Nas próximas horas, Roberto Amaral assume a presidência do PSB. Pela
segunda vez no mesmo papel: substituiu Miguel Arraes, morto em 2005, e
sucederá a Eduardo Campos, neto de Arraes, vítima ontem.
Depois do funeral, ele vai convocar o diretório do partido para
decidir: a) se o PSB terá ou não candidato presidencial; b) caso tenha,
se vai ser Marina Silva, a vice de Eduardo Campos.
Aos 75 anos, Amaral encarna as ambiguidades do PSB nesta disputa
presidencial. Cresceu na política como burocrata de partido e é aliado
de Lula e Dilma Rousseff. Ano passado, sugeriu a Campos apoiar Dilma
deixando a candidatura presidencial para 2018. Aliou o PSB do Rio ao
candidato petista Lindbergh Farias.
A decisão sobre o futuro imediato do PSB passa por outro personagem
ambíguo, Márcio França, 51 anos, ex-prefeito de Campinas, deputado
federal e candidato a vice-governador de São Paulo na chapa liderada por
Geraldo Alckmin (PSDB).
França controla pouco mais de um terço dos votos no diretório nacional
do PSB. Venceu a rejeição de Marina Silva à aliança com o PSDB de
Alckmin, mas tem preservado uma pública equidistância do candidato Aécio
Neves.
O PSB realizou uma proeza, em dezembro, ao unir Campos a Marina, que
sempre o suplantou nas pesquisas. Desde a eleição passada, quando levou
21% dos votos de Minas, 31% do Rio e 21% de São Paulo, ela insiste em se
apresentar como alternativa ao jogo PT/PSDB.
Marina seria a candidata "natural", mas a oposição interna deixa o PSB
numa encruzilhada: tem muito pouco tempo para decidir se continuará na
trilha aberta por Campos ou se recua e congela seu futuro,
subordinando-se como satélite na constelação do PSDB ou do PT.
Fonte: Por José Casado - O GLOBO.
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