Pré-candidato ao Buriti, o tucano Izalci Lucas acredita que pode liderar nas eleições deste ano não apenas o seu partido, PSDB, mas toda a oposição a atual gestão. Porém, o deputado federal crê que isso só deva ocorrer no segundo turno, já que os candidatos anti-PT estão todos dispostos a entrar na briga pelo Executivo local.
Em entrevista ao Jornal de Brasília, Izalci fala entre outras coisas, das dificuldades de consolidar no DF palanque para o pré-candidato à presidência Aécio Neves e da prioridade do partido de voltar a governar o País.
O parlamentar ainda denuncia irregularidades na gestão da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) e fala sobre a disputa interna no PSDB para decidir quem será o nome que representará a sigla nas urnas.
Faltando praticamente nove meses para as eleições, o PSDB não tem definido um palanque para o provável candidato a presidência Aécio Neves. Ao que se dá isso?
Agora é o momento para essa decisão. O PSDB tem conversado sobre o tema e o Aécio colocou que sua candidatura será anunciado a partir de março. O Aécio é um político experiente, articulador e acredita que em tudo há um momento e para ele o momento será março.
Hoje temos três candidatos já anunciados no PSDB, como será definido quem disputará ao governo e quem formará o palanque?
Tudo é possível. O que temos que entender hoje é que a grande prioridade do PSDB é ganhar a presidência da República com a candidatura do Aécio. Mas evidentemente, para fortalecer a candidatura dele, é necessário ter uma candidatura própria, assim como pré-candidatos a distrital ou a federal. Eu vejo que são três candidatos legítimos, mas há de se respeitar a história, o tempo, o projeto. Eu particularmente venho trabalhando desde 2011 um projeto para Brasília para os próximos 50 anos, que está bem avançando. Então espero que um dos critérios para se definir não seja apenas nome, apesar que para mim seria muito bom, pois eu trabalho há muitos anos e não tenho rejeição da população.
O senhor vê como possível a formação de uma frente de oposição para a disputa do governo em Brasília?
Eu acho totalmente viável, até porque nos temos que unir a oposição para ganhar. A frente de oposição é perfeitamente viável. Eu tenho conversado com o José Roberto Arruda (PR), com o Jofran Frejat (PR), o Alberto Fraga (DEM), a Eliana Pedrosa (PPS) e eu acredito que lá na frente nós vamos estar juntos. Então ela tem grandes possibilidades de acontecer. O Arruda diz que é candidatíssimo, mas nós estamos tentando convencê-lo a dar um tempo e a me apoiar. Eu fui secretário do Arruda e também do Roriz, então acho que é a hora da retribuição. A prioridade para a sociedade brasiliense e brasileira é tirar o PT do governo.
Qual sua avaliação do governo petista e da oposição tucana?
Eu sempre digo que o PT não sabe governar, assim como nós não sabemos, e eu nem quero fazer oposição do jeito que eles fazem: de forma irresponsável. Eles não sabem governar, seja nas esfera nacional ou na local, basta ver a falta de planejamento. A presidente Dilma Rousseff mesmo está aprendendo a governar durante a gestão. Você vê que hoje, praticamente no final do governo, é que estão começando as privatizações, que eles estão dando outro nome. Mas não dá para você aprender governando.
Falando ainda de oposição, no DF todo mundo que é de oposição tem um candidato próprio ao governo, esse número de candidatos pode atrapalhar a tentativa de tirar o PT do governo?
Estarmos unidos é muito bom, mas, se você observar a nível nacional, quanto mais candidaturas melhor. Não é o caso de Brasília, pois aqui a rejeição é muito grande, bastaria a união e não precisaria de tantas candidaturas. Os partidos que apoiaram o governo na última eleição já começaram a se dividir. A força maior do governo na última eleição, foi exatamente o Cristovam, o Reguffe e o Rollemberg, que já estão fora do governo. Ainda se trabalha com a possibilidade do Reguffe sair candidato ao governo.
Acha possível, como ocorre no nordeste e no sudeste, uma conversa entre PSDB e PSB aqui no DF?
Nada é impossível, como eu disse a prioridade é a candidatura do Aécio. Então se ele entender que tal composição seja boa para o projeto, nós vamos apoiar integralmente, pois nós temos essa prioridade. Precisamos ganhar o governo federal, pois é muito melhor governar tendo o mesmo partido governando em âmbito nacional. Mas a estratégia hoje não é dividir. A proposta de união é para o segundo turno. Então acredito que nós devemos caminhar separados, com candidatura própria.
Em uma pesquisa o senhor foi um dos destaques na atuação parlamentar, ao que se deve esse resultado?
Isso é em função de muito trabalho, pois me dedico muito naquilo que faço. Eu fui para a Câmara dos Deputados para defender a educação e a ciência e tecnologia, que são minhas bandeiras. Na educação consegui a aprovação do Plano Nacional de Educação, que talvez seja o projeto mais importante para o País aprovado no Congresso.
O que tem a apresentar ainda na sua área de atuação?
Na área de ciência e tecnologia, quando voltar o recesso, vamos votar uma proposta minha, que muda a Constituição nesse quesito. Eu sou o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia e recebemos pessoas do setor, onde debatemos todos as demandas. Foi consenso, hoje o governo e a oposição estão de acordo com o projeto aprovado.
Como o senhor avalia o trabalho da Câmara dos Deputados?
Na Câmara, quem quer trabalhar tem trabalho. Eu, por exemplo, sou vice-líder do meu partido, então temos que entender de todos os assuntos. Tem político que se elege por várias vezes e não consegue aprovar nenhum projeto.
Caso o senhor não seja o candidato, o senhor disputaria a reeleição?
Iria com muita insatisfação, porque o dever de casa eu acredito que já fiz. Por que eu quero ser governador? No sistema presidencialista quem manda é a caneta. Não adianta ser deputado federal, senador que não tem poderes de execução. Quem executa é o governo. Então eu preparei o terreno e nós estamos prontos para executar o que a gente acredita, que são serviços de qualidade “Padrão Fifa”.
Como deve ser a candidatura dos postulantes?
Eu acredito que, seja de quem for, a população espera uma proposta concreta e não promessas, porque o governo prometeu muito, inclusive assinou documento. Eles não fizeram o que se comprometeram a fazer. Acho que essas propostas demagógicas tem que acabar, a população não vai mais acreditar nisso.
Levando em conta a relação de parceria entre o PSDB e o DEM e que o presidente regional Alberto Fraga também é pré-candidato, há espaço para uma aliança?
O Fraga foi secretário do Arruda e o Jofran Frejat (PR) do Roriz e eu dos dois e entre nós não há rejeição. Qualquer um que for escolhido não teremos dificuldades em trabalharmos juntos. Eu acredito que minha chapa ideal seria eu como cabeça, o Jofran como vice e o Fraga senador, até porque acredito que ele quer o Legislativo e não o Executivo. Ou talvez a Eliana para o Senado, caso o Fraga vá para federal. Acho que com os quatro nós conseguiríamos ganhar a eleição, com apoio, evidentemente, de Roriz e Arruda, que também é do grupo deles.
O senhor tentou abrir uma CPI da Copa, mas no último momento senadores tiraram as assinaturas. Qual a sensação de não ter emplacado a comissão?
Há um número de denúncias de superfaturamento não só em Brasília, mas no Brasil todo. Aqui de uma forma especial. Foram disponibilizado pelo BNDES R$ 400 milhões para todas as sedes da Copa. Todos os estados pegaram para a construção dos estádios e Brasília foi a única que não pegou. E, só tem uma explicação: Eu estive no Tribunal de Contas da União para saber, disseram que eles não querem prestar contas para o TCU. Eles querem prestar contas aqui, pois é mais fácil, pois eles vão indicar mais um conselheiro e daqui a pouco o TCDF estará composto por gente do governo.
Por onde começaria o seu governo, caso eleito?
Quando começar o governo vamos atacar em todas as áreas. Saúde, educação, segurança e mobilidade são os principais gargalos que temos em Brasília, mas, por exemplo, a Cidade Digital está do mesmo jeito que deixei.
Qual o problema nesse caso?
Eles jogaram o parque para a Terracap, que não tem outro interesse senão ganhar dinheiro e distribuir lucros para os diretores. Ela distribui lucro. Agora imagina, o terreno é do governo, eles fazem os editais, participam dos lucros e ainda inventaram coisas novas, que é a participação nos resultados. O que mais tem hoje na Terracap é tramoia e especulação para ganhar dinheiro e não é para o governo, e sim para eles mesmos. É tudo carta marcada.
Como assim?
Tem processos, em que fizeram edital de um terreno no Setor Bancário, daí não foi a pessoa que eles queriam que ganhasse, eles cancelaram o edital porque queriam que outro ganhasse, fizeram novamente, a Justiça bloqueou, mas eles conseguiram que a pessoa que eles queriam que ganhasse ganhou e agora tá na Justiça.
As pessoas tem procurado para denunciar?
Eu recebo denúncias todos dias. Tempos atrás eu recebi uma da Escola de Música. Eu vi no jornal que o evento era gratuito. Não houve até 2008 nenhum deles que custou mais de R$ 2 milhões, esse agora está saindo por R$ 16 milhões. A empresa que ganhou, cobra R$ 70 R$ 80 para cada um e paga R$ 8 mil para o cara que vem. Eu, por exemplo, tentei fazer uma auditoria na Terracap, pois ali tem coisas absurdas, mas não consegui porque tem uma decisão do Supremo Tribunal Federal que proíbe a participação da esfera federal, mesmo a Terracap sendo 49% da União. Por isso, temos que fazer isso de forma indireta.
Qual a sua opinião sobre a base do governo na Câmara Legislativa?
A gente não entende, “por quê em Brasília um governo que tem 80% de rejeição tem mais de 90% de aprovação na Câmara Legislativa”. Dos 24 distritais, 21 são situação e de vez em quando 22. O que explica isso são as emendas, onde em um show eles pagam R$ 400 mil para um artista. Tenho um amigo em Taguatinga que toda semana tem artistas cantando e ele paga R$ 2 no máximo R$ 3 mil e para o mesmo cantor o GDF paga R$ 50 mil.
O espaço de cargos, dados aos deputados tem influência nessa aprovação?
Grande parte dos deputados acreditam que o que reelege é isso, cargos, grana e tal. Ajuda, mas as administrações hoje são comandadas por 97% de comissionados, daí as empresas da cidade não andam por não conseguirem um alvará. Outro dia fui a uma reunião da Associação Comercial e três empresários me disseram: “para conseguir alvará é preciso dar propina”, uma semana depois, apareceram as denúncias de Taguatinga e Águas Claras.
Fonte: Jornal de Brasília / Guardian Notícias - redacao@guardiannoticias.com.br
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