Candidato do PSDB evitou fazer críticas ao adversário Eduardo Campos (PSB)
Em sua primeira visita a Pernambuco como candidato oficial do PSDB à
sucessão presidencial, o senador Aécio Neves prometeu reduzir pela
metade o número de ministérios no primeiro dia de sua gestão, caso vença
as eleições, e criar uma secretaria extraordinária para simplificação
do sistema tributário. Em entrevista de quase uma hora no programa
Supermanhã, na Rádio Jornal do Commercio, ele evitou criticar Eduardo
Campos (PSB), ex-governador do estado.
— No dia seguinte (da posse como presidente), o Brasil terá metade dos
atuais ministérios. E terá criado uma única secretaria extraordinária
para simplificação do sistema tributário. Vamos iniciar um processo para
que em poucos meses possamos simplificar o mais complexo e emaranhado
sistema tributário do planeta. Hoje as empresas, no seu conjunto, gastam
mais R$ 40 bilhões anualmente só para pagar impostos. Aécio Neves concede entrevista à rádio em Pernambuco - Hans von Manteuffel.
Aécio prometeu ainda propor uma reforma política logo no início do
governo, com a mudança para um mandato único e de cinco anos para
Presidência. Ele disse ainda que vai estabelecer parcerias com o
empresariado em todos os setores da economia – inclusive da segurança,
como a construção e manutenção de presídios –, assim como “acabar com o
cemitério de obras públicas” do país. O tucano disse ta,né, que dará
atenção especial para o Nordeste, região de maior popularidade do seu
adversário na sucessão presidencial, Eduardo Campos.
— Vamos apresentar, nos primeiros dias, um conjunto de propostas para
reforma política. Logo no início, porque esse é o momento em que o
governante tem o seu capital político intacto, tem credibilidade, apoio
da sociedade brasileira para tomar as medidas necessárias. Vamos
construir um novo modelo de gestão no país. Vamos focar a questão
tributária no primeiro instante e a reforma política.
Aécio prometeu ainda cumprir o acordo do PSDB de apoiar o candidato do
PSB à sucessão estadual em Pernambuco, e lembrou que, ao assumir o
governo de Pernambuco, Campos se inspirou em muitos dos modelos adotados
em Minas Gerais, durante suas duas gestões.
Para Aécio, há três pontos principais da reforma política, que são
necessários para resgatar a capacidade de negociação no Congresso
Nacional.
- Hoje são 22 partidos. As negociações não são nem mais partidárias,
mas individuais com grupos de poder, que representam interesses
específicos. Aí a coisa não funciona. O governo tem maioria
paquidérmica, com 80 % do congresso, mas não se vota nada absolutamente
relevante. Defendo redesenho da cláusula de desempenho, para que
partidos para terem acesso a fundo partidário e tempo de TV tenham que
ter correspondência na sociedade, com patamar mínimo de votos em nove
estados, para ter caráter nacional. Se estabelecêssemos 2,5 % dos votos,
já cairíamos para sete ou oito partidos. Precisamos construir novo
modelo de gestão, mas vamos focar no primeiro instante na questão
tributária e política.
Durante a entrevista, ele disse que se entende muito bem com o
ex-governador Eduardo Campos, e que os dois têm como convergência
principal o desejo de encerrar o ciclo de governo do PT.
SENADOR CRITICA APARELHAMENTO DE ESTATAIS
Em Recife, Aécio se reuniu por meia hora no Palácio do Campo das
Princesas com o governador João Lyra Neto (PSB). Após o encontro, o
senador subiu o tom e acusou o PT de fazer governo de “compadrios
políticos" e de aparelhar as empresas públicas de "forma criminosa". Ele
classificou ainda a gestão petista de “alinhamento ideológico arcaico e
atrasado”. Para o tucano, esse alinhamento é que levou o Brasil ao pior
crescimento da região.
- Nada mais atrasado do que a forma de governar, de se apropriar do
estado brasileiro, como se fosse seu patrimônio. Nós temos uma visão
mais generosa de país. A eficiência do governo é premissa para você
atender a todos os brasileiros. Não há nada mais reverso do que a
tentativa do PT de dividir o Brasil entre nós e eles. O nós são aqueles
que bajulam o governo, que têm cargos públicos do governo, que dizem
amém a todas as vontades da Presidência da República. Os eles são os que
criticam o governo, que apontam descalabros, atos de corrupção,
incapacidade geracional. O PSDB quer fazer governo para todos os
brasileiros.
Fonte: Letícia Lins - O Globo.
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