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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Diretor do DFTrans fala por 4 horas em comissão na Câmara Legislativa 'Marco Antonio Campanella'


O diretor-geral do DFTrans, Marco Antonio Campanella, prestou esclarecimentos por quatro horas durante reunião na Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle da Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta quinta-feira (31).

O diretor foi convocado depois que um documento de 2,5 mil páginas, elaborado pela Associação dos Auditores Fiscais de Transporte (Assefit), foi entregue aos membros da comissão. O mesmo documento foi entregue ao Tribunal de Contas, ao Ministério Público e à Secretaria de Transparência.

Entre as denúncias, os auditores afirmam que a gestão do Sistema de Bilhetagem Automática (SBA) é feita por servidores comissionados ligados a Campanella e que a direção do DFTrans impede que os auditores façam fiscalizem o órgão.

A comissão também investiga o aparelhamento do órgão para fins partidários, suspeita de bilhetagem superfaturada e desvio de recursos no sistema do SBA. 

Passagens pagas por operadora 

Campanella foi questionado pela deputada Celina Leão (PDT) e pela deputada Eliana Pedrosa (PPS) sobre a denúncia de que dois ex-chefes de gabinete dele encaminhavam pedidos de passagens aéreas a uma diretora de empresas do Grupo Amaral. 

Empresas do Grupo Amaral operavam no sistema de transporte coletivo do DF até sofrerem intervenção do GDF, em fevereiro.

As passagens eram destinadas a sindicalistas e filiados do PPL, partido presidido no DF pelo diretor do DFTrans.

“Não entendo como função nem objetivo do DFTrans encaminhar a um concessionário do serviço público do DF o pedido de passagens aéreas”, disse a deputada Celina Leão. “Se fossem passagens rodoviárias, talvez cairia mais dentro do contexto do órgão."

“Queria perguntar para o Campanella se ele acha natural uma empresa fazer fiscalização de transporte e pedir passagens aéreas, seja filiado ou não ao PPL, a um concessionário, à pessoa que presta serviço, que deve obrigação", questionou Celina.

Campanella afirmou que não tinha conhecimento da solicitação. "A nossa chefia de gabinete centraliza pedidos de toda natureza, centenas de pedidos todos os meses para atender entidades sindicais, filantrópicas, idosos. As solicitações são encaminhadas, mas não representam nenhuma troca de favores.”

“Não há nenhum favorecimento ao grupo. Fizemos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Grupo Amaral e cobramos implacavelmente o cumprimento do TAC na Justiça", disse. “Não peço para ninguém que me pede passagens atestado de filiação partidária”, disse.

Auditores que assistiam à reunião da comissão da CLDF levantaram cartazes escritos com a palavra "mentira" durante fala do diretor do DFTrans, Marco Antônio Campanella (Foto: Isabella Formiga/G1) 
Auditores que assistiam à reunião da comissão da CLDF levantaram cartazes escritos com a palavra "mentira" durante fala do diretor do DFTrans, Marco Antônio Campanella

O diretor do órgão afirmou que o dono do Grupo Amaral agiu com 'revanchismo' depois que o GDF interveio nas operações de ônibus da empresa e que o empresário não tem “autoridade moral” para falar dele.

“Não posso aceitar que esse senhor possa levantar qualquer tipo de dúvida sobre a nossa postura à frente do DFTrans, porque ele não tem autoridade moral para isso. Foi o primeiro barão do transporte que derrubamos graças à ação corajosa do governador e isso é prova irrefutável de que não houve favorecimento.”

“Seu Valmir Amaral é um mentiroso, mentiroso, e vamos processá-lo na Justiça. Ele vai pagar pelo que ele disse, por essa infâmia”, disse Campanella. 

Filiações no DFTrans 

Campanella negou que haja aparelhamento do DFTrans e que os servidores comissionados do órgão sejam filiados ao PPL. Segundo ele, apenas 13 de 88 servidores são do partido. Na direção do DFTrans, dois servidores são ligados ao partido e três ao PT, informou. 

Saiba mais
 
    "Esses dados demonstram de forma cabal que não há da nossa parte e do uso de cargos comissionados ou qualquer tipo de favorecimento ao nosso partido."

    O deputado Joe Valle questionou o diretor sobre ônibus de duas empresas com contratos emergenciais vencidos que foram flagrados circulando sem cobertura e com validadores.

    Campanella atribui a circulação dos veículos à fiscalização ineficiente dos auditores, o que provocou alvoroço na comissão.

    Parte dos auditores que estavam presentes levantou placas escritas com a palavra “mentira”.

    Houve também aplausos em apoio ao diretor. O presidente da comissão, Joe Valle, pediu que os participantes não se manifestassem para não transformar a comissão em “palanque”. 

    Investigação 

    A relatora do caso na comissão, deputada Eliana Pedrosa, afirmou que não recebeu do DFTrans os documentos solicitados, como cópias de processos, documentos de fiscalização e multas.

    O deputado Joe Valle (PDT), presidente da comissão, também reclamou que os distritais que investigam as denúncias não receberam as senhas de acesso ao Sistema de Bilhetagem Automática (SBA).

    Campanella disse que não entregou os documentos aos servidores designados por Eliana Pedrosa porque os membros da comissão não eram servidores de carreira, como prevê a Lei Orgânica do DF.

    Diversas vezes Campanella atribuiu o não cumprimento de diligências e prestação de esclarecimentos à falta de servidores no DFTrans. Ao final da sessão, ele informou aos membros da comissão que as senhas solicitadas já haviam sido entregues ao presidente da Casa, Wasny de Roure (PT).

    Fonte: QuidNovi por Mino Pedrosa.

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