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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Eleições: “Agora Marina Silva será posta à prova”, diz Agripino Maia

Coordenador da campanha de Aécio Neves (PSDB) afirma que a candidata do PSB passará a ser contestada pelos adversários e terá de deixar sua "nuvem filosófica". 

Coordenador da campanha de Aécio Neves (PSDB) à Presidência, o senador Agripino Maia (DEM/RN) reconhece que a estratégia mudou após a ascensão de Marina Silva (PSB) nas pesquisas de intenção de voto. “Antes, havia uma polarização entre Dilma e Aécio. Agora, há três candidatos em disputa por duas vagas no segundo turno”. Por esse motivo, explica, o tucano não apenas precisa se contrapor ao projeto de continuidade de Dilma Rousseff (PT), mas também contestar as ideias de Marina. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida a CartaCapital. 

CartaCapital: Como a campanha de Aécio Neves encara o crescimento de Marina Silva nas pesquisas? ...

Agripino Maia: Com muita naturalidade. Recentemente, ela teve uma exposição na mídia formidável, até em decorrência da comoção causada pela morte de Eduardo Campos. E essa exposição dela é toda positiva. Somente agora ela começa a ter enfrentamento de um candidato à Presidência, passou a ser contestada. Foi o que ocorreu no debate e no Jornal Nacional. O eleitor vai começar a comparar os candidatos, não apenas pela exposição, mas também pela contestação de suas propostas. Aí então ele decidirá em manter o voto ou mudar de ideia.

CartaCapital: Então esse crescimento se deve à comoção causada pela morte de Eduardo Campos?

Agripino Maia: Não, não é isso. O acidente de Campos levou à exposição dela na mídia. Mas esse crescimento também é fruto da imagem que ela tinha quando foi candidata em 2010, e ninguém a contestava, porque não se acreditava muito no êxito dela. Ela consolidou essa imagem e, agora, como candidata, ela pode firmá-la ou não, dependendo dos argumentos que ela terá para enfrentar as contestações que venham a aparecer.

CartaCapital: O que muda no cenário eleitoral?

Agripino Maia: Antes, a dúvida era se haveria ou não segundo turno das eleições. Agora, isso é uma certeza. Antes, havia uma polarização entre Dilma e Aécio. Agora, há três candidatos em disputa por duas vagas no segundo turno. O que muda? Os contendores.

CartaCapital: A estratégia de Aécio terá de ser ajustada, imagino...

Agripino Maia: Claro. Agora, o Aécio considera a Dilma e a Marina. A Dilma considera o Aécio e a Marina. E a candidata do PSB terá de considerar Aécio e Dilma. Todas as campanhas levarão em conta o novo cenário. Não há mais bipolarização, agora são três candidatos.

CartaCapital: Em entrevistas, Aécio foi muito incisivo no questionamento da coerência política de Marina. Essa é a estratégia?

Agripino Maia: Não, ele respondeu às perguntas que foram feitas. Aécio não vai fazer campanha centrada na Marina. Ele vai se concentrar nas propostas dele. E, claro, na comparação do projeto que ele representa e com o projeto das demais candidatas. Qual é o passado administrativo? Qual é a credibilidade da palavra? Quais são os quadros que cada um tem? Qual é a visão de futuro para o País? Ele vai fazer as comparações e puxar o debate com as duas, Dilma e Marina.

CartaCapital: Aécio criticou o fato de Marina afirmar que gostaria de governar com apoio do Lula e de FHC. Disse ser preciso escolher um lado, são modelos antagônicos.

Agripino Maia: Isso é só um ponto do debate. Quando ele antecipou que Armínio Fraga será o ministro da Fazenda, ele mostrou o padrão Aécio de governo. Ele vai reduzir o número de ministérios e escolher pessoas como o Armínio Fraga. Quem são as pessoas de Marina? É o Fernando Henrique? É o Lula? Evidente que não. Então vamos falar às claras. Quem estará no governo de Marina? Quais são seus quadros? O que se pretende? Em qualquer democracia, há governo e oposição. Não dá para fazer um jogo de faz de conta. A disputa vai exigir que ela mostre qual é o projeto. Agora ela vai ser posta à prova.

CartaCapital: No início da semana, Aécio comparou o desempenho de Marina a uma onda...

Agripino Maia: É bem possível. Só agora começaram os questionamentos. No Jornal Nacional, por exemplo, ela teve de responder aos fatos. A história do jatinho, a coerência da vida pública, as diferentes visões entre ela e seu vice, qual vai ser o pensamento prevalente. Isso faz parte de um processo de esclarecimento. Ela não pode mais se esconder atrás de uma nuvem filosófica.

Fonte: Por Rodrigo Martins - Revista CartaCapital.

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