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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Eleições: A Guerra na tevê

ISTOÉ acompanhou os bastidores dos programas eleitorais dos candidatos ao Planalto, que investirão R$ 200 milhões e mobilizarão 400 pessoas para conquistar o voto do eleitor pela televisão a partir do dia 19.

Há pelo menos 15 dias, as equipes dos principais candidatos à Presidência da República se dedicam à produção dos programas de tevê que serão exibidos durante o horário eleitoral gratuito. Na última semana, a reportagem de ISTOÉ acompanhou de perto os preparativos para a confecção do material eletrônico que será exibido a partir do dia 19 para cerca de 190 milhões de brasileiros. Conversou com marqueteiros, produtores, assistentes de estúdio e até maquiadores de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), que anteciparam qual o tamanho da estrutura montada para dar suporte às gravações, como serão os primeiros programas dos presidenciáveis na tevê, seus jingles e de que maneira eles pretendem se apresentar ao eleitorado.

Para conquistar o voto do eleitor pela televisão, estão sendo investidos mais de R$ 200 milhões e mobilizadas cerca de 400 pessoas – incluindo produtores de conteúdo, assistentes e maquiadores. Embora a internet e as redes sociais tenham assumido um papel relevante para moldar a opinião do eleitorado, especialistas e candidatos consideram que a propaganda na televisão é o marco inicial da guerra eleitoral. Por isso, tudo está sendo minuciosamente preparado pelas equipes tucanas, petistas e socialistas para a primeira semana de propaganda. No programa de estreia de Dilma Rousseff na tevê, o locutor dirá: “Você assistirá agora a um Brasil que mudou para melhor...”. Em seguida, a candidata à reeleição fará uma prestação de contas das realizações dos governos petistas, somando os resultados do seu mandato com os do ex-presidente Lula. Em seu jingle, ao som popular de um xote, a presidenta Dilma será descrita como uma “mulher de mãos limpas” e que “nunca desviou o olhar do sofrimento do povo”. A música da petista também faz referência ao padrinho político da candidata, o ex-presidente Lula.

Tempo não faltará para passar em revista os 12 anos de gestão petista. A candidata terá 11 minutos e 48 segundos em cada bloco de 25 minutos da propaganda no rádio e na televisão. Nos filmetes do PT, programas como o Pronatec, voltado para a capacitação profissional, e o Mais Médicos serão exaltados. Apesar de elencar as conquistas de Lula e Dilma, a intenção é que a campanha carregue um tom propositivo e não fique olhando apenas para o retrovisor.

A candidata à reeleição, Dilma Rousseff, já gravou algumas cenas no próprio Palácio da Alvorada. Nos próximos dias, o marqueteiro do PT, João Santana, irá levar a presidenta para gravar novas inserções no megaestúdio montado em uma casa de 1.200 metros quadrados no bairro do Lago Sul, região nobre de Brasília. Com a frente voltada para o Lago Paranoá, o endereço é tratado com discrição pela equipe do PT. A produção dos programas e tudo o que a envolve custarão ao partido cerca de R$ 90 milhões, dinheiro que vai custear uma equipe de 220 pessoas, sendo 45 diretamente ligadas às filmagens, e o restante com a divulgação pela internet. Aliás, esta será uma das novidades da campanha eletrônica deste ano de todos os candidatos à Presidência. No momento das transmissões dos programas, equipes estarão abastecendo as redes sociais para amplificar a audiência. Também farão, em tempo real, observações críticas sobre os programas dos adversários. Outra novidade é que os candidatos poderão gravar seus pronunciamentos em qualquer lugar e não necessariamente nos estúdios. O material será editado e colocado sobre um cenário digitalizado.

Esse modelo facilita a agenda e permite a gravação em estúdios de menor porte, como o que Aécio Neves (PSDB), principal candidato de oposição, utilizou no Rio de Janeiro na sexta-feira 1º. O tucano tem gravado por cerca de três horas semanais em São Paulo, mas já viajou para pelo menos cinco outras cidades. Na televisão, o tucano terá direito a quatro minutos e 31 segundos em cada bloco. O senador pretende aproveitar esse tempo para fazer críticas incisivas ao atual governo e exibir suas realizações à frente do governo de Minas Gerais. Na telinha, o tucano se apresentará como o mais capacitado a fazer as mudanças desejadas pela população, sobretudo na economia, hoje assombrada pelos fantasmas da inflação e da volta do desemprego. O jingle de Aécio Neves será mais objetivo e curto, usando as sílabas inicias do nome do candidato para ritmar a música. “É ele quem vai mudar o País”, dirá o locutor. A equipe de produção do tucano tem cerca de 30 pessoas, dedicadas a acompanhá-los nas andanças pelo País. Outras 80 ficarão responsáveis pela divulgação na internet. Os custos podem chegar a R­$ 8­5 milhões ou cerca de 30% do teto de gastos informado pelo PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

CASA-ESTÚDIO

Candidata à reeleição, Dilma Rousseff grava os programas em casa de 1.200 metros quadrados no Lago Sul, área nobre de Brasília

O candidato do PSB, Eduardo Campos, fará a campanha de tevê mais modesta, afinal terá apenas um minuto e 49 segundos no horário eleitoral. O principal desafio dos socialistas, num primeiro momento, será apresentá-lo ao eleitorado, já que Campos ainda é pouco conhecido nacionalmente. Para isso, vai utilizar um modelo de filmagem em que o candidato será entrevistado pelos eleitores. Segundo um dos articulares da campanha de Campos em Pernambuco, a estratégia assemelha-se à utilizada por Barack Obama, na primeira campanha à Presidência dos Estados Unidos. Campos tem filmado em São Paulo sempre acompanhado da vice, Marina Silva, que teve 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais. A dobradinha com Marina é uma das apostas para os primeiros programas na tevê. Inclusive, o jingle que vai embalar a campanha de Eduardo Campos é o único entre as três que fará referência ao candidato a vice-presidente. Na canção, a dupla é descrita como a “cara” e “as cores” do País. A música ainda sugere “coragem para mudar o Brasil” ao eleitor “que tá na dúvida”.

A equipe do candidato responsável pelo programa eleitoral terá 100 pessoas, sendo 40 envolvidas diretamente com as filmagens. Na expectativa dos tesoureiros da campanha, a produção dos programas não custará mais do que R$ 40 milhões.

Fonte: Por Izabelle Torres - Revista ISTOÉ - Colaborou Alan Rodrigues

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