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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

CRISE NO ESPORTE GERA JOGO DE EMPURRA ENTRE MINISTROS E EX 'MALANDRO É MALANDRO, MANÉ É MANÉ'

A crise provocada pelas acusações de corrupção no Ministério do Esporte provocou um jogo de empurra entre o ex-ministro Agnelo Queiroz e o atual, Orlando Silva, que até pouco tempo eram colegas de partido (PC do B) e na própria pasta.
O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz (à esq.) e o atual titular da pasta, Orlando Silva, que sofrem com acusações
 
Ao rebater acusações de fraudes supostamente ocorridas em sua gestão no ministério, Agnelo, que atualmente é governador do Distrito Federal eleito pelo PT, transferiu a responsabilidade pelas explicações para o atual ministro.

"No meu mandato, tenho as contas aprovadas. Não tem um único processo contra mim. Fora isso, quem responde é o próprio ministro. Quem manda no ministério do esporte, é o ministério do esporte", disse Agnelo, na Suíça, onde acompanha a escolha da cidade que vai sediar a abertura da Copa.

A declaração foi dada um dia depois de o atual ministro atribuir ao antecessor a responsabilidade por convênios que estão no centro da atual crise.


Durante a gestão de Agnelo, o ministério firmou contratos com ONGs do policial militar João Dias Ferreira, pivô da crise.

Depois de ser preso por desvios nestes contratos, o policial, que também é do PC do B, denunciou um esquema de corrupção na pasta, segundo ele, comandado por Orlando Silva.

Na última terça-feira, Silva jogou para o governador do Distrito Federal a responsabilidade por ter indicado um encontro com o policial, "entre 2004 e 2005".

Na ocasião, ele era secretário-executivo do ministério e Agnelo, o ministro.
 
DISPUTA

Nos bastidores, a guerra entre os grupos de Agnelo e Silva é apontada como estopim para o surgimento das acusações de corrupção.


A relação entre os dois se estremeceu em 2006, quando Agnelo deixou o ministério para concorrer a uma vaga no Senado, pelo PC do B.

Ele não foi eleito e não conseguiu retomar o posto no ministério, que foi ocupado Silva, promovido por Lula.

Em 2008, Agnelo trocou o PC do B pelo PT, para se candidatar ao governo do Distrito Federal.

Com a Copa-2014 e a disputa para que Brasília faça o jogo de abertura do evento, Silva e Agnelo ensaiaram uma aproximação, que foi por água abaixo com as acusações do policial militar.

A crise inaugurou uma guerra subterrânea de versões: os aliados do atual ministro acusam Agnelo de ser uma espécie de padrinho do policial, pivô da crise.

Ontem, em Zurique, Agnelo disse ter apenas ligação política com o policial. "Era candidato a deputado distrital dentro da minha coligação, são dezenas", contou.

O governador disse ainda que sua relação com Silva é boa. Mas o apontou como responsável pelo programa Segundo Tempo (onde são desenvolvidas atividades esportivas em áreas carentes, cujos convênios estão sob suspeita), na condição de secretário-executivo de sua gestão.

Embora não diga publicamente, Agnelo nega ser responsável pela indicação do atual ministro para ocupar o segundo escalação de sua administração. Atribui ao partido (PC do B) a entrada dele no Esporte.

Sobre o inquérito que responde no Superior Tribunal de Justiça, Agnelo disse que são denúncias velhas da época da campanha eleitoral.
 
Por Rodrigo Mattos enviado especial a Zurique  / Filipe Coutinho de Brasília

Fonte: Folha.com

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