Presidente da Petrobras na época da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, José Sergio Gabrielli
foi chamado a dar explicações no Senado há sete meses, quando o negócio
já havia se consolidado como um escândalo. Foi inquirido na Comissão de
Fiscalização e Controle. Defendeu a operação sem titubeios (veja um
trecho aqui).
“Não
há por que levantar nenhuma suspeita sobre isso”, declarou, quando
indagado sobre o prejuízo de mais de US$ 1 bilhão espetado no caixa da
Petrobras. Espremido pela bancada da oposição, Gabrielli não fez nenhuma
menção à precariedade do parecer —“técnica e juridicamente falho”— que
Dilma Rousseff invoca agora para dizer que, se o contrato de compra da
refinaria estivesse corretamente esmiuçado, as negociações “seguramente
não seriam aprovadas pelo conselho” da Petrobras.
Na versão de
Gabrielli, bem distante da de Dilma, o caso é de soltar fogos, não de
apresentar desculpas: “É uma refinaria bem localizada, na costa do
Texas, na beira do golfo do México, integrada a todos os oleodutos que
alimentam o mercado do leste americano e tem espaço para crescer”, disse
aos senadores. “Sofre efeitos das flutuações de margem que afetam o
negócio de refino, mas é um ativo que permanece nas mãos da Petrobras,
com grande oportunidade de retorno.”
Se a coisa é tão fantástica,
por que diabos os órgãos de controle decidiram investigar?,
perguntou-se, em 8 de agosto de 2013, a Gabrielli, já deslocado para o
cargo que ocupa até hoje, o de secretário de Planejamento do governo da
Bahia. E ele: “As investigações que estão anunciadas pelo TCU e
Ministério Público tenho certeza de que chegarão à conclusão de que não
houve nenhuma anomalia no comportamento da Petrobras.”
Esse
cenário edulcorado construído por Gabrielli compunha o enredo oficial da
Petrobras. Graça Foster, a sucessora de Gabrielli no comando da
Petrobras, tinha levado a encrenca de Pasadena ao freezer. De repente, a
nota elaborada por Dilma virou a página do caso. Para trás. “Ninguém
entendeu muito bem aonde ela quer chegar com esse sincericídio”, disse
ao blog, na noite passada, um executivo da Petrobras. Duas coisas Dilma
já conseguiu. Conforme anotado aqui, ela ficou com uma cara de ‘ex-Dilma’.
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