A deputada Celina Leão (PDT)
participou da oitiva do diretor do DFTrans, Marco Antonio Campanella, na manhã
desta quinta-feira (31) na Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência
e Controle da Câmara Legislativa. O gestor teve que explicar a avalanche de
denúncias e irregularidades que estariam ocorrendo no DFTrans, autarquia responsável
pelo transporte público do Distrito Federal. A oitiva durou mais de quatro
horas e Campanella tratou a maioria das graves denuncias com naturalidade.
PASSAGENS - Celina Leão observou que a Câmara não pode se furtar do seu
principal papel, que é fiscalizar, neste
viés a parlamentar discorreu sobre a função do DFTrans em seu estatuto, para esclarecer que encaminhar a qualquer
concessionária um pedido de passagens aéreas foge completamente da função do
órgão, que é justamente fiscalizar as empresas concessionárias .
A deputada fez questão de ler o
que diz a lei sobre corrupção passiva:
O Código
Penal, em seu artigo 317, define o crime de corrupção passiva como o de
"solicitar ou receber, para si ou para outros, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem."
Em seguida perguntou se
Campanella deu o consentimento para que o pedido de passagens aéreas
para
filiados de seu partido fosse feito. Em resposta Campanella admitiu que
não é função do DFTrans e que estão “verificando se houve
favorecimento do
Grupo Amaral à época do pedido”. Ainda
acusou parlamentares de encaminharem a ele os pedidos que recebem de
passagens
e desqualificou Valmir Amaral. “O Estado está ausente e deficiente em
resolver
problemas, somos incitados a resolver esses problemas. O Amaral não tem
moral
para levantar dúvidas sobre mim”, disse. Campanella admite ter
conhecimento dos
pedidos de passagem quando afirmou: “Tenho
dito inclusive que não façam pedidos aos permissionários”.
PASSE ESTUDANTIL - Celina perguntou à Campanella sobre o aumento no passe estudantil, de acordo com relatório
do Tribunal de Contas o aumento é de quase 50% passou de R$ 38.759.197,50 para
R$ 63.555.212,74 – Como resposta Campanella diz que o governo passou a
subsidiar integramente o passe estudantil. “O GDF subsidiava uma parte e passou
a subsidiar integramente as passagens dos estudantes e deficientes, para garantimos a data base dos rodoviários, que só
foi possível graças a decisão do governador”.
INTERVENÇÃO – Celina lembrou que na época da intervenção do Grupo
Amaral já havia acontecido a licitação do transporte e perguntou a Campanella
se houve abertura de processo do DFTrans.
“Fico assustada com essa intervenção, porque a licitação já tinha acontecido, garagens
do grupo Amaral e linhas já estão sento usadas pelas novas empresas. Se o governo
tivesse segurado dois meses não precisaria
de um investimento tão alto. Foi feito um estudo técnico ou foi uma decisão de
governo?”, indagou a deputada.
Campanella confirmou que foi uma
decisão de governo para evitar um prejuízo social com a redução da frota de Amaral o que teria
gerado um prejuízo social incalculável com
o atraso que a população pode ter tido em seus compromissos. “Acho que Deus é
brasileiro e brasiliense, porque ninguém morreu nesses ônibus em três anos, é
impressionante”, avaliou.
Campanella disse que foi feito um
emergencial, mas que não houveram interessados e questionado sobre a data do
emergencial, não soube informar, mas Celina Leão solicitou o documento.
LICITAÇÃO - A deputada perguntou se o DFTrans
dispõem de equipe técnica graduada para participação e elaboração de uma licitação. “Pergunto
por que a licitação do Transporte está toda contaminada, com um advogado
suspeito. O valor foi o mais alto, quatro casas decimais e isso causa grande
instabilidade para nós e para os usuários do transporte público. O secretário
de Transportes disse que o advogado Sacha Reck figurava como técnico, mas se o
DFTrans tem técnicos o argumento enfraquece. O que percebo é uma distancia da secretaria e do DFTrans.” Destacou
Celina. “Tivemos ainda a vitória de duas empresas do mesmo grupo econômico, o
de Nenê Constantino, para operar duas bacias e ainda ganhou a bilhetagem. Como
o grupo Constantino pode operar como prestador de serviço e ao mesmo tempo se
pagar? Isso é conflito de interesses como vai se auto fiscalizar?” questionou
Celina.
Campanella disse que “a
posição
do DFTrans é a posição do governo, participamos com um técnico. A
Licitação
pelo número de ações derrubadas na justiça tem sustentação muito forte. A
mesma
família não constitui entre si o mesmo grupo econômico. A informação de
que a Transdata tem um sócio com o nome de Constantino chegou
agora. Não tínhamos nenhuma condição de mudar a empresa, isso iria
gerar transtorno e tumulto e
teríamos que fazer licitação” argumentou. Celina enfatizou que não é
apenas um
familiar de Constantino que figura na Transdata, mas vários.
Celina Leão criticou o DFTrans
como órgão fiscalizador. “A lei permite tirar carros de circulação com mais de
sete anos, mas vemos velharias rodando nas ruas da cidade, há ineficiência do
DFTrans “, apontou.
TARIFA - Celina observa que com a nova licitação houve um aumento
de tarifa, que fica em 30 centavos. “O Brasil hoje briga por 20 centavos, qual
será o impacto desses 30 centavos nos
cofres públicos?”. Campanella disse que
a “tarifa publica continua a mesma, mas a técnica aumentou é verdade. O
governador manteve a tarifa pública e subsidiará a tarifa técnica”, disse.
SALÁRIO DOS RODOVIÁRIOS – Celina revelou que a Auto Viação Marechal
ganhou o maior trecho e a empresa paga salário 300 reais abaixo da média local.
Quando o governo acata uma proposta está
acatando que o serviço vai ser prestado daquela forma. Então o governo mais uma vez vai subsidiar? Campanella confirma, o que para
Celina é um absurdo. ”Sim, o nosso corpo técnico está debruçado nunca
trabalhamos tanto, estamos estudando a questão do impacto”.
ÔNIBUS CLONADOS –
Celina relata que esteve em Sobradinho para
apurar uma denuncia e teve que chamar a policia. “Fui fazer uma
fiscalização e
ao parar três ônibus constatei que nenhum deles tinha o selo de vistoria
do
DFTrans, só do Rio de Janeiro, mas,
curiosamente, tinha o chip que é fornecido exclusivamente pelo DFTrans.
A tarifa estava adulterada e era maior,
a população estava sendo lesada em 90 centavos. Quero entender como um
chip desses vai parar dentro de um ônibus que é tido como
clonado. Há uma quadrilha assaltando a população, qual é a posição do
órgão
diante desta denuncia?”. Campanella disse que abriu uma sindicância para
apurar. “Tem que fazer o que a senhora fez que é denunciar”,
simplificou.
Os titulares da Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle foram os primeiros a ouvirem Campanella.
Ao final Celina Leão enfatizou sua insatisfação. “Não
fiquei convencida com a fala do Campanella, que não atinge o objetivo de
esclarecer as questões levantadas”, criticou.
Fonte: Assessoria da Deputada Distrital Celina Leão.
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