Presidente Dilma Rousseff “não reconhece” investigações da imprensa.
A presidente Dilma Rousseff criticou ontem em Brasília os novos
vazamentos de trechos dos depoimentos à Justiça do ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa, delator de esquema suspeito de pagamento
de propinas na estatal. Após ver a Procuradoria-Geral da República lhe
negar acesso ao conteúdo das declarações de Costa, a presidente disse
que vai pedir ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, o
compartilhamento das informações.
“Quero ser informada se no governo tem alguém envolvido”, disse Dilma,
que reclamou do fato de detalhes dos depoimentos inclusive nomes de
envolvidos terem “vazado” para os meios de comunicação.
Anteontem, o Jornal Nacional, da TV Globo, revelou que Costa teria
admitido à Justiça o recebimento de R$ 1,5 milhão em propina na compra
da refinaria de Pasadena, no Texas, nos Estados Unidos. Segundo o
Tribunal de Contas da União (TCU), a operação resultou em um prejuízo de
US$ 792,3 milhões para a Petrobras.
Questionada sobre o tema, Dilma argumentou que só pode confiar em
informações oficiais: “Disse pra quem? Se você me disser para quem ele
disse, quem disse e como é que disse, eu te respondo. Caso contrário…”,
respondeu a presidente. “Eu não reconheço na imprensa o status que tem a
Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo (Tribunal Federal).
Não é função da imprensa fazer a investigação; a função é divulgar”,
afirmou Dilma.
Desde o dia 29 de agosto, Paulo Roberto Costa está prestando uma série
de depoimentos em um acordo de delação premiada no qual tem revelado
suspeitas de crimes de pagamento de propina a dezenas de políticos,
inclusive do PMDB e do PT, os dois principais integrantes da base
aliada.
O caso corre em segredo de Justiça, mas alguns nomes começaram a ser
veiculados em reportagens como tendo sido citados pelo delator. Dentre
eles, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB); os presidentes
da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL); os senadores do PP Ciro Nogueira (PI) e Francisco
Dornelles (RJ); o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ); os
governadores do Ceará, Cid Gomes (PROS), e do Maranhão, Roseana Sarney
(PMDB); e os ex-governadores Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, e
Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco, que morreu em um acidente aéreo no
mês passado; além do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. Todos
os supracitados negam as acusações e envolvimento com o ex-diretor da
estatal.
“Quando sai uma denúncia na (revista) Veja, ou em qualquer outro
jornal, eu não tomo nenhuma medida porque sou presidente da República.
Não tomo medida baseada no ‘diz que disse’”, afirmou Dilma. “Não é
possível que a Veja saiba de uma coisa e o governo não saiba quem está
envolvido”, disse a presidente. De acordo com a petista, a veiculação de
informações sigilosas compromete as provas das investigações. “Aí você
investiga, o Ministério Público denuncia e não pode ser condenado porque
a prova ficou comprometida”, disse Dilma.
Fonte: Diário do Poder.
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