Pré-candidato
ao Palácio do Buriti, o senador do PSB ganha força com a chegada da
ex-senadora ao partido. Em 2010, ela foi a presidenciável mais votada no
Distrito Federal. O PDT, de Reguffe, quer se aliar aos socialistas no
âmbito local
Rollemberg e Reguffe negociam a
formação de uma chapa no DF, embora o partido do deputado federal apoie a
presidente Dilma Rousseff
A entrada de Marina Silva no PSB deixou a corrida eleitoral ao Palácio
do Buriti ainda mais disputada. A filiação vai inflar a candidatura do
senador Rodrigo Rollemberg, que já articula uma aliança com o PDT, de
José Antônio Reguffe. O deputado federal, um dos principais apoiadores
de Marina durante o processo de criação da Rede Sustentabilidade, não
descarta também concorrer ao governo, mas pode ser candidato ao Senado
ao lado de Rollemberg. A ex-senadora teve mais de 610 mil votos em 2010 e
terminou a disputa em primeiro lugar na capital federal. Por isso, a
presença de Marina nos palanques do DF pode ser decisiva no pleito do
ano que vem.
O fim do prazo para filiações partidárias deixou mais claro o cenário
político do DF. O governador Agnelo Queiroz praticamente fechou a
repetição da dobradinha com o PMDB do vice, Tadeu Filippelli, e deve ter
ao seu lado em 2014 representantes de legendas pequenas, como PPL, PV e
PTC. A filiação do ex-governador José Roberto Arruda ao PR e de Joaquim
Roriz ao PRTB, partido comandado no DF pelo ex-senador Luiz Estevão,
indica a formação de uma frente com perfil de direita, com aliança com
outras legendas como DEM e PSDB. Completa a corrida eleitoral o grupo
formado pelo PSB e PDT.
Na coletiva em que oficializou ontem sua filiação ao PSB, Marina Silva
afagou os aliados do DF. Disse que Reguffe e Rollemberg são “democratas”
e agradeceu o empenho da dupla para o registro da Rede Sustentabilidade
— vetado pela Justiça Eleitoral. Os dois políticos do DF se sentaram
bem próximos de Marina . Recém-filiada ao PDT, a distrital Celina Leão
também participou do evento. O deputado Reguffe diz que ainda será
preciso avançar nas negociações para fechar as alianças no DF. Ele
cogita duas possibilidades na aliança com o PSB: ele ser o candidato ao
governo com Rollemberg de vice, ou o senador como cabeça de chapa e
Reguffe candidato ao Senado. “Vamos discutir ainda qual será o melhor
caminho. Acredito que o PDT nacional dará o aval para essa aliança aqui
no Distrito Federal”, afirma o deputado federal. Ele participou de todas
as reuniões decisivas ao lado de Marina Silva nos últimos dias. “Acho
que Marina, mais uma vez, mostrou que é uma grande líder”, elogia.
Prioridade
O senador Rodrigo Rollemberg diz que a aliança com o PDT é prioritária.
Ele evita antecipar o debate sobre quem será o candidato cabeça de
chapa, mas lembra que vem se preparando para isso há bastante tempo.
Afirma que já formou até grupos temáticos para a elaboração de uma plano
de governo. “A nossa prioridade é ter um projeto para a nossa cidade,
que, nos últimos anos, infelizmente, frequentou as páginas policiais dos
jornais”, comenta. Ele comemorou a filiação da ex-senadora. “O
histórico de Marina Silva é de muita coerência. E o PSB sempre defendeu o
direito da Rede de se organizar”, acrescenta.
O governador Agnelo Queiroz evitou ontem comentar o assunto. Ele disse
que “está focado em governar” e que não pensa nas eleições ainda. Sobre a
influência da filiação da ex-senadora no cenário local, Agnelo, que
inaugurou obras no Parque Saburo Onayama em Taguatinga, demonstrou que
conta com o PDT em sua base. “Não é certo que o PDT vá para o colo do
PSB”, comentou.
O presidente do PT-DF, deputado federal Roberto Policarpo, admitiu que a
filiação de Marina Silva ao PSB vai fortalecer a candidatura de
Rollemberg ao Executivo, mas disse que a chapa apadrinhada pela
ex-senadora precisaria de mais estrutura para ser viabilizada. “Já
esperávamos que Rollemberg e Marina viessem juntos, então o quadro não
altera muito. Nacionalmente, acho que Marina, como vice, não deverá
transferir todos seus votos à chapa com o PSB, além de distanciar
partidos como o PSol, que a apoiariam na Rede”, opinou.
Reflexos
A ex-deputada Maria José Maninha, do PSol, admite que a chegada de
Marina Silva ao PSB terá reflexos nas eleições do DF. Por enquanto, o
partido aguarda as convenções regionais e nacionais para definir o
destino da legenda no DF. Rollemberg sonha com o apoio do PSol e de seus
principais líderes no DF, Maninha e Toninho. “Essa decisão vai
fortalecer muito a campanha do PSB no DF, não há dúvidas, além de atrair
o PDT para a chapa do Rodrigo Rollemberg. Seria uma grande frente
formada”, reconhece Maninha. “Por enquanto, somos apenas espectadores”,
acrescenta.
A notícia da filiação de Marina foi bem recebida pela distrital Liliane
Roriz (PRTB). “Marina tem potencial para ser presidente da República e
sua candidatura representa mais uma opção para o eleitor”, disse. No
âmbito local, ela concordou que a candidatura de Rollemberg ao Executivo
sai fortalecida após a chegada da ex-senadora, mas disse que a hora é
de aguardar as composições partidárias. “Defendo uma grande aliança para
fazer frente ao PT, mas a viabilidade de cada nome só será conhecida no
futuro”, afirmou.
O que diz a lei
» O Tribunal Superior Eleitoral define 5 de outubro de 2013 (um ano
antes das eleições) como a data limite para que os candidatos mudem de
partido. Trata-se do prazo final para que sejam deferidas e formalizadas
as novas filiações, por parte dos diretórios partidários, daqueles que
pretendem concorrer a cargos eletivos. É também o dia D para que os
filiados estejam regularizados nos Tribunais Regionais Eleitorais quanto
à situação de domicílio eleitoral nos estados nos quais pretendem
concorrer. Significa que a transferência de endereço de uma unidade da
Federação para a outra, caso ocorra, deve estar formalizada, no máximo,
até esse prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral.
Cenário
Com o fim do prazo para filiações partidárias, confira como fica o panorama político no Distrito Federal:
Agnelo Queiroz (PT)
O governador do Distrito Federal praticamente fechou a repetição da
dobradinha com o PMDB para o ano que vem. Depois de rumores do fim da
aliança com o vice-governador, Tadeu Filippelli, os dois posaram para
fotos com os presidentes nacionais das duas legendas e ainda articularam
a filiação do secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, ao PMDB.
Por outro lado, a adesão de Marina Silva ao PSB representa um baque para
Agnelo, já que fortalece a candidatura do senador Rodrigo Rollemberg ao
Palácio do Buriti.
Reguffe (PDT)
O deputado federal sai fortalecido das recentes reviravoltas políticas.
Reguffe foi um dos mais engajados entusiastas da criação da Rede
Sustentabilidade e esteve ao lado de Marina Silva durante o processo de
coleta de assinaturas. Ele enfrentou o contratempo de ver o partido
rejeitado pelo TSE, mas participou ativamente das articulações para a
filiação de Marina ao PSB. Agora, terá à frente duas opções: ser
candidato ao governo ou concorrer ao Senado na chapa de Rodrigo
Rollemberg.
Joaquim Roriz (PRTB)
O ex-governador Joaquim Roriz saiu desgastado do episódio da rejeição
pelo DEM. Depois de receber um convite para se filiar ao partido, viu
seu nome barrado pelo diretório nacional da legenda. Ainda assim,
conseguiu reverter rapidamente a questão anunciando sua entrada no PRTB,
legenda do ex-senador Luiz Estevão. A deputada distrital Liliane Roriz
também se filiou ao partido e é vista como potencial herdeira dos votos
do ex-governador, caso ele não possa concorrer ao Palácio do Buriti.
Rodrigo Rollemberg (PSB)
O senador também apoiou publicamente a criação do partido de Marina
Silva e ficou abatido com a decisão do TSE que rejeitou a Rede. Mas saiu
vitorioso da primeira etapa da corrida eleitoral, já que terá Marina
Silva em seu partido. A ex-senadora teve mais de 610 mil votos no DF em
2010 e acabou a disputa à Presidência em primeiro lugar na capital do
país. Rodrigo Rollemberg será candidato ao governo e negocia uma aliança
com partidos como PDT e PSol.
José Roberto Arruda (PR)
O ex-governador, que está afastado da política desde que teve o mandato
cassado pelo TRE/DF por infidelidade partidária, escolheu o PR para
voltar ao cenário local. Para isso, conseguiu mudar o diretório
regional, desalojando o deputado Ronaldo Fonseca do comando da legenda e
do partido. Apesar de ter enfrentado a resistência de caciques
nacionais do PR, Arruda e seu grupo agora têm a liderança da sigla no
DF. O ex-governador também sai fortalecido desta etapa porque conseguiu
alojar aliados em importantes partidos como PSDB, PPS e DEM.
Fonte: Correio Braziliense - Por Helena Mader e Arthur Paganini
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