O relator do caso Raad Massouh (PPL), Joe Valle (PSB), deve entregar
amanhã a conclusão a respeito das denúncias de desvio de recursos de uma
emenda do colega destinada à realização do 1º Festival Rural e
Ecológico de Sobradinho, em 2010. Na semana passada, Raad prestou
depoimento à Comissão de Ética da Casa e entregou a cada um dos
parlamentares dossiê que, segundo ele, provaria sua inocência. Ontem, o
advogado dele protocolou defesa baseada nas oitivas colhidas na semana
passada.
Também pediu a exclusão do corregedor da Casa, Patrício (PT), durante o
processo de votação do caso pela comissão. Segundo o advogado de Raad Massouh,
Cléber Lopes, o petista não poderia votar, pois teria antecipado seu
voto favorável ao prosseguimento das investigações por meio da imprensa.
Raad foi ouvido na quinta-feira e disse não ter responsabilidade sobre a
execução de sua emenda, no valor de R$ 100 mil. O festival rural
deveria ocorrer em dois dias, com cinco bandas, mas funcionou com só
dois grupos musicais em um dia de programação.
Ao Correio, Patrício rebateu o pedido de suspeição e afirmou que a
defesa de Raad tem se utilizado de “subterfúgios meramente
procrastinatórios” para tentar contaminar o processo administrativo por
meio de “alegações finais após as oitivas, procedimento não previsto na
Lei Orgânica, no Código de Ética Parlamentar e no regimento interno da
Casa”. Patrício também afirmou que a participação dele como membro
efetivo da Comissão de Ética já foi objeto de discussão e que pedido
semelhante de Raad já teria sido rechaçado pelo colegiado em abril. No
dossiê entregue aos colegas, Raad apresentou cópia do depoimento de
Carlos Henrique Pereira Neves, da empresa MCM Produções Artísticas e
Eventos, que contratou as bandas para o festival. À Polícia Civil, Neves
exime Raad de qualquer eventual interferência para a realização do
evento.
Para saber mais
Como é o trâmite de um processo ético-disciplinar na Câmara Legislativa
» Após a representação apresentada na Câmara, a Procuradoria-Geral da
Casa avalia se o documento atende a formalidades legais e encaminha para
análise da Mesa Diretora.
» Formada por cinco deputados, a Mesa analisa o pedido de forma
colegiada. São necessários três votos pelo andamento ou pelo
arquivamento da representação. Se a posição for pela continuidade, o
caso vai para a Corregedoria.
» Cabe à Comissão de Ética analisar o relatório do corregedor pela
abertura de procedimento ético-disciplinar por quebra de decoro.
» São necessários pelo menos três votos dos cinco membros para abrir a
investigação. Nesta fase, o deputado investigado e as testemunhas são
ouvidos.
» Se o processo passar pela Comissão de Ética com recomendação de
cassação por quebra de decoro parlamentar, ainda vai a plenário para
apreciação dos 24 deputados. O voto é aberto.
Fonte: Correio Braziliense - Por Arthur Paganini
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