Eventos
em Minas, Rio e São Paulo evidenciam o desencontro entre os projetos
políticos de Eduardo Campos e Marina Silva e as divisões do próprio
partido.
O pré-candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, e
sua vice, Marina Silva: desentendimento nos Estados
A “nova forma de fazer política” que uniu Eduardo Campos e Marina Silva
desdobra-se, às vésperas do início da campanha de 2014, em um
esquizofrênico conjunto de alianças nos Estados. As últimas 48 horas
expuseram desencontros marcantes nos projetos políticos que orientam os
movimentos do ex-governador pernambucano, candidato à Presidência pelo
PSB, e dos ‘marineiros’, que almejam construir uma estrutura partidária
capaz de viabilizar, para eleições futuras, o que o Rede
Sustentabilidade não foi capaz de concretizar. Na última pesquisa de
intenção de voto Ibope / CNI, divulgada na quinta-feira, 19, Eduardo Campos
aparece em terceiro, com 10% das intenções de voto. A presidente Dilma
Rousseff lidera com 39%, seguida pelo tucano Aécio Neves, com 21%.
Desde a sexta-feira, desenham-se as coligações que devem servir a
Campos e ao PSB na corrida eleitoral. Em São Paulo, os socialistas
integram a coligação liderada pelo PSDB para tentar reeleger o
governador Geraldo Alckmin. Ganharam, em troca, o direito de indicar o
vice na chapa. A aliança foi anunciada como parte de um esforço de
“mudança nacional”, e cria, em tese, condições para que Alckmin venda
seu peixe nos eventos do candidato de seu partido à Presidência, o
senador Aécio Neves, e de Campos. É pouco provável, no entanto, que São
Paulo funcione de fato como um palanque para o PSB – pelo menos no
primeiro turno.
As convenções regionais realizadas neste sábado tiveram resultado bem
diferente no Rio de Janeiro, onde o PSB formalizou o apoio ao PT, que
disputa o governo do Estado com Lindbergh Farias, e em Minas Gerais,
onde não houve acordo.
A candidatura própria do PSB no Rio de Janeiro era um projeto de
socialistas alinhados com Marina Silva, liderados principalmente pelo
ex-PV Alfredo Sirkis. O projeto de candidatura socialista foi derrotado
na convenção por 113 a 24, o que leva a ala 'marineira' a criticar os
rumos do partido no Estado. O Rio de Janeiro, onde Marina Silva, então
no PV, terminou em segundo lugar na eleição presidencial de 2010, tinha,
na visão dos 'marineiros', potencial para alavancar o crescimento desse
grupo político. Alinhados ao PT, tudo muda de figura.
Se no Rio de Janeiro venceu o pragmatismo, em Minas Gerais foi
impossível estabelecer, pelo diálogo e pelo voto, um posicionamento
claro para os socialistas. Não foi possível estabelecer maioria para
lançar a candidatura ao governo com o deputado federal Júlio Delgado. O
conflito é com os defensores do apoio ao tucano Pimenta da Veiga – tese
da maioria dos prefeitos de cidades mineiras e do prefeito de Belo
Horizonte, Márcio Lacerda. Assim como no Rio, os 'marineiros' do PSB
mineiro insistem na candidatura própria. A decisão em Minas Gerais foi
empurrada para Executiva estadual.
A fala do ambientalista Apolo Heringer, que contava com o apoio de
Marina Silva para concorrer ao governo de Minas, mas desistiu do projeto
nesta sexta-feira, reflete bem o ponto de vista de quem esperava um voo
solo do PSB nos Estados. "Ao defender o apoio à candidatura do PSDB em
Minas, o PSB não se coloca como alternativa", disse Heringer. “A
despeito da aposta da Rede Nacional em propor uma coligação programática
que fosse uma alternativa efetiva, o que se observa é a permanência da
polarização PT/PSDB.”
Fonte: Revista VEJA.
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