Anotações foram encontradas em um dos carros de luxo de Fayed
A agenda pessoal de Fayed Antoine Traboulsi é a chave para a Polícia
Federal e o Ministério Público abrirem novas frentes na investigação que
resultou na Operação Miquéias. As anotações apreendidas em março deste
ano, num dos carros de luxo do doleiro, contêm informações que sugerem o
repasse de dinheiro sujo a políticos e empresários de todo o país. O
caderno cita, por exemplo, o nome do deputado federal Eduardo Gomes
(PSDB/TO), atualmente licenciado, como suposto beneficiado do esquema
administrado por Fayed.
Os investigadores se debruçam sobre as anotações de Fayed a fim de
desvendar outras ramificações de uma organização criminosa influente em
todas as esferas de poder. A agenda foi apreendida dentro de uma
mochila, no banco traseiro de uma BMW, durante a Operação Infiltrados,
que apurou a interferência de Fayed em ações da Polícia Civil. Na
ocasião, a ação do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (Ncoc),
do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), prendeu os delegados
Paulo César Barongeno e Sandra Maria Silveira. Eles são acusados de
tentar mudar os rumos de uma investigação de lavagem de dinheiro, cujo
alvo era Fayed.
Além de Eduardo Gomes, o deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA) foi
flagrado conversando, por telefone, com Fayed. O suposto envolvimento
dos políticos levou a Justiça Federal a determinar o envio do processo
para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para a Procuradoria-Geral da
República. Todos os grampos telefônicos da PF foram feitos com
autorização judicial.
Na decisão de encaminhar o inquérito ao STF, o desembargador Cândido
Ribeiro citou a agenda como uma prova importante na apuração do suposto
esquema. “A existência de lançamento de valores registrados na agenda
pessoal daquele investigado aponta para o possível envolvimento desses
parlamentares federais com objetivos na organização investigada”,
destacou o magistrado, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
Prefeituras envolvidas
No último dia 19, Fayed, os dois delegados e o policial civil
aposentado Marcelo Toledo foram detidos durante a Operação Elementar do
Ncoc e da Polícia Federal — deflagrada no mesmo dia da Operação
Miquéias. Outras 18 pessoas foram presas acusadas de participação em
suspostos desvios de recursos públicos de prefeituras municipais para
fundos previdenciários criados e a empresas de fachada.
Fonte: Correio Braziliense - Por Saulo Araújo
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