Uma notícia bombástica muda o quadro da sucessão em São Paulo. Nesta quinta, o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, deixou o PMDB. Na sexta, ele embarca no PSD, de Gilberto Kassab, e muda seu domicílio eleitoral para São Paulo; sim, ele será o candidato da bilionária máquina municipal
O que quer Meirelles? Sim, ele sonha em ser prefeito de São Paulo e será o candidato de Gilberto Kassab – informação publicada em primeira mão pelo 247 (leia mais aqui). E que ninguém se engane: Meirelles, que durante oito anos foi responsável pela política de controle inflacionário, é um candidato forte, que contará com o apoio de uma máquina tem R$ 10 bilhões em caixa.
Cauteloso como sempre, ele guardou a surpresa para os instantes finais. Queria antes ter a certeza de que o PSD teria seu registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O prazo para novas filiações e transferências de domicílio eleitoral termina nesta sexta. Mas o jogo já foi combinado entre Kassab e Meirelles.
Animado com a força política do PSD, que pode chegar ao fim de semana como o terceiro maior partido político do País na Câmara dos Deputados, ele já tomou sua decisão e embarca na nau de Kassab para ser o candidato da máquina. Aliás, não foi por acaso que Meirelles, recentemente, reassumiu o comando da Associação Viva o Centro, que luta pela revitalização do centro antigo de São Paulo – o que também é uma bandeira da atual administração.
As ambições políticas do ex-presidente do BC vêm de longe. Nas últimas eleições, ele tentou ser vice de Dilma, mas foi vetado por Michel Temer. Agora, é a hora do troco. Temer investiu alto na candidatura de Gabriel Chalita, estratégica para o futuro do PMDB, em São Paulo, mas está sendo surpreendido, de surpresa, por um ex-peemedebista. Apoios empresariais para a candidatura do PSD virão aos montes e numa cidade que tem um eleitorado ainda conservador, Meirelles tem boas chances de se eleger prefeito.
A cara do PSD
Meirelles também é um bom símbolo daquilo que o PSD pretende ser – um partido de centro que se equilibra entre PT e PSDB. Antes de comandar o Banco Central nos oito anos da era Lula, ele foi o parlamentar mais votado em Goiás pelo PSDB.
Ou seja: Meirelles é um híbrido, que trafega entre bem os dois partidos, mas que, no governo Dilma, foi escanteado. Perdeu o comando do Banco Central para Alexandre Tombini, foi indicado para uma Autoridade Pública Olímpica que teve poderes reduzidos e até convidado para ser gestor dos preparativos para a Copa de 2014 pela Confederação Brasileira de Futebol – mas, neste caso, preferiu não comprar uma briga com o governo, que anda às turras com a CBF.
Agora, Henrique Meirelles encontra aquele quadro com o qual sempre sonhou: um cavalo arreado, pronto para ser montado. Oportunidades assim são raras e, desta vez, ele não irá desperdicá-la.
Fonte: Brasília 247 - 06 do Outubro de 2011 às 20:28
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