Por
causa da coincidência entre o funcionamento do colegiado e a abertura
da sessão plenária, depoimento de ex-administrador de Sobradinho teve
que ser suspenso. Deputado distrital comemora, mas colegas da Casa
querem dar resposta rápida à sociedade
Raad Massouh usou palanque para dizer que há uma "armação" contra ele |
Apesar de ter programado concluir as oitivas do caso do distrital Raad
Massouh (PPL) ontem, a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania, Ética e
Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa teve de encerrar pela metade
seus trabalhos. O cancelamento ocorreu enquanto o ex-administrador
regional de Sobradinho Carlos Augusto de Barros era ouvido pelos
distritais. Houve uma coincidência de horários entre o funcionamento do
colegiado e a abertura da sessão ordinária no plenário. Conforme o
regimento interno da Casa, o expediente das comissões deve ser
automaticamente cancelado quando houver a sobreposição de horários.
Uma sessão extraordinária já foi marcada para a manhã de hoje. Raad tem
contra si um procedimento de cassação por quebra de decoro parlamentar,
supostamente por ter participado do esquema de desvio de recursos de
uma emenda parlamentar de R$ 100 mil de autoria dele mesmo. O dinheiro
era destinado à realização de um evento na área rural de Sobradinho, em
outubro de 2010.
Ontem, além de Barros, o próprio Raad Massouh também deveria ter sido
ouvido. O ex-administrador falou durante uma hora, respondendo a
perguntas do presidente da Comissão de Ética, Dr. Michel (PEN), e a
parte das questões do relator do caso, Joe Valle (PSB). Em linhas
gerais, ele confirmou ter sido próximo do distrital durante mais de dez
anos, já que viviam na mesma região. Também informou que participou da
coordenação das duas campanhas de Raad, em 2006 e 2010. A indicação para
a função de administrador partiu de um grupo religioso ao qual ele e o
deputado fazem parte.
A fala de Carlos Barros contradisse parte do discurso do ex-gerente de
agricultura da Administração Jorge Soares da Rocha. Ele disse à
comissão, na terça-feira, que assinou sem saber como executor do
contrato de realização do 1º Festival de Turismo Ecológico Rural de
Sobradinho por orientação do próprio administrador regional. “Quem
deveria assinar o contrato era o gerente de agricultura, se formos
seguir a cartilha. Mas não sei se foi ele mesmo que assinou”, explicou.
De acordo com Barros, ele só ficou sabendo das possíveis irregularidades
quando o pagamento já tinha sido feito.
Investigação da Polícia Civil indicou várias irregularidades na
contratação do evento. Ele foi programado para dois dias, com a presença
de cinco bandas e para um público de 10 mil pessoas, mas só ocorreu em
um dia, com duas apresentações artísticas para cerca de 100 pessoas.
Ouvido na terça-feira, o ex-chefe da Delegacia de Crimes Contra a
Administração Pública (DECAP) Flamarion Vidal definiu o caso como um
“festival de ilegalidades e irregularidades”. Indagado sobre se teria
sofrido pressão de Raad para realizar o evento, o ex-administrador
afirmou que considerou a situação normal.
Comemoração
A fala de Barros levou Raad Massouh a comemorar em plenário. Ele usou o
tempo disponível ao pronunciamento de parlamentares para dizer que o
ex-administrador o havia defendido e que isso comprovava que existe uma
armação contra ele. A declaração do distrital ocorreu mesmo sem que o
depoimento de Carlos Barros tenha sido concluído. A necessidade de
cancelamento da reunião da Comissão de Ética contrariou os membros.
Michel, Joe e Patrício (PT) saíram reclamando. “Mesmo com essa
suspensão, estamos tranquilos. Existem provas suficientes nos autos para
basear a decisão do relator e dos membros da Comissão de Ética. Temos
que dar uma resposta. A sociedade cobra isso”, disse Patrício,
responsável pelo relatório da Corregedoria que mandou o caso de Raad à
Comissão de Ética. O presidente da Casa, Wasny de Roure (PT), disse que
não há necessidade de polêmica e que a possibilidade de suspensão das
oitivas já tinha sido prevista e acordada na reunião de líderes ocorrida
ontem.
Fonte: Correio Braziliense
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