Mudanças no GDF
A recente troca de secretários da Educação não foi tão inesperada assim. O Buriti já ensaiava a exoneração de Regina Vinhaes, então secretária, há algumas semanas. Queria, porém, um argumento forte para a decisão final. Segundo os próprios governistas avaliam, a professora Vinhaes era um nome técnico demais para a pasta. Não tinha sensibilidade política e conduzia o processo sem permitir interferências, conforme acordo com o próprio governador Agnelo, que aceitou a condição.
PALACIO DO BURITI |
Mas a ideia, que parecia boa, não durou muito tempo. Com as constantes derrapadas na gestão, como a nomeação de servidor morto e a convocação errada de professores, a imagem da secretária começou a ser desgastada pelos próprios aliados. O governador, pressionado, tentou empurrar o problema com a barriga para não sucumbir e demonstrar fragilidade. Resolveu, então, seguir os conselheiros políticos e esperar um tempo a mais para agir.
A data ideal foi a última quarta-feira (31), quando a então secretária teve de comparecer na Câmara Legislativa para prestar esclarecimentos sobre os deslizes da pasta na Comissão de Educação. Novamente, a falta de sensibilidade política dela expôs o governo e revelou até mesmo certo despreparo, coisa que até então nunca havia sido sequer cogitada pelos aliados do Buriti. Foi a brecha.
Agnelo, mais que depressa, precisou de um nome. Foi então que surgiu o de Denilson Bento, que apareceu como boa solução. Ele já possuía experiência política: estava nomeado como secretário de Administração, mas por ser professor de História, do quadro da Secretaria da Educação, não estava muito afim com a área.
Mas, além de ser servidor do quadro, Bento reúne outra qualidade especial: é amigo pessoal de Agnelo. Além disso, tem boas relações com a deputada distrital Rejane Pitanga, ex-dirigente do Sindicato dos Professores e nome do Partido dos Trabalhadores na área de educação. A proximidade dos dois é tamanha que Denilson chegou a ser cotado pela parlamentar, que é suplente de Arlete Sampaio, para assumir o cargo de chefe do seu gabinete.
Enquanto alguns ainda torcem o nariz, Agnelo contabiliza uma vitória. Com a velocidade da mudança, não deu chance para outras lideranças políticas especularem a indicação do cargo. Fez o sucessor da pasta, agradou Pitanga e ainda tirou Wilmar Lacerda da Câmara Legislativa e o colocou na Secretaria de Administração. Ele estava sendo alvo de constantes reclamações dos deputados aliados e ainda carregava a pecha de ter sido envolvido no escândalo do “Mensalão do PT”.
O único problema aparente para Agnelo foi a indicação de Chico Floresta (PT), que estava esquecido na Secretaria de Meio Ambiente, para a vaga de Lacerda. Ex-deputado distrital, Floresta não é do tipo de petista que gosta de agregar, característica mais que necessária para quem costura acordo com o Legislativo. Com um temperamento tido como difícil e ainda o estigma de ter sido citado como possível beneficiário do suposto esquema montado pelo ex-governador José Roberto Arruda, que gerou a Caixa de Pandora, Floresta pode ser mais um tiro no escuro no relacionamento do Buriti com a Câmara Legislativa.
Mas, para Agnelo, tanto faz. O que ele queria mesmo era quitar a dívida que tinha com Floresta, que chegou a ser cotado como diretor do Serviço de Limpeza Urbana, e acabou substituído pelo ex-secretário de Segurança, João Monteiro. Abrigar o petista de volta na “Casa do Povo” faz afago no companheiro, já que Floresta não conseguiu novamente a cadeira de deputado. É o tal negócio: se não entrou na Câmara Legislativa pelo voto popular, que seja por um ato no Diário Oficial.
Fonte: Blog do Edson Sombra
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