ACESSOS

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Na Casa do Espanto, cantaram Xó Satanás!!!

 Não é de hoje que a imagem da Câmara Legislativa sofre desgaste. Isso a ponto de manifestações exigirem o fechamento do prédio, que já foi apelidado como “Casa do Espanto”. 

Mas é claro que há um esforço de toda legislatura de tentar mudar essa pecha. Só que a tarefa não é fácil.

Tudo bem os registros de hostilidade contra políticos por parte da população, que muitas vezes utiliza-se do Estado Democrático de Direito para expressar suas opiniões, por mais raivosas que sejam. Tolerável.

O problema é quando essa falta de respeito chega dentro da própria Casa, por quem é pago e trabalha pelo legislativo. Ou pelo menos deveria.

Uma cena lamentável foi testemunhada pelos presentes na última sessão legislativa do ano na Câmara Distrital. O funcionário Sandro Vieira, braço direito da distrital Celina Leão (PDT), ao discordar do ponto de vista de um parlamentar, sentiu-se no direito de ultrapassar seu limite de empregado para debater com o mandatário.

Em casa democrática, um debate rico de ideias sempre é bem-vindo. O problema é que isso foi tudo que não ocorreu.

Visualmente transtornado por não ter seus interesses atendidos naquele momento, o servidor Sandro Vieira decidiu partir para cima do deputado Chico Vigilante, pertencente à corrente esquerdista. Ao ver a cena, a também distrital Arlete Sampaio (PT) foi socorrer o companheiro. Levou um grito e, de quebra, um dedo a riste na cara.

Pouco tenho contato, mas sempre soube da integridade da deputada Arlete. Uma mulher que, como poucos, realmente traçou uma história limpa no Distrito Federal. Médica, uma senhora de pouco mais de 60 anos, decidiu largar o jaleco para dedicar-se à ideologia e a um projeto político.

Se é de temperamento forte, não interessa. Por ser mulher, já merecia respeito. Mas Arlete é uma das mulheres mais sérias daquela Casa. E tem mais: é uma parlamentar eleita, está no exercício do seu mandato, no seu local de trabalho, além de estarmos falando de uma ex-secretária de Estado e da ex-vice-governadora do Distrito Federal.

Que tipo de pensamento passa na cabeça de um assessor (?) que, teoricamente deveria auxiliar deputados, apontar o dedo na cara de uma pessoa com toda essa história acima narrada?

A indignação não é só deste jornalista. Foi também de vários deputados que decidiram interromper votações importantes para o Distrito Federal para, por algum momento, ensinar para o funcionário o que ele deveria ter trazido do berço, da criação.

O resultado não poderia ser diferente. O presidente da Casa, Wasny de Roure (PT), escorraçou o desaforado do plenário com o auxílio de três seguranças. O corregedor da Casa, Patrício (PT), adiantou que abriria um processo administrativo contra o servidor.

Nesta tarde, porém, o assessor de Celina Leão, Sandro Vieira, foi comunicado pela Presidência de sua exoneração. Nada mais acertado. A decisão foi tomada à revelia de sua chefia.

Pode não parecer, mas estamos falando de um servidor de carreira do Judiciário  e requisitado há anos para o legislativo. Mesmo assim, não é de hoje que Sandro tem se metido em polêmicas. Foi um dos mais fiéis assessores da ex-deputada Eurides Brito – que ilustra nossas memórias da Caixa de Pandora naquele capítulo que escondeu dinheiro sujo dentro da própria bolsa.

Causou constrangimentos para os distritais quando fez lobby para tentar manter sua mãe e seu irmão funcionários da Câmara Legislativa mesmo com a lei contra o nepotismo já em vigor.

Por atitudes como a de Sandro é até justo que a Câmara Legislativa seja carimbada como a “Casa do Espanto”. Mas a resposta dos deputados distritais, ao se juntarem para solicitar em massa a exoneração à revelia do servidor, mostra que ninguém quer que o legislativo ganhe um novo apelido: o de “Casa da Mãe Joana”.

Realmente seria o fim da picada.

Fonte: Blog do Edson Sombra

Nenhum comentário:

Postar um comentário