
Tucano disse também que se alguém no PSDB for condenado, não será tratado como herói nacional.
Aécio Neves em sabatina no Jornal Nacional
O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), admitiu
nesta segunda-feira a necessidade de fazer, se eleito, o “realinhamento”
dos preços das tarifas de energia e da gasolina. Aécio foi o primeiro
presidenciável a participar da rodada de entrevistas do “Jornal
Nacional", da TV GLOBO. Ele também afirmou que haverá “previsibilidade”
sobre essas tarifas e descartou pacotes ou “planos mirabolantes” em seu
eventual governo.
Aécio voltou a dizer que vai tomar as “medidas necessárias” para
controlar a inflação. Confrontado sobre a possibilidade de ajustar os
preços, após evitar responder diretamente sobre o assunto, o tucano foi
enfático:
— No meu governo, vai haver previsibilidade em relação a essas tarifas e
em todas as medidas. Ninguém espere no governo Aécio Neves um pacote A,
PAC disso, PAC daquilo ou algum plano mirabolante. Nós vamos tomar as
medidas necessárias. É óbvio que nós vamos ter que viver um processo de
realinhamento desses preços. Obviamente, quando você tiver os dados
sobre a realidade do governo é que você vai estabelecer isso. Eu não vou
temer fazer aquilo que seja necessário, as medidas necessárias para
controlar a inflação, retomar o crescimento e principalmente, Patrícia
(Poeta) e (William) Bonner, a confiança perdida no Brasil — disse.
Aécio também foi questionado sobre escândalos políticos que envolvem
tanto o PT quanto o PSDB e sobre a diferença na abordagem desses casos.
No caso dos tucanos, a apresentadora lembrou do mensalão de Minas Gerais
e do cartel do metrô em São Paulo. O senador respondeu que, havendo
condenação, o envolvido não será tratado como herói, numa alusão à
defesa que petistas fazem dos condenados do mensalão, como o ex-ministro
José Dirceu.
— O que posso garantir é que, no caso do PSDB, se eventualmente alguém
for condenado, não será como foi no PT, tratado como herói nacional,
porque isso deseduca. Portanto, todos os partidos que estão aí têm
possibilidade de ter nomes que estejam envolvidos em qualquer denúncias.
Apuração e punição, é isso que esperam os brasileiros,
independentemente de partido — afirmou Aécio.
A apresentadora citou, então, o caso do mensalão mineiro, cujo
principal acusado de corrupção, o ex-governador Eduardo Azeredo (MG),
apoia Aécio. O tucano afirmou que não se deve prejulgar e que é preciso
esperar a defesa de Azeredo.
— Ele está me apoiando, você colocou bem, Patrícia, não é o inverso. É
um membro do partido e que tem oportunidade de se defender na Justiça.
Vamos aguardar que a Justiça possa julgá-lo e, se condenado, ele vai ser
punido. Mas eu não prejulgo, não prejulguei os petistas, não vou
prejulgar os tucanos. O que posso te dizer, e reitero aqui,
independentemente do partido político, eu acho que qualquer cidadão tem
que responder pelos seus atos. E o Eduardo vai responder pelos deles.
Vamos deixar que ele possa se defender.
Aécio também foi questionado sobre o aeroporto na cidade de Cláudio
(MG), construído nas terras onde a família do senador tem fazenda. Ele
afirmou que a obra foi feita com o objetivo de interligar cidades
importantes para o desenvolvimento regional e que sua gestão no governo
de Minas Gerais foi transparente:
— Nesse caso, especificamente, se houve algum prejudicado, foi esse meu
tio-avô (proprietário da área), porque o estado avaliou aquela área em
R$ 1 milhão e ele reivindica na Justiça R$ 9 milhões, e não recebeu R$ 1
até hoje. Foi feito de forma transparente e republicana, e a população
daquela localidade sabe a importância desse aeródromo, uma pista
asfaltada.
Ao ser perguntado se sentia constrangido por ter usado o aeroporto para
visitar sua fazenda, Aécio respondeu que não. E disse que ignorava o
fato de a pista não estar homologada pela Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac):
— Não, não tenho (constrangimento), até porque eu não sabia que essa pista não estava homologada — disse Aécio.
Bonner o interrompeu e argumentou que não se tratava de uma questão de
homologação, mas do uso pessoal do aeroporto construído pelo estado de
Minas Gerais.
— Eu visitei praticamente todos os aeroportos de Minas Gerais,
trabalhando, como governador do estado. E o fato central é esse, que a
Anac, porque é muito aparelhada hoje, nós sabemos a origem das
indicações da Anac, durante três anos não conseguiu fazer o processo
avançar e homologar o aeroporto.
Sobre uma eventual valorização das terras de sua família por causa da construção do aeroporto, Aécio respondeu:
— Olha, essa fazenda a que você se refere é uma fazenda que está na
minha família há 150 anos, tem lá 14 cabeças de gado, essa é a grande
fazenda. É um sítio que, valorizado ou não, minha família vai
eventualmente nas férias. Ali ninguém está fazendo negócio. Essa cidade
precisava desse aeroporto, como todas as outras que tiveram investimento
em Minas Gerais. Eu nunca, na minha vida inteira, fiz nada que eu não
pudesse defender de cabeça erguida. Criou-se em torno desse caso uma
celeuma, e você próprio deve estar surpreso, um sítio que nossa parte
deve ter 30 alqueires. Algo absolutamente familiar, pequeno, nada a ver
com esse aeroporto, até porque nesse local já havia uma pista, eu
poderia ter descido numa pista que estava lá há 20 anos — respondeu
Aécio.
Ao comentar a entrevista de Aécio no “Jornal Nacional”, o líder do PT
no Senado, Humberto Costa (PE), disse que o tucano não respondeu a
nenhuma pergunta de forma direta e que "tergiversou" quando questionado
sobre o aeroporto de Cláudio.
— Ele falou em questão econômica. Mas o que justifica economicamente
aquele aeroporto? Agricultura, pecuária? Ele tentou fugir o tempo
inteiro — avaliou.
Já o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), criticou a suposta
falta de propostas do tucano e disse que Aécio tem dificuldade em se
colocar como alternativa.
Já o presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado Marcus Pestana,
elogiou o desempenho de Aécio. Para Pestana, Aécio está num ótimo
momento político, e a entrevista foi uma importante forma de falar a um
público que ainda não o conhecia:
— A atitude e a tranquilidade com que Aécio falou mostraram que o
assunto (aeroporto) não é nenhum problema e que fez parte de um projeto
legítimo para o estado de Minas Gerais.
Fonte: Por Julianna Granjeia - O GLOBO.
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