Os policiais também pedem mais investimento na capacitação dos servidores e nos recursos materiais da entidade
O elefante branco inflável representa o atraso da reestruturação que a PF pede para o governo |
Policiais federais de todo o país participam nesta terça-feira (16/7)
da Marcha pela Reforma da Polícia Federal. A finalidade da categoria é
reivindicar alterações na estrutura da PF e modernização da investigação
criminal. Os policiais também pedem mais investimento na capacitação
dos servidores e nos recursos materiais da entidade. O grupo carrega
durante a marcha um elefante branco inflável que representa o atraso da
reestruturação que a PF pede para o governo.
Cerca de 300 policiais - entre agentes, escrivães e papiloscopistas -
se concentraram em frente à sede do Departamento de Polícia Federal
(DPF), em Brasília, e seguem até o Congresso Nacional, onde será lançada
oficialmente a Frente Parlamentar em Apoio pela Reestruturação da
Polícia Federal. O presidente da Federação Nacional dos Policiais
Federais (Fenapef) disse que a categoria está dialogando com o governo.
"O governo não fechou as portas, mas não avança nas conversas".
O presidente do sindicato dos policiais federais no DF, Flávio Werneck,
disse que a reivindicação específica desta terça-feira (16) é pela
reestruturação da carreira. "A PF não é só judiciária, ela é de portos,
aeroportos e fronteiras, por isso é preciso que haja modernização".
"Esperamos reunir perto de 2 mil profissionais para o ato", disse o
vice-presidente da Fenapef, Luis Araújo Boudens. A frente parlamentar,
formada por oito parlamentares e coordenada pelo deputado federal
Otoniel Lima (PRB-SP), tem como objetivo discutir a atual situação da
Polícia Federal e promover mudanças na estrutura orgânica e de carreira,
além de melhorias nas condições de trabalho dos servidores e aumento da
qualidade das investigações.
“A ideia da frente parlamentar surgiu depois da minha visita à Ponte da
Amizade. Percebi que a situação do prédio e dos agentes era precária.
Por isso nós vamos atuar na parte de estrutura e capacitação dos
servidores. Depois de instalada a frente, pretendemos fazer caravanas
nos 27 estados para apurar as condições de trabalho da Polícia Federal”,
disse Otoniel Lima. Segundo o deputado, a intenção da frente também é
aglutinar os policiais civis e militares no debate sobre segurança
pública. A frente também deve propor um projeto de combate à corrupção.
"Queremos fazer um grande movimento para discutir a segurança pública,
disse.
Os policiais também querem promover a reestruturação dos cargos da PF. A
Fenapef defende uma mudança que permita aos policiais, agentes,
papiloscopistas e administrativos chegarem aos postos de comando,
atualmente restritos aos delegados. O vice-presidente da Fenapef avalia
que a estrutura atual faz com que profissionais experientes não
ascendam. “Temos um projeto maior de unificação de todos os cargos e a
pessoas vai se especializando. A partir daí ela poderá ascender para as
funções de liderança. Do jeito que está hoje, depois da academia, a
pessoa vai para o local de comando sem a devida experiência."
Segundo Werneck, hoje a PF é amparada por uma lei de regime militar. "A
categoria quer pessoal especializado. Todos os chefes são delegados,
que por sua vez são advogados. Em caso de crime cibernético, por
exemplo, é necessário alguém especializado em informática para chefiar a
equipe", afirmou. Werneck ainda afirmou que a reestruturação da
carreira custaria R$ 500 milhões de reais aos cofres públicos e que o
governo alega que não tem dinheiro para fazer a mudança proposta.
Os policiais também vão pedir mudanças nos procedimentos de
investigação. "Hoje você não tem a figura do investigador na cena do
crime. Se, por exemplo, ocorre um homicídio, a Polícia Militar chega ao
local e aciona um perito que vai encaminhar os dados para o delegado que
vai decidir os procedimentos de investigação. É muita burocracia.
Defendemos que os policiais tenham mais autonomia na parte inicial de
apuração do crime", observou Luis Araújo Boudens.
Levantamento feito pela Fenapef mostra que menos de 10% dos inquéritos
instaurados para apurar este tipo de crime chegam a algum resultado.
Outro ponto defendido é o fim do inquérito policial, tido como um modelo
arcaico de apuração. "Quando você fala em extinção do inquérito
policial como é hoje, a figura do delegado fica meio perdida. Queremos
que o modelo [brasileiro] seja como em vários países, inclusive da
América Latina, onde as investigações são designadas para os
investigadores que respondem a um único chefe."
Fonte: CorreioWeb - Por Vera Batista
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