Cedidos
aos gabinetes dos deputados distritais, 15 agentes da Polícia Civil
retornaram ao cargo de origem para não ficarem sem vencimento, conforme
orientação da Controladoria-Geral da União
"Então, a União estaria assumindo
dívidas que são da Câmara Legislativa. Estou apenas fazendo a minha
parte, já que fui cobrado pela CGU para tomar essa atitude. A posição da
controladoria é no sentido de o governo federal não ficar com o
prejuízo" Jorge Xavier, diretor-geral da Polícia Civil do DF
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Quinze policiais civis que estavam à disposição da Câmara Legislativa
do Distrito Federal (CLDF) voltaram para as funções de origem no início
da semana, requisitados pela Direção-Geral da Polícia Civil do DF
(PCDF). No total, foram um delegado, um perito e 13 agentes/escrivães. O
retorno foi motivado por um desentendimento entre o Legislativo, a PCDF
e a Controladoria-Geral da União (CGU) sobre a responsabilidade pelo
pagamento dos salários dos servidores cedidos. A Câmara entende que,
teoricamente, os funcionários não teriam custos para os seus cofres. A
CGU e a Polícia Civil defendem que o salário pago pelo Fundo
Constitucional do DF (FCDF) deveria ser restituído aos cofres da União
pelo Legislativo local. No DF, o FCDF banca os vencimentos da segurança
pública (policiais civis e militares e bombeiros). Diante da
indefinição, o passivo existente, desde 2005, relativo aos policiais
cedidos à Câmara, seria de aproximadamente R$ 20 milhões, segundo
cálculos da Polícia Civil.
A CGU, reiteradas vezes, advertiu a direção da Polícia Civil sobre a
situação irregular dos servidores cedidos aos gabinetes dos deputados
distritais. A cobrança chegava diretamente para o diretor-geral, Jorge
Xavier. Apesar de estar no comando do órgão, Xavier não tinha como
reverter a situação, pois as portarias de liberação dos funcionários
foram assinadas pelo secretário de Governo. Somente em maio último, o
diretor foi orientado pela CGU a chamar os policiais de volta e a
suspender os vencimentos daqueles que resistissem à determinação. Foi
assim que Xavier procedeu.
Passivo
“Essa questão vem desde 2005. Não há um entendimento comum. Os repasses
dos valores de volta para a Polícia Civil não eram feitos regularmente.
Assim, os valores foram acumulando até chegarem a cerca de R$ 20
milhões, que é o passivo atual. Então, a União estaria assumindo dívidas
que são da Câmara Legislativa. Estou apenas fazendo a minha parte, já
que fui cobrado pela CGU para tomar essa atitude. A posição da
controladoria é no sentido de o governo federal não ficar com o
prejuízo”, explicou Jorge Xavier.
A Secretaria-Geral da Câmara Legislativa, no entanto, tem outro
entendimento. Com base no Regime Jurídico Único dos Servidores do DF
(Lei Complementar nº 840, de 23 de dezembro de 2011), ela avalia que o
pagamento de servidores cedidos — no caso, os policiais civis — ao Poder
Legislativo deve correr à conta do órgão cedente, ou seja, o Executivo
local. A Câmara questiona ainda a origem da determinação para que os
policiais retornassem aos seus postos no governo. De acordo com uma
fonte da Casa, eles foram cedidos pela Secretaria de Governo, portanto,
não poderiam ser convocados pela Direção-Geral da Polícia Civil
Em contrapartida, Jorge Xavier entende que os policiais civis não podem
ser visto à luz do Regime Jurídico Único em relação ao pagamento dos
salários. “Temos alguns pontos que estão previstos dentro dessa lei, mas
a questão salarial está ligada ao Fundo Constitucional. A posição da
CGU é que a União não vai pagar os salários de servidores cedidos, só
estamos atendendo essa visão”, afirma o diretor. Ele explicou que os 15
policiais que estavam trabalhando com distritais já voltaram às
atividades. Atualmente, a Polícia Civil tem cerca de 90 de seus
servidores à disposição de outros órgãos, seja no DF, seja nos Estados.
“Mas, em todos os casos, os pagamentos são restituídos. Só temos
problemas mais complexos com a Câmara Legislativa”, explica Xavier. O
Correio não conseguiu falar com o presidente da Câmara, deputado Wasny
de Roure (PT). A folha dos 15 policiais civis custa cerca de R$ 150 mil
por mês.
Fonte: Correio Braziliense - Por Almiro Marcos
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