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terça-feira, 27 de maio de 2014

Petrobras: Área comandada por Paulo Roberto assinou contratos firmados na informalidade

Navios responsáveis pelo transporte de produtos da estatal eram negociados sem pesquisa de preço ou análise de documentos. Dados constam em relatório elaborado por auditores, diz jornal.

Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras

Um relatório produzido por um grupo de auditores da Petrobras aponta que acordos milionários foram fechados durante a gestão de Paulo Roberto Costa sem obedecer a requisitos mínimos de controle estabelecidos pela estatal - alguns deles, baseados apenas em autorizações verbais. É o que informa reportagem desta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo, com base no relatório da auditoria. O relatório data de 2009 e aponta que o setor de abastecimento da estatal, comandado por Costa até 2012, fechou contratos de frete de maneira informal. O ex-diretor da estatal foi preso na operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Investigado sob suspeita de corrupção, Costa foi liberado da cadeia na semana passada.

O documento mostra que operações feitas em 2008, e totalizando 278 milhões de dólares, não obedeceram aos critérios de controle. As irregularidades envolveram contratações de navios. Segundo a análise feita pelos auditores da Petrobras, os contratos analisados descumpriram "procedimentos previstos no manual de afretamento" e referem-se a irregularidades na contratação de navios, responsáveis pelo transporte de produtos.

Entre as falhas apontadas, há falta de autorização por escrito para iniciar processos de frete, autorização prévia para tomada de preços com aval de gerente e contratações informais que levaram até 390 dias para serem registradas no sistema. Alguns contratos sequer apontam registro de informações de histórico de negociação no sistema de conferência de compras da Petrobras e da empresa prestadora de serviço. Com a falta de registro e informações não detalhadas, auditores relatam que há impedimento para analisar como os negócios foram firmados e, portanto, dificuldades de apuração de irregularidades.

O relatório indica ainda a necessidade de rever o manual de afretamento, a contratação de terceirizados para o serviço. "Descontroles dessa magnitude podem ser resultado de falta de comando, falhas de comunicação, pressa. É uma situação inadmissível em uma empresa desse porte, e abre caminho para má fé", aformou ao jornal Fernando Filardi, pesquisador da área de administração do Ibmec-RJ.

Destino de 18% de todos os investimentos da Petrobras, a área de abastecimento é a segunda mais importante da empresa, atrás apenas de Exploração e Produção, alvo de 70% dos recursos. Além da comercialização de petróleo e derivados - atividade que demanda contratações de navios para movimentação de carga em todo o mundo-, estão sob sua responsabilidade a gestão das 13 refinarias no Brasil e a construção de outras quatro.

O uso de empresas terceirizadas para o transporte de produtos produzidos pela Petrobras foi algo de investigação durante a Operação Lava-Jato. A PF apura um suposto esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro com recursos da petroleira e outras fontes. Entre os investigados da PF estão Costa, que ficou preso por dois meses por suspeita de destruir provas, e o doleiro Alberto Yousseff.

Procurada pela Folha, a Petrobras informou não ter constatado "irregularidades ou prejuízos" nas operações auditadas na diretoria de abastecimento. As falhas e irregularidades constatadas pela auditoria interna da empresa são "explicadas em parte pela dinâmica de mercado à época e pelo aumento das contratações de frete", informou. A Petrobras afirmou também que acatou as sugestões de melhorias em seus processos internos feitas pelo grupo de auditores. 

Fonte: Revista VEJA.

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