Paulo Roberto Costa pode ter interferido para Ecoglobal faturar R$ 443 milhões.
A Petrobras cancelou um contrato de mais de 443 milhões de reais com a
Ecoglobal, empresa investigada por ligação com Alberto Youssef e com
Paulo Roberto Costa na operação Lava-Jato. O doleiro e o ex-diretor da
Petrobras acertaram a compra da fornecedora por cerca de 18 milhões de
reais. Segundo a polícia, há indícios de que Costa tenha usado de sua
influência na estatal para que a empresa firmasse a negociação.
A rescisão do contrato foi comunicada à 13ª Vara Federal do Paraná no
dia 13 de junho pela Petrobras. Em ofício assinado por Virmondes Alves
Pereira, gerente-geral de construção e manutenção de poços, a estatal
alegou que a Ecoglobal faltou com "deveres de clareza, transparência e
colaboração com a Petrobras no que tange à sua composição societária".
Pereira teve de prestar depoimento a policiais federais para explicar as
circunstâncias da contratação.
A investigação deste caso também motivou uma inédita apreensão de documentos no gabinete da presidência da Petrobras. A
Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira Paulo Roberto
Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras (MARCOS
ARCOVERDE/ESTADÃO CONTEÚDO).
No ofício entregue à Justiça, a estatal alegou ainda que a Ecoglobal
criou a "legítima presunção" de que não conseguirá "concluir o objeto do
contrato". A Petrobras alegou que isso causou "transtornos operacionais
e consequentes potenciais prejuízos de ordem financeira". O contrato de
443 milhões de reais chamou atenção no mercado, porque teria sido
firmado para a realização de testes de poços de petróleo, uma atividade
nova para a empresa. A firma de Macaé, no Norte Fluminense, desbancou
concorrentes como a multinacional Schlumberger.
Até a negociação ser fechada, a Ecoglobal já tinha obtido pelo menos
28,6 milhões de reais em serviços prestados para a Petrobras, de agosto
de 2009 a abril de 2013. O primeiro contrato, que aparece no site de
transparência da estatal, foi fechado em 19 de agosto de 2009. Depois de
quatro aditivos, o serviço alcançou 18,2 milhões de reais. Em e-mails
enviados com cópia para Paulo Roberto Costa, intermediários de Youssef
mencionaram que havia a possibilidade de conseguir um aditivo de até 15%
neste contrato de 443 milhões de reais - provavelmente graças à
interferência do ex-diretor.
Fonte: Daniel Haidar, do Rio de Janeiro - Revista VEJA.
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