Coordenador
da campanha de Aécio Neves (PSDB) afirma que a candidata do PSB passará
a ser contestada pelos adversários e terá de deixar sua "nuvem
filosófica".
Coordenador da campanha de Aécio
Neves (PSDB) à Presidência, o senador Agripino Maia (DEM/RN) reconhece
que a estratégia mudou após a ascensão de Marina Silva (PSB) nas
pesquisas de intenção de voto. “Antes, havia uma polarização entre Dilma
e Aécio. Agora, há três candidatos em disputa por duas vagas no segundo
turno”. Por esse motivo, explica, o tucano não apenas precisa se
contrapor ao projeto de continuidade de Dilma Rousseff (PT), mas também
contestar as ideias de Marina. Confira, a seguir, os principais trechos
da entrevista concedida a CartaCapital.
CartaCapital: Como a campanha de Aécio Neves encara o crescimento de Marina Silva nas pesquisas? ...
Agripino Maia: Com muita naturalidade. Recentemente, ela teve uma
exposição na mídia formidável, até em decorrência da comoção causada
pela morte de Eduardo Campos. E essa exposição dela é toda positiva.
Somente agora ela começa a ter enfrentamento de um candidato à
Presidência, passou a ser contestada. Foi o que ocorreu no debate e no
Jornal Nacional. O eleitor vai começar a comparar os candidatos, não
apenas pela exposição, mas também pela contestação de suas propostas. Aí
então ele decidirá em manter o voto ou mudar de ideia.
CartaCapital: Então esse crescimento se deve à comoção causada pela morte de Eduardo Campos?
Agripino Maia: Não, não é isso. O acidente de Campos levou à exposição dela na
mídia. Mas esse crescimento também é fruto da imagem que ela tinha
quando foi candidata em 2010, e ninguém a contestava, porque não se
acreditava muito no êxito dela. Ela consolidou essa imagem e, agora,
como candidata, ela pode firmá-la ou não, dependendo dos argumentos que
ela terá para enfrentar as contestações que venham a aparecer.
CartaCapital: O que muda no cenário eleitoral?
Agripino Maia: Antes, a dúvida era se haveria ou não segundo turno das eleições.
Agora, isso é uma certeza. Antes, havia uma polarização entre Dilma e
Aécio. Agora, há três candidatos em disputa por duas vagas no segundo
turno. O que muda? Os contendores.
CartaCapital: A estratégia de Aécio terá de ser ajustada, imagino...
Agripino Maia: Claro. Agora, o Aécio considera a Dilma e a Marina. A Dilma
considera o Aécio e a Marina. E a candidata do PSB terá de considerar
Aécio e Dilma. Todas as campanhas levarão em conta o novo cenário. Não
há mais bipolarização, agora são três candidatos.
CartaCapital: Em entrevistas, Aécio foi muito incisivo no questionamento da coerência política de Marina. Essa é a estratégia?
Agripino Maia: Não, ele respondeu às perguntas que foram feitas. Aécio não vai
fazer campanha centrada na Marina. Ele vai se concentrar nas propostas
dele. E, claro, na comparação do projeto que ele representa e com o
projeto das demais candidatas. Qual é o passado administrativo? Qual é a
credibilidade da palavra? Quais são os quadros que cada um tem? Qual é a
visão de futuro para o País? Ele vai fazer as comparações e puxar o
debate com as duas, Dilma e Marina.
CartaCapital: Aécio criticou o fato de Marina afirmar que gostaria de governar
com apoio do Lula e de FHC. Disse ser preciso escolher um lado, são
modelos antagônicos.
Agripino Maia: Isso é só um ponto do debate. Quando ele antecipou que Armínio
Fraga será o ministro da Fazenda, ele mostrou o padrão Aécio de governo.
Ele vai reduzir o número de ministérios e escolher pessoas como o
Armínio Fraga. Quem são as pessoas de Marina? É o Fernando Henrique? É o
Lula? Evidente que não. Então vamos falar às claras. Quem estará no
governo de Marina? Quais são seus quadros? O que se pretende? Em
qualquer democracia, há governo e oposição. Não dá para fazer um jogo de
faz de conta. A disputa vai exigir que ela mostre qual é o projeto.
Agora ela vai ser posta à prova.
CartaCapital: No início da semana, Aécio comparou o desempenho de Marina a uma onda...
Agripino Maia: É bem possível. Só agora começaram os questionamentos. No Jornal
Nacional, por exemplo, ela teve de responder aos fatos. A história do
jatinho, a coerência da vida pública, as diferentes visões entre ela e
seu vice, qual vai ser o pensamento prevalente. Isso faz parte de um
processo de esclarecimento. Ela não pode mais se esconder atrás de uma
nuvem filosófica.
Fonte: Por Rodrigo Martins - Revista CartaCapital.
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