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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Legislativo: "Foi um show de horrores"

Delegado que investigou Raad enumera irregularidades na aplicação de emenda liberada pelo distrital para evento rural em 2010. Divulgou ainda escutas telefônicas nas quais o parlamentar comemora a saída dele da Decap 

Enquanto o delegado Flamarion Vidal prestava depoimento ontem na Comissão de Ética da Câmara Legislativa, o deputado Raad Massouh (PPL) mantinha as mãos ocupadas com um masbaha, uma espécie de rosário com contas, de origem árabe. À medida que a sessão esquentava, o distrital nascido na Síria apertava ainda mais o acessório, usado para aliviar a tensão.
 
Os depoimentos de ontem na Comissão de Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa complicaram ainda mais a situação do distrital Raad Massouh (PPL), alvo de um processo ético-disciplinar de cassação por quebra de decoro. O delegado Flamarion Vidal, da Polícia Civil do DF, que participou das investigações sobre um possível esquema de desvio de recursos de uma emenda de R$ 100 mil envolvendo o deputado, definiu o caso como “um festival de ilegalidades e irregularidades”. Ele fez um trocadilho com o nome do evento — Festival Rural e Ecológico de Sobradinho, realizado em outubro de 2010.

Flamarion Vidal reforçou as informações passadas à comissão, na semana passada, pelo também delegado Henry Peres Ferreira Lopes. Os dois participaram da investigação que resultou no indiciamento do parlamentar e de outras pessoas pela Delegacia de Investigação de Crimes contra a Administração Pública (Decap). No entanto, o depoimento de Henry foi desqualificado a pedido da defesa de Raad, que justificou não ter sido convocada para a sessão.

Ex-titular da Decap, Flamarion contou que a investigação foi baseada na denúncia de que ocorreram desvios de recursos da emenda para a realização de dois dias de shows. O evento era para um público de 10 mil pessoas e cinco atrações. Mas ocorreu em um só um dia, com a participação de duas bandas e cerca de 100 pessoas. O delegado ressaltou que o dinheiro deveria ter sido usado todo para pagar os cantores, que teriam recebido pouco mais de R$ 30 mil. “Aquilo foi um show de horrores”, disse o policial, sobre as ilegalidades na contratação.

O delegado também citou trecho de uma escuta telefônica, feita com autorização judicial, na qual Raad comemora a saída dele da Decap, dando a entender que teria pedido a retirada do policial do caso. O deputado diz, no trecho, que a investigação seria arquivada. De fato, Flamarion foi retirado num momento de mudanças gerais na Polícia Civil. Ontem, o diretor-geral da PCDF, Jorge Xavier, disse que a saída do delegado da Decap não ocorreu por pressão e que as investigações policiais foram mantidas.

A Comissão de Ética ouviu ainda Jorge Soares da Rocha, ex-gerente de Agricultura da Administração Regional de Sobradinho. Ele assinou como executor do contrato do evento. Disse aos distritais que não sabia o que estava validando e que só o fez por determinação do então administrador da cidade, Carlos Augusto Barros. Outra testemunha, arrolada pela defesa, foi o advogado e servidor do Senado Eufrázio Pereira da Silva. Ele tentou defender Raad e o antigo administrador, mas se complicou ao confirmar que tem dois filhos no GDF por indicação do distrital. Hoje, serão ouvidos Carlos Barros e Raad. O deputado não quis se manifestar ontem.

Fonte: CorreioWeb - Por Almiro Marcos

Um comentário:

  1. Este dep. RAAD e o Campanella, dono do DFTrans, que lá montou a sede do partido, são do PPL, partido dos párias ainda livres!

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