
Alguns pontos precisam ser esclarecidos à sociedade para que não haja
dúvidas do porquê de estarmos engajados nessa luta desigual por
melhorias salariais, e para que também saiba que não estamos contra ela,
como deu a entender a entrevista.
1º) Lei 12.086 de 2009 (Governo Arruda): Em novembro
de 2009 o Congresso Nacional aprovou e o Presidente Lula sancionou a Lei
12.086 que estabelecia critérios e condições aos militares do DF para
acesso à hierarquia das Corporações, mediante promoções, de forma
seletiva, gradual e sucessiva. Essa Lei foi um esforço exclusivo do
governador, à época, José Roberto Arruda junto com as categorias e
parlamentares Distritais e Federais. A previsão de efetivo com essa Lei
seria então de 18.673 (dezoito mil e seiscentos e setenta e três)
policiais militares. Passados 5 anos de sua promulgação, e com a
assunção do governo pelo atual governador Agnelo Queiroz, esse efetivo
não foi aumentado como previa a Lei. Pelo contrário, hoje está em torno
de 13.091 Praças (Atualizada em 20-DEZ-2013) e 1.219 Oficiais (Atualizada
em 25-NOV-2013) totalizando 14.310 policiais militares na ativa. Era para
ter sido criado 4 mil vagas anuais, conforme promessa de campanha do
governador e de lá para cá somente um concurso foi aberto no seu governo
com 964 vagas e que estão em fase de provas ainda, inclusive com ações
judiciais pendentes, com conclusão final prevista somente para 2014;
2º) Promessas de campanha: O senhor Agnelo Queiroz, então
candidato ao governo do Distrito Federal pela coligação “NOVO CAMINHO”,
em 2010 reuniu policiais e bombeiros militares no Auditório do Teatro
dos Bancários e lá se comprometeu a cumprir 13 Promessas que
beneficiariam as categorias em troca de apoio político e eleitoral.
Vencido o pleito e passado 03 (três) anos de governo as promessas foram
esquecidas. Nem mesmo os seus aliados da época, Wasny de Roure, Rodrigo
Rollemberg, Patrício, Cristovam Buarque e o Vice governador Tadeu
Filippelli se manifestam sobre a causa, e todos estavam naquela mesa e
hoje fingem-se de mortos. Mas quem promete pode até esquecer, mas a quem
foi prometido jamais esquecerão (vídeo abaixo);
3º) A Polícia já recebeu aumento: No dia 21 de Março
desse ano a Câmara Federal aprovou o PL 4921/2012 que aumentava os
valores de soldos, subsídios, gratificações e vantagens pecuniárias de
policiais civis e militares, bombeiros e delegados de polícia do
Distrito Federal, num percentual de 15,8% dividido em 03 (três) anos
após mais de 5 anos sem reajuste salarial. Cabe ressaltar que essa foi
uma iniciativa do executivo local onde as categorias não tiveram
participação direta e foram totalmente contrários, não havendo nenhum
espaço para negociação. Nem mesmo as emendas propostas ainda antes da
aprovação do Projeto foram aceitas. O mesmo foi aprovado à contragosto
das categorias e sequer repunham as perdas salariais acumuladas pela
inflação no período, cabendo em média um valor de R$ 150,00 a R$ 180,00
reais anuais aos policiais nos próximos 3 anos;
4º) Polícia mais bem paga do Brasil: A assessoria do nosso
governador está realmente mal de informações. Até o governo Arruda
(2009/10) realmente éramos a polícia melhor remunerada. No entanto,
desde a assunção do governo Agnelo Queiroz que não tivemos mais nenhum
reajuste salarial que nos levasse a esse patamar de “mais bem paga do
Brasil”, a não ser esses 15,8% divididos em 03 (três) anos que sequer
irá repor a inflação acumulada nos últimos 5 anos. Os únicos “reajustes”
a qual ele alega ter fornecido às categorias foi um aumento (imposto)
de R$ 200,00 (duzentos reais) na Etapa de Alimentação e de R$ 100,00
(cem reais) no valor do Serviço Voluntário Gratificado (SVG), que não
pode ser considerado, pois ambos não são integrados ao salário dos
policiais quando vão para a reserva remunerada e os que já estão nessa
condição. Hoje a Polícia Militar do DF ocupa a 2ª posição entre as cinco
melhores remuneradas do país e a 13ª em proporção ao Custo de Vida. Se
levarmos em consideração as conquistas que estão sendo adquiridas por
outras corporações pelo país afora, logo estaremos muito abaixo no
ranking nacional, pois em Brasília já temos o pior salário da área de
Segurança Pública;
5º) Mais de 16 mil promoções: Promoção é ato administrativo e
tem como finalidade básica a ascensão seletiva aos postos e graduações
superiores, com base nos interstícios de cada grau hierárquico.
Portanto, toda empresa, e a PMDF não deixa de ser uma empresa, têm por
obrigação promover seus funcionários como forma de reconhecimento e
incentivo. Não pode o governador vir a público e tentar passar à
sociedade que fez isso por questões meramente emocionais. Fez porque é
obrigação institucional. Agora vejamos a incoerência em suas
declarações: Ele diz que promoveu mais de 16 mil policiais. Ora, como
pode ter promovido essa quantidade se à época (2009) já havia um número
defasado de policiais compondo os quadros da Polícia Militar (pouco mais
de 14 mil)? A não ser que ele esteja usando o argumento de ter
promovido vários policiais nesse período mais de uma vez, como foi o
caso. Mais, ele não cumpriu com sua obrigação de fazer a Lei prevalecer
(o efetivo já estava defasado) e abrir concurso anual para o ingresso de
1 mil policiais durante o seu governo, conforme suas próprias palavras
em campanha. Portanto, jogou para a plateia e expôs a corporação e seus
integrantes. Nada digno para um Governador de Estado e Comandante em
Chefe de uma Polícia Militar bicentenária.
Conclusão:
A entrevista do Excelentíssimo senhor Governador do DF caiu como uma
bomba no seio das casernas. Na avaliação dos policiais e bombeiros o
governador foi, no mínimo, insensato. Para uma polícia que já foi a mais
bem paga do país, não por méritos de governos, mas sim pela sua
eficiência e integridade, a posição de pior remunerada na área de
segurança pública traz uma frustração incalculável, aliada a uma
desmotivação jamais vista desde sua instituição na capital federal.
Na opinião das praças e oficiais militares ouvidos, o ato foi um
desrespeito à instituição e seus integrantes, mesmo sem a manifestação
oficial do comando da corporação, que é cargo de natureza especial
nomeado pelo próprio governador.
Tentar jogar a população do Distrito Federal contra os policiais também
não foi uma boa saída para um governo que consta no seu curriculum com
um sistema de saúde deficitário com falta de medicamentos, materiais
médicos e suspensão de cirurgias simples, está envolvido em suspeitas de
superfaturamento na licitação do sistema de transportes públicos e que
não consegue resolver os problemas caóticos pelo seu setor de obras
públicas, principalmente nos períodos chuvosos.
Talvez essas sejam algumas das razões pela qual hoje ele figura como o
vice campeão em desaprovação pela população do Distrito Federal, não
condizendo com a nota 8 que se auto avaliou.
E a depender da opinião de policiais e bombeiros ouvidos, com certeza sua nota seria ZERO, sem direito à recuperação.
FONTES:
https://intranet.pmdf.df.gov.br/almanaque/dpadOficiais/RelacaoOficiais.pdf (Efetivo Oficiais)
https://intranet.pmdf.df.gov.br/almanaque/dpadPracas/Rela%C3%A7%C3%A3o%20de%20Pra%C3%A7as.pdf (Efetivo Praças)
http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/819987/lei-12086-09 (Lei 12.086/2009)
http://download.universa.org.br/upload/94/20130128143340800.pdf (Edital de concurso)
http://www.youtube.com/watch?v=0VQRxJJH4wE (Vídeo das promessas)
http://abordagempolicial.com/2013/11/qual-o-salario-dos-soldados-das-policias-militares-brasileiras/#.UrXlA_RDuO4 (Salário no Brasil das PMs)
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/mp-aponta-superfaturamento-em-contrato-de-r-10-bi-da-gestao-agnelo (Suspeita de superfaturamento)
Fonte: Blog do Ten Poliglota.
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