Dos
24 deputados distritais, pelo menos 12 não devem estar na próxima
legislatura. A expectativa é de que sete busquem um mandato no Congresso
Nacional, dois briguem por cargos majoritários e três não saiam
candidatos
Plenário da Casa: ainda faltam quase 15
meses para a disputa eleitoral de 2014, mas os distritais já se
articulam para o pleito. Muitos devem mudar de partido para aumentar as
chances
Uma revoada se aproxima da Câmara Legislativa do Distrito Federal
(CLDF). Mesmo distantes do pleito do ano que vem, nas conversas de
bastidores, alguns deputados distritais se preparam para a reacomodação
partidária que se impõe a quem busca mais espaço para viabilizar uma
candidatura. Paralelamente a essa corrida, outro grupo, de deputados com
bases eleitorais mais consolidadas, sonha alçar vôos mais altos, fora
dos domínios do Legislativo local. Dos 24 deputados, pelo menos metade
não deve estar na próxima legislatura. Três podem abrir mão da corrida e
outros nove partem para a disputa de outros cargos. Entre as legendas, o
Partido Ecológico Nacional (PEN) e o Partido Social Democrático (PSD)
devem liderar o quadro de evasão de distritais.
As duas legendas nem sequer existiam na campanha de 2010, mas, juntas,
reúnem quase um terço da Câmara Legislativa, com sete deputados
distritais. No PSD, Eliana Pedrosa, Liliane Roriz, Washington Mesquita e
Celina Leão conquistaram 86,1 mil votos em 2010 por outras legendas,
enquanto Alírio Neto (licenciado), Dr. Michel e Professor Israel Batista
transferiram para o recém-nascido PEN seus 43,7 mil votos. Sem a força
extra dos pequenos e médios candidatos puxadores de votos, no entanto,
esses nomes devem buscar partidos que lhes proporcionem mais espaço e
possibilidades de sucesso.
“Seria muita gente grande para pouco espaço e toda eleição depende de
apoio, base, bloco e construção. Se esses deputados não estão cogitando
migrar para outros partidos, deveriam começar a pensar no assunto”,
comenta um parlamentar que prefere manter o nome em sigilo. O próprio
presidente do PEN, o secretário de Justiça do DF, Alírio Neto, ambiciona
um lugar na Câmara dos Deputados e confirma que uma debandada está
próxima em seu partido. Uma aproximação com o PMDB do vice-governador
Tadeu Filippelli, inclusive, não é descartada e está nas mãos de Alírio.
Mas o assunto é mantido em sigilo por ambas as partes. “A minha vontade
é de permanecer no PEN, mas preciso otimizar as possibilidades de ser
eleito, e o meu projeto é para deputado federal. Quem chegou ao partido
com mais de 10 mil votos veio na condição de deixar a legenda no prazo
pré-eleitoral, e isso nunca nos preocupou”, afirma. O recado serve para
Dr. Michel, dono de 13,2 mil votos, e Professor Israel, com 11,3 mil.
Presidente regional do PSD, o ex-governador Rogério Rosso transfere a
possibilidade de uma eventual debandada para a conta dos próprios
parlamentares do partido. Ele ainda conta com a força das coligações
para viabilizar novas candidaturas para a legenda. “As majoritárias
nacionais serão importantes para o espelho local, basta ver o que
ocorreu em 2010. Os 24 distritais eleitos representaram 16 partidos, o
que mostra que a estratégia das coligações também é importante”, avalia.
Rosso trabalha para viabilizar uma candidatura majoritária e para
ampliar o número de distritais. “Estamos de olho em nomes de destaque
nacional e na formação de uma boa aliança, mas espero que os nossos
distritais permaneçam no partido. Temos nossas divergências, mas há
espaço para todos”, defende.
Entre aqueles que devem abrir mão da disputa eleitoral estão nomes
consolidados no cenário político. Arlete Sampaio (PT) garante que não
disputará mandato no próximo ano, assim como Benedito Domingos (PP), que
confidencia a correligionários e familiares estar cansado da rotina
legislativa e mais preocupado em reorganizar sua base religiosa, a
igreja Assembleia de Deus. O estreante Evandro Garla (PRB) é o terceiro
da lista. “Nosso partido quer uma candidatura isolada, com candidatos
que não possuam mandato. Sou secretário executivo do PRB nacional até
2015, por isso meu compromisso é em encerrar meu mandato e viabilizar 50
candidatos a distrital”, diz.
Novos ares
Nada menos do que nove distritais almejam chegar ao Congresso Nacional.
Na Mesa Diretora da CLDF, o presidente, Wasny de Roure (PT), e o vice,
Agaciel Maia (PTC), têm expectativas de disputar um mandato de deputado
federal, embora petistas acreditem que Wasny ainda sonhe com uma vaga no
Tribunal de Contas do DF. “Uma tentativa de reeleição seria ir contra
minha trajetória e representaria uma barreira a outros candidatos do PT
que têm chances de serem eleitos na Câmara Legislativa. Minha
perspectiva é a Câmara dos Deputados”, defende Wasny. Já Agaciel tem
intensificado sua agenda de encontros e afirma que o PTC deverá acertar
coligação com outro partido da base do governo, mas ele não adianta qual
deve ser a legenda.
O petista Patrício completa a lista daqueles que querem seguir o mesmo
caminho rumo à Câmara dos Deputados, além de Alírio Neto (PEN) e Rôney
Nemer (PMDB), que enfrenta um processo por quebra de decoro parlamentar
na CLDF. Rôney, que já foi condenado em primeira instância por
improbidade administrativa por envolvimento na Pandora, pode ficar
inelegível, caso saia uma eventual condenação em segunda instância.
Já Chico Leite (PT) e Olair Francisco (PTdoB) são os únicos nomes
entre os distritais publicamente colocados para a disputa do Senado.
“Vamos aguardar as filiações para, num segundo momento, tratar mais
intensamente da campanha, mas minha meta é viabilizar minha candidatura
para o Senado e uma nominata boa para a Câmara Legislativa”, diz Olair.
No PSD, as possibilidades são tão amplas quanto nebulosas. Eliana
Pedrosa e Liliane Roriz são os nomes mais fortes e podem concorrer,
inclusive, em candidaturas majoritárias. Nos bastidores, cada uma das
duas é posta como uma possível cabeça de chapa ou candidata a vice para o
GDF. “Dos quatro distritais do PSD, até três podem ir para outras
esferas. Temos ouvido todo tipo de especulações, mas o que deverá
definir o cenário para o próximo ano serão as alianças partidárias”,
avalia Rosso.
Regras eleitorais
Pela legislação eleitoral, os partidos têm até um ano antes das
eleições para obter registro de seus estatutos no Tribunal Superior
Eleitoral. Portanto, as legendas precisam resolver essas pendências até 5
de outubro deste ano. Os interessados em disputar as eleições também
devem se filiar a novos partidos até essa mesma data.
Coeficiente
Para ser eleito, um candidato não depende apenas dos votos de sua base
eleitoral, mas da soma dos votos de outros candidatos correligionários
ou da coligação. O chamado coeficiente partidário é um mecanismo que
permite que cada legenda tenha um número mínimo de votos necessários
para eleger um candidato. Nas últimas eleições, por exemplo, a distrital
eleita com menos votos foi Celina Leão (ex-PMN, atual PSD), com 7,7 mil
válidos. Graças à proporcionalidade do partido pelo qual foi eleita,
Celina passou à frente de outros 14 candidatos não eleitos que foram
mais votados do que ela.
Preferência
1.429.093 votos válidos - Total registrado na disputa para distrital em 2010
Fonte: Correio Braziliense - Por Arthur Paganini
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