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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Eleições: Aécio diz que vai realinhar tarifas de energia e gasolina em eventual governo

Tucano disse também que se alguém no PSDB for condenado, não será tratado como herói nacional.

Aécio Neves em sabatina no Jornal Nacional

O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), admitiu nesta segunda-feira a necessidade de fazer, se eleito, o “realinhamento” dos preços das tarifas de energia e da gasolina. Aécio foi o primeiro presidenciável a participar da rodada de entrevistas do “Jornal Nacional", da TV GLOBO. Ele também afirmou que haverá “previsibilidade” sobre essas tarifas e descartou pacotes ou “planos mirabolantes” em seu eventual governo.

Aécio voltou a dizer que vai tomar as “medidas necessárias” para controlar a inflação. Confrontado sobre a possibilidade de ajustar os preços, após evitar responder diretamente sobre o assunto, o tucano foi enfático:

— No meu governo, vai haver previsibilidade em relação a essas tarifas e em todas as medidas. Ninguém espere no governo Aécio Neves um pacote A, PAC disso, PAC daquilo ou algum plano mirabolante. Nós vamos tomar as medidas necessárias. É óbvio que nós vamos ter que viver um processo de realinhamento desses preços. Obviamente, quando você tiver os dados sobre a realidade do governo é que você vai estabelecer isso. Eu não vou temer fazer aquilo que seja necessário, as medidas necessárias para controlar a inflação, retomar o crescimento e principalmente, Patrícia (Poeta) e (William) Bonner, a confiança perdida no Brasil — disse.

Aécio também foi questionado sobre escândalos políticos que envolvem tanto o PT quanto o PSDB e sobre a diferença na abordagem desses casos. No caso dos tucanos, a apresentadora lembrou do mensalão de Minas Gerais e do cartel do metrô em São Paulo. O senador respondeu que, havendo condenação, o envolvido não será tratado como herói, numa alusão à defesa que petistas fazem dos condenados do mensalão, como o ex-ministro José Dirceu.

— O que posso garantir é que, no caso do PSDB, se eventualmente alguém for condenado, não será como foi no PT, tratado como herói nacional, porque isso deseduca. Portanto, todos os partidos que estão aí têm possibilidade de ter nomes que estejam envolvidos em qualquer denúncias. Apuração e punição, é isso que esperam os brasileiros, independentemente de partido — afirmou Aécio.

A apresentadora citou, então, o caso do mensalão mineiro, cujo principal acusado de corrupção, o ex-governador Eduardo Azeredo (MG), apoia Aécio. O tucano afirmou que não se deve prejulgar e que é preciso esperar a defesa de Azeredo.

— Ele está me apoiando, você colocou bem, Patrícia, não é o inverso. É um membro do partido e que tem oportunidade de se defender na Justiça. Vamos aguardar que a Justiça possa julgá-lo e, se condenado, ele vai ser punido. Mas eu não prejulgo, não prejulguei os petistas, não vou prejulgar os tucanos. O que posso te dizer, e reitero aqui, independentemente do partido político, eu acho que qualquer cidadão tem que responder pelos seus atos. E o Eduardo vai responder pelos deles. Vamos deixar que ele possa se defender.

Aécio também foi questionado sobre o aeroporto na cidade de Cláudio (MG), construído nas terras onde a família do senador tem fazenda. Ele afirmou que a obra foi feita com o objetivo de interligar cidades importantes para o desenvolvimento regional e que sua gestão no governo de Minas Gerais foi transparente:

— Nesse caso, especificamente, se houve algum prejudicado, foi esse meu tio-avô (proprietário da área), porque o estado avaliou aquela área em R$ 1 milhão e ele reivindica na Justiça R$ 9 milhões, e não recebeu R$ 1 até hoje. Foi feito de forma transparente e republicana, e a população daquela localidade sabe a importância desse aeródromo, uma pista asfaltada.

Ao ser perguntado se sentia constrangido por ter usado o aeroporto para visitar sua fazenda, Aécio respondeu que não. E disse que ignorava o fato de a pista não estar homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac):

— Não, não tenho (constrangimento), até porque eu não sabia que essa pista não estava homologada — disse Aécio.

Bonner o interrompeu e argumentou que não se tratava de uma questão de homologação, mas do uso pessoal do aeroporto construído pelo estado de Minas Gerais.

— Eu visitei praticamente todos os aeroportos de Minas Gerais, trabalhando, como governador do estado. E o fato central é esse, que a Anac, porque é muito aparelhada hoje, nós sabemos a origem das indicações da Anac, durante três anos não conseguiu fazer o processo avançar e homologar o aeroporto.

Sobre uma eventual valorização das terras de sua família por causa da construção do aeroporto, Aécio respondeu:

— Olha, essa fazenda a que você se refere é uma fazenda que está na minha família há 150 anos, tem lá 14 cabeças de gado, essa é a grande fazenda. É um sítio que, valorizado ou não, minha família vai eventualmente nas férias. Ali ninguém está fazendo negócio. Essa cidade precisava desse aeroporto, como todas as outras que tiveram investimento em Minas Gerais. Eu nunca, na minha vida inteira, fiz nada que eu não pudesse defender de cabeça erguida. Criou-se em torno desse caso uma celeuma, e você próprio deve estar surpreso, um sítio que nossa parte deve ter 30 alqueires. Algo absolutamente familiar, pequeno, nada a ver com esse aeroporto, até porque nesse local já havia uma pista, eu poderia ter descido numa pista que estava lá há 20 anos — respondeu Aécio.

Ao comentar a entrevista de Aécio no “Jornal Nacional”, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que o tucano não respondeu a nenhuma pergunta de forma direta e que "tergiversou" quando questionado sobre o aeroporto de Cláudio.

— Ele falou em questão econômica. Mas o que justifica economicamente aquele aeroporto? Agricultura, pecuária? Ele tentou fugir o tempo inteiro — avaliou.

Já o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), criticou a suposta falta de propostas do tucano e disse que Aécio tem dificuldade em se colocar como alternativa.

Já o presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, elogiou o desempenho de Aécio. Para Pestana, Aécio está num ótimo momento político, e a entrevista foi uma importante forma de falar a um público que ainda não o conhecia:

— A atitude e a tranquilidade com que Aécio falou mostraram que o assunto (aeroporto) não é nenhum problema e que fez parte de um projeto legítimo para o estado de Minas Gerais.

Fonte: Por Julianna Granjeia - O GLOBO.

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