Ao retornar do exterior, o senador Cristovam Buarque já tem uma conversa agendada com o presidente regional do PDT, George Michel. Quer intensificar, por meio da direção do partido, o debate em torno da formação de uma chapa que reuniria a oposição de esquerda ao atual governo. Há uma razão para isso. Como termina a 5 de outubro o prazo para definições partidárias de quem pretende concorrer às eleições do ano que vem, Cristovam acha que em agosto, com o fim do recesso parlamentar e o retorno dos detentores de mandato a Brasília, já estarão sendo dadas as cartas para o desenho político partidário da disputa. Quer que a oposição de esquerda saia à frente.
Disposição maior
Quem conversou com Cristovam nos dias que antecederam o recesso ficou com a impressão de que o senador está mais disposto a concorrer. Como são muito pequenas as possibilidades de que o PDT deixe o governo Dilma para ter candidatura própria, Cristovam não poderia reeditar sua aventura presidencial. Poderia, porém, ser candidato a governador. Cristovam tem dito que o PDT deve ter candidato próprio e insiste em que se adote o nome do deputado federal José Antônio Reguffe. Por sua vez, Reguffe se comporta muito mais como candidato a senador. E avisa que seu candidato é Cristovam.
Aceitação maior...
A favor da candidatura de Cristovam pesa a aceitação de seu nome pelos partidos que eventualmente formariam a coligação. Ele próprio tem dito que gostaria de ver, nessa frente, o seu PDT, mais PSB, PSOL, Rede e até o PPS.
...apesar das resistências naturais
Há, é claro, resistências naturais. O senador Rodrigo Rollemberg precisa proporcionar um palanque para o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, e sabe que não deve dar-se ao luxo de passar oito anos longe das urnas. Toninho Andrade, do PSOL, costuma dizer que o partido fechou em torno de uma candidatura própria — a dele — e pensa em uma coligação ainda mais à esquerda, com PSTU e PCB. Debatendo-se ainda em incertezas internas, o PPS brasiliense pode ser cobrado a integrar o bloco tucano. Tudo isso pode pesar contra Cristovam. Mas pesará muito mais contra outros eventuais candidatos.
Do ponto de vista estatístico, 100%
Interlocutor ocasional de Cristovam, o também ex-governador Rogério Rosso gosta de usar dados do passado para projeções eleitorais. Lembra que Cristovam foi candidato em todas as eleições, mas todinhas mesmo, desde que ingressou na política, há exatos 20 anos. Tomou gosto. É só conferir no quadro.
Fonte: Do Alto da Torre/ Jornal de Brasília/ Eduardo Brito
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