A disputa pelo Palácio do Buriti passa necessariamente pela formação da
chapa majoritária. Mais especificamente a vaga ao Senado. Com apenas
uma cadeira em disputa, fica mais estreito abrigar aliados estratégicos.
Serão cinco postos a ser preenchidos para contemplar em aliança
partidária: governador, vice-governador, senador, primeiro e segundo
suplentes de senador. Nas eleições de 2010 essas vagas eram oito. Tinha
espaço para todo mundo.
Na chapa governista o PT referendou o nome de Agnelo Queiroz (PT) à
reeleição. O vice continuará sendo o presidente regional do PMDB, Tadeu
Filippelli. Até ai tudo bem. O problema é quando se desenha a vaga ao
Senado.
O PT não abre mão. O deputado federal licenciado e secretário de
Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano (Sedhab), Geraldo
Magela, e o deputado distrital e presidente da Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa, Chico Leite, são os nomes postos.
O PT referenda o governador ao mesmo tempo que o enquadra impondo o
nome ao Senado. Ou tenta enquadrar. Outros partidos que compõe a base
aliada gritam. Acham injusto e querem que a aliança seja ampla e
contemplando a base.
As legendas alinhadas aos evangélicos mandaram recado ao comando de
campanha de Agnelo. Querem a vaga. Ameaçam, nos bastidores, se rebelarem
caso não sejam atendidos. Outros partidos seguem a mesma linha.
A cadeira em disputa é ao do ex-senador e ex-governador Joaquim Roriz
(PRTB). Ele teve que renunciar ao cargo ainda no primeiro ano de
mandato, em 2007, devido a denúncias da Operação Aquarela. O suplente
Gim Argello (PTB) assumiu o cargo.
Gim se mostrou um craque na política. Foi aliado de primeira hora da
presidente Dilma Rousseff (PT) e dos senadores José Sarney (PMDB/AP) e
Renan Calheiros (PMDB/AL). Conquistou influência. Conseguiu o que quis
no governo federal. Indicou cargos cobiçados e trouxe recursos
importantes ao Distrito Federal. Mas esqueceu de fazer política junto ao
eleitor. Agora corre atrás do tempo perdido.
Gim Argello quer mais oito anos no Senado. O PT não quer. O plano B é
cavar uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), na cadeira do
também brasiliense Valmir Campelo, que vai se aposentar esse ano. Assim,
Agnelo poderia manter o PTB na sua base.
Outra alternativa é Gim ir para oposição ao PT local. O caminho mais
comentado é formar uma chapa tendo como possível candidato ao Buriti o
ex-governador José Roberto Arruda (PR) e a deputada distrital Liliane
Roriz (PRTB) de vice.
O PT sonha em fazer um senador por Brasília. Já Agnelo não abandona o
sonho de ter o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT) na sua chapa.
Reguffe agregaria voto e uma bandeira mais ética ao PT.
Mas o PT não confia em Reguffe. E nem Reguffe quer formar uma chapa com
PT. Já deixou isso claro por diversas vezes. Se mudar de opinião vai
ficar com uma imagem muito ruim junto a sociedade brasiliense. E o PT
sabe que uma vez eleito, iria fazer oposição em caso de reeleição da
presidente Dilma.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) é candidato contra Agnelo Queiroz.
Até o momento é candidato de si mesmo. Não conseguiu anunciar nenhuma
aliança que possa causar impacto. Reguffe também é seu sonho de consumo.
Daria um 'up grade' na campanha do socialista.
Reguffe reluta. Apresenta as pesquisas de opinião. Quando seu nome é
colocado na disputa ao GDF fica na frente de Agnelo e Rodrigo. Ele
questiona o porquê ser candidato ao Senado se está na frente na corrida
ao Buriti. Só perde quando enfrenta Arruda.
O problema é que assim como Rodrigo, Reguffe também seria candidato de
si próprio. Sem aliança forte e apoio político. Tem apenas o senador
Cristovam Buarque (PDT) ao seu lado. Separados, Rodrigo e Reguffe
poderiam não ter fôlego suficiente até o final da disputa.
Eliana Pedrosa (PPS) está com o bloco na rua. Hábil, costura apoios e
pode atrair o Solidariedade, o PSDB e o DEM. Os tucanos tem hoje três
candidatos ao Buriti. Os deputados federais Izalci Lucas e Luiz Pitiman,
além do ex-secretário de Obras do governo Arruda, Márcio Machado. Daí
poderia sair o candidato ao Senado, se a aliança Eliana & PSDB for
fechada. Ou ainda dar guarida ao grupo evangélico ampliando apoio.
Muitos partidos ainda estão soltos. Devem vender caro o passe e o tempo
de TV no apoio a uma das chapas. Quem tiver melhor cacife e perspectiva
de poder leva uma coligação mais robusta.
Resumo: o PT impõe um senador do partido, mas isso o fará perder apoio;
Agnelo precisa de alguém que fortaleça sua campanha; Rodrigo e Reguffe
separados serão presas fáceis; Gim não pretende deixar barato a cadeira
no Senado; Eliana está solta para compor sua chapa; e todos apostam que
Arruda ficará fora da disputa.
Fonte: Ricardo Callado.
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