
No PSDB, Luiz Pitiman pode desistir de concorrer, abrindo caminho para outros correligionários
Aliados dos ex-governadores José
Roberto Arruda e Joaquim Roriz querem unificar o grupo, mas há
divergências internas e partidos com mais de uma pré-candidatura.

Márcio Machado
Engenheiro civil, comandou por dois mandatos o Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon/DF). Em 2007, o tucano foi nomeado para a Secretaria de Obras, durante a gestão de José Roberto Arruda e atuou como braço direito do governador. Deixou a presidência regional do PSDB depois do escândalo do Mensalão do DEM e sofreu uma condenação por fraude em licitação, conseguindo absolvição em segunda instância no fim do ano passado.

Izalci Lucas
Professor e contador, foi deputado distrital pelo PFL (atual DEM) entre 2003 e 2006 e é deputado federal desde 2007. Licenciou-se da Câmara dos Deputados duas vezes para atuar como secretário de Ciência e Tecnologia entre 2004 e 2010, nos governos de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda. Em 2009, Izalci trocou o DEM pelo PR e, em 2012, mudou novamente de partido, alojando-se no PSDB.

Luiz Pitiman
Empresário, elegeu-se deputado federal pelo PMDB em 2010. Conseguiu o primeiro mandato político depois de um período à frente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital, ainda durante a gestão de José Roberto Arruda. Em 2011, foi nomeado secretário de Obras pelo governador Agnelo Queiroz mas, sete meses depois, deixou a pasta e passou a fazer críticas ao governo. No ano passado, filiou-se ao PSDB.
Tendência
Tendência
A oposição no Distrito Federal começou 2014 pulverizada e sem a definição de um nome forte para as eleições de outubro. Integrantes de partidos como PSDB, PR, PRTB e DEM, entretanto, pretendem acelerar os entendimentos para antecipar a decisão sobre a formação de uma chapa unificada. Os debates internos nas legendas devem avançar rapidamente em fevereiro para que o grupo ligado aos ex-governadores José Roberto Arruda e Joaquim Roriz tenha um candidato oficial até o início de março.
Até lá, será preciso pacificar internamente cada partido, com a definição de pré-candidaturas. Algumas legendas, como o PSDB, têm um número grande de interessados em concorrer ao Palácio do Buriti, o que pode se tornar um empecilho à unificação da oposição. Líderes partidários rejeitam por enquanto a realização de prévias e defendem um entendimento para que não haja novos rachas no grupo.
A situação mais complicada é a dos tucanos. Os deputados federais Luiz Pitiman e Izalci Lucas e o ex-secretário de Obras Márcio Machado já declararam publicamente que são pré-candidatos. A cúpula do partido, por hora, rejeita a possibilidade de prévias. O cenário, entretanto, pode desanuviar um pouco nos próximos dias: depois de articular sua candidatura com vários setores do partido, Luiz Pitiman admitiu ontem pela primeira vez a possibilidade de abrir mão da disputa. Segundo ele, a pedido da família.
Ele se encontrou com o colega Izalci Lucas no último fim de semana, em um restaurante do Lago Norte. Conversaram, pediram apoio mútuo, mas não se comprometeram a desistir da pré-candidatura. Ontem, entretanto, Pitiman disse sua disposição mudou e pode recuar. Mas negou que a decisão tenha relação com a conversa com o correligionário. “Reuni minha família no fim de semana e todos me pediram que eu não seja candidato. Eles lembraram que, depois de quatro anos de mandato, já dei uma importante contribuição a Brasília”, afirma. “Com essa decisão da minha mulher e dos meus filhos, pode ser que eu desista não só da pré-candidatura, mas também da vida política, para evitar um conflito familiar”, explicou o deputado federal. “Vou fazer uma reflexão profunda antes de tomar uma decisão definitiva”, acrescentou.
A possibilidade de Pitiman deixar a corrida eleitoral pegou de surpresa os adversários internos. O deputado havia dito que oficializaria a pré-candidatura junto ao diretório regional do PSDB ontem. Mas recuou. Izalci Lucas disse que pediu a Pitiman para sair da disputa, mas se surpreendeu com a decisão do colega de bancada e de partido. “Conversamos muito no fim de semana e eu disse a ele que tenho mais tempo de política. Fui secretário por dois governos e deputado distrital. Disse a ele que, se não decidíssemos, alguém resolveria por nós”, explica Izalci.
O deputado federal explica que a tendência é de que o PSDB tenha candidato próprio, mas não descarta totalmente negociar a cabeça de chapa em prol da união da oposição. “Eu mantenho a minha pré-candidatura e vou intensificar as articulações a partir de agora. O Aécio Neves precisará de um candidato para ter palanque em Brasília”, justifica Izalci Lucas. “Em princípio, não abriremos mão da cabeça de chapa, mas vamos conversar com todos. O DEM, por exemplo, é um aliado natural”, diz o deputado.
No fim de 2013, Izalci se reuniu com os ex-deputados Jofran Frejat (PR) e Alberto Fraga (DEM) para discutir a formação de uma chapa e de uma coligação. Mas a decisão vai passar pelo crivo de caciques políticos como os ex-governadores Joaquim Roriz (PRTB) e José Roberto Arruda (PR). Aliados afirmam que os dois são pré-candidatos ao Palácio do Buriti mas, nos bastidores, eles conversam e tentam atrair outros nomes fortes e partidos para a aliança.
Protagonismo
O ex-secretário de Obras Márcio Machado, ex-presidente regional do PSDB no DF, não abre mão da pré-candidatura, mas aposta na unificação do partido. “Vamos buscar o entendimento até o último minuto. O partido tem que estar afinado para depois buscar a união de toda a oposição. O objetivo comum é tirar o PT do governo”, explica.
Márcio Machado havia saído da cena política nos últimos anos, depois de ser condenado por fraude na licitação para reforma do ginásio Nilson Nelson. Mas, depois de recorrer, foi absolvido em segunda instância e decidiu reassumir o protagonismo no partido, lançando a pré-candidatura. “Acho que meu nome pode unir o partido e vou trabalhar por isso. Tenho 20 anos de história no PSDB”, diz Machado.
Além das pendências internas no PSDB, outros partidos da oposição também buscam unificar o discurso para a próxima fase da formação de chapas, que será a articulação entre as diferentes legendas. Aliados de Roriz e Arruda acompanham com atenção os próximos passos dos caciques e aguardam ansiosos para saber se eles serão mesmo candidatos. Caso tenham impedimentos jurídicos de disputar as eleições em outubro, os ex-governadores vão participar diretamente da escolha do representante da oposição.
No campo da esquerda, já são pelo menos quatro pré-candidaturas. O governador Agnelo Queiroz (PT), o deputado federal Reguffe (PDT), o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) e Antônio Carlos de Andrade, o Toninho do PSol, já anunciaram a disposição em participar da corrida pelo Buriti. Mas o número pode diminuir com a possível união de alguns desses políticos.
Pesquisas e nova legenda
Desde que se elegeu deputado, Luiz Pitiman trabalha para se consolidar como candidato a governador. A ideia o colocou em rota de colisão com petistas e com o vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), de quem era um grande aliado. Para viabilizar o projeto, migrou do PMDB para o PSDB, aproximou-se do senador Aécio Neves, presidenciável tucano, e tem consultado pesquisas de opinião.
Fonte: Jornal Correio Braziliense - Por Helena Mader.
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