Outdoor sobre operação tartaruga instalado por PMs do DF
O Tribunal de Justiça negou na noite deste domingo (23) os pedidos de
habeas corpus para a soltura de oito dos 12 policiais militares presos
suspeitos de incitar a operação tartaruga no Distrito Federal, segundo o
advogado Elton Barbosa. O órgão alegou adotar a postura para manter a
ordem pública.
"O fundamento utilizado não é legítimo. Vamos recorrer", disse Barbosa,
que é o presidente do Fórum dos Integrantes das Carreiras Típicas de
Estado do DF.
Insatisfeitos com o resultado da análise, PMs se inspiraram no que
ocorreu com réus do mensalão condenados a pagar multas e divulgaram por
meio de redes sociais a criação de uma conta bancária para arrecadar
dinheiro para ajudar a custear advogados particulares para os presos.
Dos que chegaram a pedir habeas corpus, cinco pertencem ao Batalhão
Ambiental, enquanto os outros três são do Batalhão de Cães. No grupo dos
detidos, há também um capitão que trabalhava na comunicação social da
corporação.
O grupo foi levado para a Corregedoria da PM entre quinta e sexta por
suspeita de cometer vários crimes militares, incluindo incitação à
desobediência, incitação à violência e publicações indevidas. Os
policiais devem permanecer presos por pelo menos 30 dias. Em coletiva, o
corregedor-geral, Civaldo Florêncio, disse que os militares não são
bandidos, mas que a medida foi adotada para restabelecer a ordem e a
hierarquia dentro da corporação.
Membro da base aliada do GDF na Câmara Legislativa, o deputado Patrício
(PT), que é cabo da PM, afirmou considerar que as prisões são
arbitrárias. "Restringir a liberdade de alguém, só se estivesse
atrapalhando as investigações", disse ao G1.
Patrício participou de uma manifestação dos praças da PM nesta semana,
em repúdio à forma como o GDF encerrou as negociações por reajustes
salariais. Após uma primeira reunião, com todos os PMs, que rejeitou a
proposta de reajuste de 22% escalonado em três anos e aumentos nos
benefícios de acordo com as patentes, o comando convocou uma segunda
assembleia que excluía soldados e aprovou o projeto do governo.
Os PMs deflagraram a operação em outubro, por falta de reajuste
policial. Com isso, o policiamento ostensivo ficou enfraquecido. O
número de mortes em janeiro, por exemplo, cresceu mais de 40% em relação
ao mesmo período do ano passado.
O Tribunal de Justiça pôs fim à operação, acatando o pedido do
Ministério Público para declará-la ilegal. O descumprimento da decisão
tinha como pena multa diária de R$ 100 mil.
Negociações e divergências
O comandante-geral da PM, coronel Anderson Moura, vai nomear nesta
segunda-feira (24) uma comissão para elaborar o texto da proposta de
reestruturação da carreira. Não foi informado horário provável em que o
grupo de trabalho será criado.
A categoria ficou dividida depois que o GDF encerrou as negociações
sobre reajustes salariais publicando, na quarta, dois decretos. Os
líderes das associações decidiram em reunião não se posicionar contra a
medida, mas anunciaram que vão enviar carta de repúdio a Agnelo Queiroz.
Em um e-mail divulgado na noite de quarta, havia orientações para que a
categoria boicote as atividades. Entre elas, está até mesmo dar
informações incorretas a turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo,
orientando-os a ir a lugares a mais de 40 quilômetros do centro de
Brasília, onde ocorrerão os jogos.
"[Sobre] informações aos turistas estrangeiros: oriento-os de maneira
incorreta (mande-os para o Sol Nascente, Águas Lindas, Planaltina, Vale
do Amanhecer etc.), e só os ajudem, claro, de forma incorreta, se ele
(estrangeiro) souber falar português (mesmo que o policial saiba falar
outra língua)", diz o e-mail que circula entre os PMs. O texto não é
assinado.
O grupo criticou a postura do governo e do comandante-geral, que disse
que a primeira assembleia para votar a proposta do GDF – reajuste de 22%
escalonado ao longo de três anos – não foi válida porque a maioria dos
presentes tinha pouco tempo na corporação.
A assembleia foi realizada em frente ao Palácio do Buriti na manhã de
terça. "A maioria do efetivo (cerca de 85%) não está satisfeita com a
'esmola' proposta pelo GDF, e também muitos policiais estão sendo
perseguidos (inclusive eu) por ser 'novinho'", completou o PM.
Fonte: Portal G1 DF Por Raquel Morais.
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