Objetivo é descobrir se Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa
influenciaram disputa de contratos com a estatal para favorecer
empresas.
A Polícia Federal abriu uma nova linha de investigação no âmbito da
operação Lava- Jato. O objetivo é rastrear fraudes em licitações,
desvios de recursos públicos, corrupção ativa e passiva e sonegação
fiscal em contratos com a Petrobras. Os agentes tentarão identificar
servidores e administradores públicos envolvidos com o doleiro Alberto
Youssef, o Primo, personagem central da operação, deflagrada em 17 de
março para estancar esquema de lavagem de dinheiro que pode alcançar 10
bilhões de reais. Reportagem do site de VEJA mostrou que um grupo de 14
empresas tratadas como suspeitas pela PF faturou, desde 2003, pouco mais
de 31 bilhões de reais.
Na terça-feira, a PF concluiu quatro inquéritos e indiciou 46
investigados, entre eles Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa. Em um desses inquéritos, denominado
operação Bidone - um desdobramento da Lava-Jato -, Costa foi indiciado
pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de
dinheiro.
Os quatro inquéritos estão agora em análise pela força-tarefa do
Ministério Público Federal (MPF). Seis procuradores da República foram
destacados pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, para atuar na
Lava-Jato. Cabe a eles a decisão sobre eventual denúncia contra os
indiciados. Quinze dos acusados estão detidos, o que exige pressa na
análise do material para apresentação da denúncia à Justiça – antes que
as prisões sejam revogadas ou sejam extintas.
Três novos inquéritos já foram instaurados para verificar o possível
uso de empresas controladas por Youssef - Indústria de Medicamentos
Labogen, Malga Engenharia, MO Consultoria e Laudos Estatísticos e GFD
Investimentos - para a prática de peculato (quando servidor se apropria
de bem público) e violação ao artigo 96 da Lei de Licitações. Se na nova
etapa da investigação a PF esbarrar em autoridades com prerrogativa de
foro especial, será preciso encaminhar os dados à Justiça, mesmo
procedimento adotado em relação ao deputado André Vargas (PT/PR).
Costa e Youssef estão presos em caráter preventivo desde 17 de março. A
PF suspeita que o doleiro se infiltrou em órgãos públicos por meio de
empresas de fachada para conquistar licitações milionárias. No
Ministério da Saúde, ele tentou obter para a Labogen um contrato de 6,2
milhões de reais com base em Parceria de Desenvolvimento Produtivo
(PDP). A PF suspeita que Costa tenha sido o braço do doleiro na
Petrobras e investiga se ele cometeu crime de corrupção. Seu advogado,
Fernando Fernandes, protesta. "Paulo está preso por todo esse tempo sem
que tenha havido sequer acusação formal contra ele, sob tratamento
desumano”, afirmou.
A frente de investigação da PF terá base no estudo do material
apreendido em poder de Youssef e de Costa. Com o doleiro, preso em São
Luís (MA), os federais encontraram sete celulares. Em uma das empresas
do doleiro, em São Paulo, os agentes recolheram mais 27 celulares. A PF
pediu autorização judicial para a análise e cruzamento dos dados dos 34
aparelhos "a fim de possibilitar a real dimensão dos contatos do doleiro
preso, medida que ainda depende de extração dos milhares de arquivos de
mensagens de SMS, bem como aplicativos de conversação, tais como
Whatsapp, Viber e outros". Na residência do ex-diretor da Petrobras a PF
apreendeu um disco rígido de computador e 37 pendrives que estão sendo
analisados.
Para a PF, o conteúdo analisado até aqui "reforçou os indícios de
(Youssef) se tratar não só de um operador do mercado paralelo de câmbio,
mas também de pessoa envolvida em manobras indicativas de lavagem de
dinheiro, com o uso de empresas laranjas, contratos simulados, grandes
quantidades de dinheiro em espécie, dissimulação de origem/destino de
numerário".
A Lava-Jato era, inicialmente uma investigação sobre a atividade do
mercado paralelo de câmbio e lavagem de ativos por parte do doleiro
Carlos Habib Chater, que, por meio de empresas por ele controladas,
abasteceu contas de empresas sediadas no Paraná, usadas ocultar valores
vinculados a pessoas ligadas ao ex-deputado federal José Janene,
falecido em 2010.
(Com Estadão Conteúdo)
Fonte: Revista Veja.
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