Para
jornal de Otávio Frias, a um passo da candidatura pelo PSDB, senador
mineiro revive ideário liberal mas deu novos sinais de hesitação:
“Repetiu a saudação à bandeira petista, o Bolsa Família, declarando ser o
PSDB o partido dos programas de transferência de renda – prova de que
reluta, ainda, em assumir uma dicção mais liberal com denúncia ácida de
seu aspecto assistencialista”.
O jornal Folha de S. Paulo, de Otávo Frias, vê um Aécio Neves mais
forte, porém ainda hesitante. Leia o editorial publicado nesta
terça-feira:
DNA tucano
Aécio Neves, a um passo da candidatura pelo PSDB, revive ideário
liberal sem renunciar à disputa do espaço social-democrata com o PT.
A melhor evidência de que a campanha presidencial começou a todo
vapor está na troca de acusações após o confuso episódio dos boatos
sobre cancelamento de benefícios do Bolsa Família.
A correria a postos da Caixa Econômica Federal, no fim de semana que
confirmou o senador Aécio Neves (MG) como novo presidente do PSDB, deu
margem a mais uma altercação entre petistas e tucanos.
A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) precipitou-se a
responsabilizar uma “central de notícias da oposição”. O líder do PSDB
na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), já cogita convocá-la ao
Congresso.
Não por coincidência, o caráter vitriólico das declarações tem por
móvel um programa que é o emblema da principal dificuldade do
pré-candidato tucano: perfilar-se como alternativa ao PT sem hostilizar
ampla parcela do eleitorado que se beneficia –13,8 milhões de famílias–
com o Bolsa Família.
Os limites da ação distributiva são um dos dilemas que o PSDB ainda
não foi capaz de resolver, embora tenha dado um passo para reduzir o
teor de ambiguidade de suas últimas candidaturas à Presidência. O
discurso de Aécio no encerramento da convenção que o sagrou presidente
do partido guiou-se pela evidente intenção de demarcar um divisor de
águas, mas não foi desta vez que o senador conseguiu destacar-se como
líder de uma oposição convincente ao petismo.
Aécio ao menos pôs um ponto final na estratégia duvidosa das últimas
campanhas. Não tentou apresentar os tucanos como mais petistas que o PT,
quer dizer, como o partido criador do Bolsa Família e o que vai manter e
aperfeiçoar a política distributiva. Mesmo que se acredite serem
corretas e sinceras tais perorações, a experiência mostra que não
encontram eco entre eleitores, pois o espaço ideológico da
social-democracia já tem dono no imaginário social.
Aécio defendeu com ênfase marcas do PSDB que os paulistas José Serra e
Geraldo Alckmin tentaram esmaecer em campanhas passadas. Fez vários
elogios ao governo de Fernando Henrique Cardoso, defendeu
inequivocamente as privatizações, a estabilização da economia com o
Plano Real e a responsabilidade fiscal. Caminhou, enfim, na direção do
ideário que os adversários eleitorais se apressariam a rotular de
“neoliberal”.
O líder tucano deu novos sinais de hesitação, contudo. Repetiu a
saudação à bandeira petista, o Bolsa Família, declarando ser o PSDB “o
partido dos programas de transferência de renda” –prova de que reluta,
ainda, em assumir uma dicção mais liberal com denúncia ácida de seu
aspecto assistencialista.
Fonte: Brasil 247
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