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domingo, 19 de janeiro de 2014

Brasília para o futuro. Mas que Futuro? Sem educação não haverá futuro

Em Brasília, muitos criticam o fato de que temos um senador da República monotemático, ele é acusado de só falar e pensar em educação de base, Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque. Pena que é só um, pois quem quer pensar no futuro de Brasília para os próximos 20, 50 anos precisa antes de tudo, pensar e agir em prol da educação de nossas crianças. 

 
O governador Agnelo Queiroz (PT/DF), todas as vezes que é confrontado com os custos, e com a necessidade de ter se construído o Estádio Nacional de Brasília com capacidade para mais de 70.000 lugares, defende a "majestosa, esplêndida, monumental e faraônica” obra, repetindo a mesma frase, como se fosse um mantra, "que é preciso pensar Brasília para o futuro, para os próximos 20, 50 anos." Concordo com o governador.

De fato, é preciso pensarmos Brasília para o futuro, mas isso não significa, necessariamente, que o estádio fosse essencial, do jeito que se construiu. Pensemos, então, no que é mais essencial para a população brasiliense e que poderia ter sido feito com a dinheirama despejada na “arena multiuso”.

Nos últimos dias, uma triste realidade nos é apresentada. Estarrecida, a população da capital da República assiste a Secretaria de Educação do Distrito Federal confessar, a diversos veículos de comunicação, que faltam mais de 6000 vagas em escolas para crianças entre 04 e 06 anos de idade. As filas, enormes, em frente das escolas são uma dura realidade vivida pelos pais e mães, na busca de propiciarem aos seus filhos um futuro melhor, esses pais se humilham, apelam e como resposta o que recebem? Nada. Um contraste para uma cidade sede da Copa do Mundo.

Uma realidade se dá porque nossos dirigentes não pensaram em Brasília para o futuro.

Vou tomar como exemplo a pior situação que é a do Paranoá. E pergunto?

Será que os senhores secretários Marcelo Aguiar da Educação, Rafael Barbosa da Saúde, Daniel Seidel de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda e Sandro Avelar da Segurança Pública, sabem que a aproximadamente 300 metros do hospital, a 200 metros de uma escola pública infantil, a 60 metros do prédio do Ministério Público, a 40 metros do Fórum, a 10 metros do prédio da Defensoria Pública, a 4 metros do Restaurante Comunitário e a 2 passos da Administração do Paranoá existe uma “cracolândia”? E com uma bela vista para o Lago Paranoá? E será que isso lhes interessa?

Naquela cidade, pobre e sofrida, faltam aproximadamente 1000 vagas para as crianças. Hoje o Paranoá é uma região dominada pelo abuso de álcool e das drogas. E o futuro? Que futuro terão as crianças que lá residem?

Lá abandonado pelo Estado, um lote público, (fotos) que era destinado a uma feira, mas que está desocupado, serve de pouso para marginais. Lá, e vizinho de todos os prédios que já citei, enquanto o estado se esquiva de ver a realidade, os traficantes e marginais formam a geração do futuro. Se houvesse um pouco de boa vontade e da ação do Estado, ainda que com obras e serviços de reformas superfaturados, não seria algo tão absurdo, pelo menos 100 crianças poderiam estudar.

Isso é pensar no futuro de Brasília.

É bom relembrar que nas regiões do Paranoá e da próxima Itapoã, diversos administradores pensaram, trabalharam e contaram com vultosas verbas para realização de shows. O dinheiro destinado a esses eventos já deu o que falar. Sempre é um gasto suspeito, cercado de denuncias e investigações. Em todos os shows, o abuso de álcool, o uso de drogas e a prostituição infantil estão presentes. Sempre ao final desses eventos, aumentam os casos de violência doméstica, furtos, roubos e até mortes. Se tais recursos tivessem sido direcionados à educação, à construção de creches, estaríamos investindo na possibilidade de que a meninada, esses quase 1000 que ficarão fora das salas de aulas, pudessem ter a esperança de um futuro mais digno.

Mas não se pensou no futuro de Brasília, pensou-se nos dividendos eleitorais de um show. Ou quem sabe nos bolsos dos autores das emendas parlamentares que destinaram os recursos para os eventos naquelas cidades. A confirmação só virá quando forem concluídas as investigações da Policia Civil, do Ministério Publico do Distrito Federal e as auditorias da Secretaria da Transparência.

Muitas crianças que estarão deixando de receber estímulos positivos, no sistema educacional do Distrito Federal no ano de 2014, infelizmente, serão seduzidas pelas ruas. Enquanto isso uma criança de 03 anos, com recursos financeiros, já frequenta a escola e se prepara para a alfabetização.

Os pobres, estão nas ruas, e nelas continuarão? Ou devem ser trancados em suas casas, a espera do estímulo adequado?

No Paranoá, no Itapoã e nas demais cidades onde o Estado se esconde do cidadão pai de família,  muitas crianças estão crescendo no contexto da violência doméstica, do abuso sexual, do abuso de drogas, do álcool e da prostituição. A única esperança para que muitos deles deixem o círculo vicioso em que se encontram é a educação.

Mas o senhor governador do Distrito Federal e seus apoiadores, dirão que a lei diz que o prazo para oferta de vagas que beneficie todos os alunos é 2016.

É triste a constatação. Ao vermos que mais de 6000 crianças estarão fora da escola em 2014. São crianças de 04 a 06 anos. Para elas as portas das escolas quando são fechadas, certamente representa a abertura das portas da criminalidade.

A triste realidade nos leva a uma conclusão.

Brasília mais uma vez se vê órfã de lideres, daqueles que se grafa e fala o nome com orgulho, que pensam no presente e no futuro, que não vivem exclusivamente envoltos com o processo eleitoral e que traçam estratégias de desenvolvimento e crescimento para a nossa cidade.

Precisamos de gestores sensíveis e que não deixem essa infância se perder. O dinheiro que se deixa de investir em educação hoje, será gasto no futuro, com presídios.

Basta, levantem-se das suas cadeiras, criem urgentemente soluções.

Pensem no futuro desses pequenos, eles são o futuro de Brasília.

Os benefícios da copa vão se esvair com o tempo, os frutos da educação perdurarão por gerações.
 
 
 
 
 
 
Fonte: Edson Sombra.

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