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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Caso Rodrigo: Pátria mãe cruel 'E a preocupação é Genoíno, me poupem!!!"

Já escrevemos aqui sobre o Rodrigo, um bebê que nasceu no dia 03 de novembro de 2013, com síndrome de Down e com seríssimas complicações cardíacas. Ele nasceu no Hospital Regional da Asa Norte – HRAN. Depois de uma luta gigantesca, ele foi transferido para o Instituto do Coração do Distrito Federal. A transferência apenas foi viabilizada depois de vários veículos de comunicação terem noticiado o caso. Quando a história do Rodrigo se tornou pública, o Secretário de Saúde do Distrito Federal, Rafael Barbosa, foi a um programa de televisão da Rede Globo e prometeu que resolveria o caso. No dia seguinte houve a transferência para uma UTI com suporte cardiológico. É uma vergonha, porque somente após o caso se tornar público é que as autoridades resolveram levantar os traseiros de suas confortáveis cadeiras e agir.

Rodrigo nasceu em 03 de novembro de 2013 às 18 horas e 21 minutos. Os médicos perceberam os sinais físicos característicos da síndrome de Down e explicaram para a mãe de Rodrigo, Sheila, acerca da síndrome de Down. Ele apresentava dificuldade de sucção do leite materno, mas aceitou complemento alimentar em um copo. Os recém nascidos com síndrome de Down, por causa da hipotonia, costumam apresentar dificuldade para sugar o leite no seio materno.

No dia 05 de novembro, os profissionais do HRAN perceberam que Rodrigo ficava muito cansado ao mamar.

Foi marcado a realização de um ecocardiograma para o dia 06 de novembro, a ser realizado no INCOR/DF e parecer cardiológico para o dia 12 de novembro de 2013, porque no exame foi identificado “defeito do septo atrioventricular total tipo A de Rastelli balanceado”.

Ainda no dia 07 de novembro, uma das enfermeiras identificou a possibilidade de hipertensão pulmonar.

Os profissionais do HRAN – muito competentes – deram sequência a uma série de procedimentos e passaram a ministrar medicamentos fortes para preservar a vida do Rodrigo. Os médicos lutavam contra a doença e contra a falta de recursos.

No dia 08 de novembro Rodrigo deveria ter sido encaminhado à genética do HUB, mas, nas últimas 24 horas sofreu uma piora clínica significativa e não pôde ir.

Vale mencionar que a mãe do Rodrigo, a Sheila, testemunhava o drama do filho e que vivia um período de luto. Haviam só três meses que a sua mãe havia falecido.

Por quatro dias os médicos do HRAN fizeram de tudo para controlar os problemas cardíacos, até que no dia 12 de novembro de 2013, de posse do parecer da cardiologia, informaram que era preciso que ele se submetesse a uma cirurgia de urgência no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal.

Se a família de Rodrigo tivesse recursos financeiros ou plano de saúde, a avaliação cardiológica teria acontecido de forma mais rápida. A cirurgia seria realizada de forma imediata. Mas Rodrigo é pobre, filho de uma diarista e reside em Luziânia. Precisava de vaga em UTI neonatal com suporte cardiológico. A resposta dada pelo SUS é de que “não havia leito com o suporte necessário no momento”. Rodrigo era, no dia 12 de novembro, prioridade 2. Durante o transcurso do dia 12, a busca por vaga de UTI se deu de forma frenética.

No dia 13 de novembro de 2013 a busca persistiu. A dosagem das medicações era sistematicamente aumentada para mantê-lo em condições de ser submetido ao procedimento cirúrgico. O dia chegou ao fim, mas sem a presença de vaga. Se ele tivesse um plano de saúde já teria sido operado há uns 03 ou 04 dias.

Dia 14 de novembro...e o drama persistiu. No dia 15 de novembro, nada de vaga. O fígado começou a apresentar alterações, estava aumentado. A imunidade caindo, surgiu uma conjuntivite bacteriana. Ainda estava sem febre, tinha condições de ser operado, mas não haviam vagas. No início da noite a informação era a mesma, sem vagas em leito que atendam as necessidades da criança.

Dia 16 de novembro, por volta de meio-dia, e ainda sem leitos de UTI. Rodrigo lutava pela vida e era auxiliados pelos médicos, mas ele precisava de suportes mais adequados. Os médicos preocupados, conversavam com a mãe. Cuidavam do Rodrigo e da Sheila com um carinho que dignifica a profissão dos médicos. Mas o carinho e a dedicação dos médicos e demais profissionais do HRAN não era o suficiente. Enquanto Rodrigo lutava, o Brasil assistia a prisão dos “mensaleiros” e uma romaria de políticos em favor dos que foram condenados por terem achacado os cofres públicos, por terem lesado a pátria mãe gentil, gentil para os corruptos e cruel para os necessitados.

Dia 17 de novembro e a busca por leitos de UTI com suporte necessário à preservação da vida de Rodrigo persistia, sem, contudo, nenhum resultado positivo.

No dia 18 de novembro, a pobre Sheila, ainda não havia conseguido assimilar a real gravidade do estado de saúde do seu filho. Pessoa simples, honesta, mas sem muito estudo, não conseguia dimensionar a gravidade. A única coisa que conseguia fazer era se postar ao lado do filho e dedicar-lhe amor.

Dia 19 de novembro, a espera por vaga de UTI persistia. O Governador Agnelo Queiroz visitava um dos políticos presos na PAPUDA e se dizia preocupado com o estado de saúde do presidiário. Vários políticos, inclusive a Presidente da República, Dilma Roussef, se mostrava preocupada com a situação cardiológico do sujeito que foi preso acusado de uma plêiade de crimes contra a nossa pátria mãe gentil para os ricos e cruel para os pobres. Nenhuma autoridade estava (ou está) preocupada com o Rodrigo.

Ainda no dia 19 de novembro Rodrigo começou a ficar subfebril. Era o pior sinal possível, poderia estar desenvolvendo alguma espécie de infecção que iria impedir a cirurgia. Às 18 horas apresentou pico febril. A luta estava ficando mais difícil, as forças do pequeno Rodrigo estavam indo embora. O estado era grave, mas nada de vaga.

Dia 20 de novembro de 2013, ainda sem vaga, a febre, prenúncio de alguma infecção, se instalou. O sofrimento físico de Rodrigo começou a ficar evidente.

No dia 21 de novembro a febre foi controlada, mas a situação era cada vez pior. Com exceção dos profissionais do HRAN, ninguém demonstrava preocupação humanitária com Rodrigo.

O caso se tornou público, graças à mídia. O Secretário de Saúde disse que resolveria o problema no mesmo dia. Não resolveu, mas no dia seguinte Rodrigo foi transferido ao Instituto do Coração do Distrito Federal.

Não pode ser operado, porque a infecção encontra-se vigente. Os médicos do Instituto do Coração estão tentando de tudo, mas, por causa da demora em transferi-lo para o ambiente adequado, os danos foram muito graves.

Dia 29 de novembro de 2013, Rodrigo precisou de hemodiálise, por não conseguir urina. Segundo a mãe, ele está muito inchado. Ela, tem permanecido sentada ao lado dele na incubadora. Já  percebeu que a situação é difícil, mas não perde as esperanças. Pede orações, porque é a única coisa que podemos fazer.

Hoje, 30 de novembro, ele será batizado pelo Padre Lucas, da Paróquia São Pio de Pietrelcina. Será batizado na UTI.

A história é muito triste, pois conta a realidade de muitos Rodrigo’s que nascem Brasil à fora. Pessoas para quem a nossa pátria mãe não é nada gentil. Uma pátria que faz com que pensemos que existam dois tipos de seres humanos: os ricos e os pobres. Esperamos que o Rodrigo vença está batalha, que sobreviva. Rodrigo, independentemente do que acontecer, já deve suscitar em todos nós o sentimento do inconformismo, o desejo de que todos, independente de qualquer coisa, sejam tratados com dignidade.

Fonte: Blog Saber Melhor / Blog do Edson Sombra.

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