Em
meio às 35 mil pessoas que se mobilizaram na região central de Brasília
para protestar pacificamente contra temas diversos, um grupo violento
agrediu policiais militares na tentativa de invadir o Congresso Nacional
Em pouco tempo, o Eixão Sul foi tomado por manifestantes que participaram da marcha intitulada Acorda, Brasília! |
A tensão começou a tomar conta da Esplanada dos Ministérios por volta
das 18h, uma hora depois do início da marcha, que partiu do Complexo
Cultura da República. Ao chegar em frente ao Congresso, isolado por mais
de 3 mil policiais militares, um pequeno, mas violento grupo de
manifestantes tentou furar o bloqueio. Nesse momento, a Guarda
Presidencial do Exército cercou o Palácio do Planalto, onde estavam a
presidente Dilma Roussef e assessores. PMs prenderam cinco pessoas que
ultrapassaram o cordão humano, ao lado do Ministério da Justiça.
Sem conseguir passar pelo cerco policial, os vândalos retornaram para a
frente do Congresso Nacional. Alguns invadiram o espelho d’água. Em
resposta, os outros manifestantes se sentavam no chão e gritavam
“Violência, não, violência, não”, contra quem passou a adotar atitudes
violentas. Por volta das 18h50, houve um empurra-empurra.
Um
manifestante jogou uma garrafa cheia de água em um PM e foi reprimido
por outro grupo. Começou uma briga e a ramificação pacifista conseguiu
que o agressor se retirasse do local. “Perguntei para ele se ficaria
satisfeito se a polícia jogasse bomba na gente. Expliquei que o
movimento é pacífico e que comportamentos como a dele seriam
reprovados”, explicou Rafael Albuquerque, 20 anos, estudante de direito,
que estava em meio à confusão, tentando conter os mais exaltados.
À medida em que os manifestantes pressionavam para entrar no Congresso
pela rampa que dá acesso à Chapelaria, a barreira policial era
reforçada. Poucos metros atrás da PM, havia um grupo de policiais
legislativos com capacetes, cacetetes e escudos preparado para também
impedir a entrada. Aviões não tripulados, comprados para garantir a
segurança durante a Copa das Confederações e o Mundial de 2014
sobrevoavam a Esplanada filmando os integrantes da marcha.
Quando bombas caseiras foram jogadas contra os militares, a PM lançou
uma bomba de efeito moral, que causou susto e correria. Mais homens
reforçaram os cordões de isolamento. O primeiro, com cerca de 100
policiais, colocado bem na frente do lago artificial. A cavalaria se
posicionou para conter a multidão. “Ocupa, ocupa, ocupa e resiste!”,
gritavam os mais radicais. Em seguida, começaram a fazer fogueiras com
cartazes.
Golpe
Por volta das 19h, o cabo da PM Washington Silva, 35 anos, foi agredido
por um manifestante. Militares o levaram para atendimento médico na
Câmara dos Deputados. Segundo um colega que o acompanhava, um rapaz que
escondia o rosto com uma camiseta golpeou o policial na cabeça com o
mastro de madeira retirado de uma faixa. O cabo desfaleceu, mas, como
usava um capacete, não teve ferimento visível. Após ser atendido na
emergência, foi levado para fazer uma tomografia no Departamento Médico
da Casa. Um jornalista teve um corte na cabeça. Um carro da emissora de
televisão Band acabou pichado.
Com as confusões na Esplanada, parte dos manifestantes que queriam paz
rumaram em direção ao Eixão. Eles percorreram a via sem promover
qualquer ato de vandalismo. Mas, após meia hora de passeata, decidiram
volta à Esplanada, onde se dividiram. A maioria preferiu ir para casa ao
ver o cenário de guerra no gramado.
Fonte: Correio Braziliense - Por Almiro Marcos, Saulo Araújo e Renato Alves
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