Ministro Marco Aurélio rejeita pedido por considerar que o instrumento usado pelo partido foi impróprio.
O ministro Marco Aurélio Mello (foto) rejeitou nesta terça-feira
(27.mai.2014) uma ação proposta ao Supremo Tribunal Federal pelo Partido
dos Trabalhadores. A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental) do PT pedia que a Corte fixasse uma jurisprudência
garantindo a todo preso no regime semiaberto o direito de trabalhar fora
da cadeia durante o dia independentemente de já ter cumprido ou não
1/6 de sua pena.
Para o ministro Marco Aurélio, que era o relator da ação, a petição
inicial do PT teve de ser indeferida liminarmente por ser um instrumento
impróprio, do ponto de vista processual, para o caso em análise. Nesses
casos, o mérito do pedido nem chega a ser analisado.
O PT citava na ADPF o presidente do STF, Joaquim Barbosa, autor de
várias decisões recentes que interrompeu o benefício de trabalhar fora
para vários réus condenados no processo do mensalão.
Em sua decisão, Marco Aurélio considerou que as ações apresentadas
pelos réus dos mensaleiros são o instrumento adequado para que o STF se
pronuncie a respeito. José Dirceu, Delúbio Soares e Valdemar Costa Neto
são alguns dos presos que buscam o direito de trabalhar fora durante o
dia e estão recorrendo da decisão de Joaquim Barbosa.
A atitude de Marco Aurélio, entretanto, não significa que ele concorde
com as decisões tomadas por Joaquim Barbosa. Na década de 90, ele
decidiu de maneira contrária por considerar não ser necessário detentos
no regime semiaberto terem de esperar 1/6 do cumprimento da pena para
terem o direito de trabalhar fora durante o dia.
Outro ministro que na década de 90 votou como Marco Aurélio foi o
decano (o integrante mais antigo do STF), Celso de Mello. Já seriam dois
votos contra a decisão de Joaquim Barbosa.
Ocorre que as ações propostas pelos advogados dos mensaleiros não estão
na pauta do STF nesta semana. Podem, em tese, ser analisadas por
Joaquim Barbosa na semana que vem, de maneira monocrática decisão
apenas do presidente do STF. Em seguida, os advogados podem recorrer ao
plenário do Tribunal.
Mas esse processo então tende a demorar várias semanas. E há 3 consequências principais.
Primeiro, os mensaleiros presos no regime semiaberto continuarão sem o benefício de poder trabalhar fora durante o dia.
Segundo, o assunto mensalão não vai sumir do noticiário.
Terceiro, há chances reais de mais adiante as decisões de Joaquim
Barbosa serem derrubadas por seus colegas do STF, segundo apurou o Blog.
Nesse caso, os mensaleiros sairão para trabalhar durante o dia e o
presidente do Supremo ficará numa situação constrangedora.
Fonte: Blog do Fernando Rodrigues.
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