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domingo, 23 de junho de 2013

Investigação: Presidente do Iprev na mira do MP de Contas

Procuradora quer saber se a presença de Gustavo Falcão no comando do Instituto de Previdência do DF afronta a Lei da Ficha Limpa. Ele tem condenações no RJ 

O secretário de Governo do DF, Wilmar Lacerda, explica que Falcão apresentou todas as certidões exigidas para a posse: processo sem conclusão
Além de inquérito no Supremo Tribunal Federal que investiga denúncias de má gestão de recursos, o presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal, Gustavo Falcão Silva, enfrenta ainda questionamentos com relação à sua presença no primeiro escalão do governo local. O Ministério Público de Contas do DF enviou uma representação ao governo pedindo informações sobre a escolha de Falcão, já que ele sofreu condenação pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. No ano passado, o governador Agnelo Queiroz sancionou uma lei que proíbe a nomeação de fichas sujas para cargos comissionados — inclusive de pessoas reprovadas por órgão de controle externo. De acordo com o governo, o processo no TCE do Rio de Janeiro ainda está em fase de recursos e, por isso, ele se enquadra nas exigências da legislação local. A condenação no Tribunal de Contas fluminense já havia causado outros problemas a Falcão: nomeado para uma diretoria do BRB em 2012, ele teve que ser afastado do cargo por determinação do Banco Central.

Na última quarta-feira, a coluna Eixo Capital mostrou que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal determinou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e bursátil (que envolve transações na bolsa) de Falcão. O Inquérito nº 3595 corre no STGF, porque, além do atual presidente do Iprev-DF, o senador Lindbergh Farias (PT/RJ) é investigado. Ele tem direito a foro privilegiado. Falcão presidiu o Fundo de Previdência dos Servidores Municipais de Nova Iguaçu (RJ) durante a gestão de Lindbergh no município. Segundo investigações da Procuradoria-Geral da República, a passagem dele pela presidência do fundo teria causado um prejuízo de R$ 300 milhões.
 
Falcão já havia sido afastado de uma diretoria do BRB por determinação do Banco Central
A procuradora Márcia Farias, do Ministério Público de Contas do DF, enviou, há dois meses, uma representação ao GDF pedindo explicações sobre a nomeação de Gustavo Falcão. O Instituto de Previdência dos Servidores do DF é responsável pela gestão de um fundo de mais de R$ 1 bilhão, que vai cobrir a aposentadoria dos funcionários públicos locais. “Na página eletrônica do TCE/RJ, constata-se que o senhor Gustavo Falcão Silva é parte em inúmeros processos, entre os quais o que lhe imputou o débito de R$ 2,6 milhões por irregularidades nas operações de compra de títulos públicos federais em mercado secundário, nos exercícios de 2006 e 2007, com resultado flagrantemente lesivo ao patrimônio do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Nova Iguaçu”, explica Márcia Farias. 

Na mesma representação, a procuradora do MP de Contas lembra que a condenação em tribunais de contas estaduais é um dos critérios para que a nomeação seja vetada em cargos comissionados do GDF. “É oportuno lembrar que a Lei da Ficha Limpa foi regulamentada no DF por meio do Decreto nº 33.564/2012, que exige a apresentação de certidão negativa expedida pelo TCE para designação em cargo de comissão”, diz outro trecho da representação da procuradora Márcia Farias. “Tendo em vista a gravidade do noticiado, cabe com urgência aferir essas informações, mediante inspeção, e as possíveis implicações da nomeação do senhor Gustavo Falcão para o cargo de diretor-presidente do Iprev-DF”, pede a representação.

Ela solicita ainda detalhes da passagem de Falcão pelo BRB. Márcia quer saber se a saída dele de uma diretoria do banco tem relação com as denúncias. Em maio de 2012, Gustavo foi eleito para o cargo de diretor de Administração de Recursos de Terceiros da BRB-DTVM. Em novembro, em assembleia extraordinária, os acionistas da BRB Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários decidiram cancelar a nomeação. Isso para atender às exigências de um ofício enviado ao BRB pelo Banco Central, questionando a indicação.

O secretário de Administração do DF, Wilmar Lacerda, explica que Gustavo Falcão apresentou todas as certidões exigidas na Lei da Ficha Limpa e que ele se enquadra nas exigências da legislação porque a condenação do TCE/RJ ainda está em fase de recursos. “O processo não foi concluído. O Ministério da Previdência aprovou as contas do Iprev de Nova Iguaçu, porque a questão lá é meramente contábil, não há nenhuma acusação sobre desvio de recursos”, explica o secretário”. “O Instituto de Previdência de Nova Iguaçu e outras tantas prefeituras fizeram a mesma contabilidade, com o mesmo resultado. Ninguém pode ser condenado antes do trâmite em julgado”, acrescenta.

Wilmar Lacerda explica ainda que Gustavo Falcão foi escolhido para o posto, porque tem experiência na área. Sobre a destituição de Falcão de um alto cargo no BRB, Wilmar explicou que o Banco Central tem critérios mais rígidos e alegou ainda que a troca na direção está ligada à saída do então presidente do BRB Jacques Pena.

CPI no Rio

O caso já havia sido investigado em uma Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada pela Câmara Municipal de Nova Iguaçu. Segundo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o episódio evidencia fatos de extrema gravidade, não somente pela natureza dos crimes praticados, relacionados com a gestão fraudulenta ou temerária do instituto de aposentadoria dos servidores públicos municipais, mas também, pelo vultoso prejuízo causado aos cofres públicos, de valor superior a R$ 300 milhões.

O Ministério da Previdência aprovou as contas do Iprev de Nova Iguaçu, porque a questão lá é meramente contábil, não há nenhuma acusação sobre desvio de recursos.

Wilmar Lacerda, secretário de Administração do DF

Fonte: Correio Braziliense - Por Helena Mader

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