Em
meio às denúncias de supostas regalias a presos do mensalão em
Brasília, o governador do Distrito Federal, fez uma visita ao
ex-ministro José Dirceu (PT) no Complexo Penitenciário da Papuda para
tratar de "assuntos pessoais"
O governador do DF, Agnelo Queiroz, em visita à fábrica social do DF, que produz bolas e bandeiras.
O encontro entre Agnelo Queiroz e José Dirceu
ocorreu no dia 20. É a segunda visita do governador do DF ao presídio
desde que os colegas de partido foram presos no fim do ano passado. Na
outra, ele foi verificar o estado de saúde do ex-presidente do PT José
Genoino.
Segundo a assessoria de Agnelo, após o governador inaugurar a Unidade
de Internação de São Sebastião, ele "aproveitou a ocasião para fazer uma
visita de inspeção às instalações da Papuda".
A visita foi revelada pela revista "Veja". Segundo a assessoria, o
ex-ministro manifestou sua expectativa em relação ao julgamento de
recurso ao Supremo Tribunal Federal, no qual foi inocentado do crime de
formação de quadrilha.
Na avaliação da Vara de Execuções Penais, como chefe do Executivo
local, Agnelo pode entrar no sistema prisional, mas tais visitas não são
comuns. E, apesar de não ser obrigatório, a presença do governador
deveria ser informada pela Subsecretaria do Sistema Prisional à Justiça.
No último 6 de janeiro, Dirceu recebeu ainda a visita de Heverton
Gisclan Silva, um dos chefes da Defensoria Pública da União, num dia em
que não são previstas visitas.
Silva não consta da lista de dez visitantes de Dirceu e também não atua
na defesa do ex-ministro, o que justificaria a entrada dele ao
presídio.
A Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal considerou a
visita de Silva irregular por não ter sido autorizada e abriu uma
investigação no início da semana para apurar o caso.
Procurado pela Folha, Silva admitiu a conversa com Dirceu e informou
que foi falar sobre o mensalão, do qual é estudioso. "Farei uma palestra
no campus de Feira de Santana, Universidade Federal da Bahia, no dia 29
de maio, quando abordarei o processo. Segui todas as regras de
segurança e fui autorizado a entrar pela administração carcerária ao
chegar na porta do presídio", disse.
No mesmo dia 6 de janeiro, quando Silva esteve no presídio, Dirceu
teria supostamente usado um celular, como revelou a Folha, o que é
considerado irregular. Silva nega que tenha feito a ligação. "Deixei o
meu celular na porta do presídio", disse.
Silva é chefe da chamada categoria especial da Defensoria Pública da
União, posto onde defensores atuam nas cortes superiores. O advogado de
Dirceu, José Luis Oliveira Lima, disse não ter conhecimento da visita e
por isso não poderia falar sobre isso.
Nesta semana o Ministério Público do DF pediu que a Justiça acabe com
supostas regalias a presos do mensalão. Em resposta ao pedido, a Justiça
suspendeu temporariamente o trabalho externo de Delúbio Soares na CUT.
O juiz Bruno Ribeiro ordenou que sejam investigadas supostas regalias a
Delúbio e outros presos do mensalão. Dirceu foi condenado a 7 anos e 11
meses de prisão e cumpre pena no Centro Integrado de Reabilitação.
Delúbio, condenado a 6 anos e 8 meses, voltou ao centro após ter o
trabalho externo suspenso.
Fonte: MATHEUS LEITÃO e MARIANA HAUBERT - Coluna Poder.
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