Na
volta dos trabalhos da Câmara, procurador que assinou parecer a favor
do encaminhamento à Corregedoria de representações contra deputados foi
exonerado do cargo. Wasny de Roure nega relação com as denúncias que
envolvem colegas
Os deputados distritais voltaram ontem ao trabalho em clima de apreensão. Na próxima quarta-feira, os integrantes da Mesa Diretora vão se reunir para apreciar o parecer da Procuradoria da Casa, que defende a reabertura de processos contra três deputados envolvidos em denúncias de corrupção. A edição de ontem do Diário da Câmara Legislativa trouxe uma novidade que elevou ainda mais as especulações em torno do caso: o procurador-geral da Casa, Sidraque Monteiro Anacleto, foi exonerado do cargo. Ele será substituído por Sérgio Luiz da Silva Nogueira, que, a exemplo do antecessor, é funcionário de carreira do Legislativo local. Sidraque e o presidente da Câmara, Wasny de Roure (PT), negam que a mudança no comando da procuradoria tenha cunho político e evitam relacionar a exoneração à emissão do parecer. Mas, por conta da tensão dos parlamentares acusados e dos colegas, o caso foi o principal assunto no primeiro dia de expediente dos deputados.
Aylton Gomes (PR) e Rôney Nemer (PMDB) foram condenados por improbidade
administrativa em junho (leia Na mira). Foram considerados culpados de
receber mesada do Executivo para votar de acordo com interesses do
governo e são apontados como integrantes do esquema de corrupção
liderado por Durval Barbosa. Em julho, saiu a sentença contra Benedito
Domingos (PP) pelas mesmas acusações. As investigações internas contra o
trio estavam suspensas havia quase três anos, sob a alegação de que
seria preciso primeiro aguardar uma posição do Judiciário. As
condenações motivaram representações populares, que pedem a reabertura
dos processos contra Aylton, Benedito e Rôney. O caso de Raad Massouh
(PPL) já está na Comissão de Ética da Casa.
Almoço - Na última quarta-feira, os deputados que
compõem a base aliada do GDF se reuniram em um almoço com o governador
Agnelo Queiroz para tratar do semestre legislativo, e o caso das
representações entrou na pauta da conversa. Os distritais destacaram a
necessidade de estarem unidos diante das pressões que se acentuarão com o
fim do recesso. Houve um pacto de salvação. Rôney reclamou bastante da
atuação de Sidraque à frente da Procuradoria e, principalmente, do
parecer a favor da retomada dos processos, segundo relato de deputados
que estavam na reunião.
Ao Correio, Sidraque disse que pediu para sair e negou que isso tenha
relação com a situação dos três deputados condenados. “Não ocorreu
nenhuma pressão. Solicitei a exoneração por motivos pessoais”, conta o
servidor, que está na Casa há 20 anos. “Quem analisou os casos foi uma
colega da procuradoria. Eu só aprovei esse parecer”, acrescenta. Wasny
seguiu a mesma linha. “Não foi nada político. Ele é um procurador de
carreira, mas pediu para se afastar por questões familiares”,
justificou.
Passo a passo
Confira o trâmite de um procedimento ético-disciplinar por quebra de decoro parlamentar na Câmara:
Passo a passo
Confira o trâmite de um procedimento ético-disciplinar por quebra de decoro parlamentar na Câmara:
» Em primeiro lugar, é preciso que algum cidadão entre com pedido de abertura de procedimento contra algum parlamentar.
» Em seguida, a Procuradoria-Geral da Casa avalia se o documento atende
as formalidades legais, se tem elementos suficientes e encaminha para
análise da Mesa Diretora.
» Formada por cinco deputados, a Mesa analisa o pedido de forma
colegiada. São necessários três votos pelo andamento ou pelo
arquivamento da representação. Se a posição for pela continuidade, o
caso vai para a Corregedoria.
» Cabe à Comissão de Ética analisar o relatório do corregedor pela abertura de procedimento ético-disciplinar por quebra de decoro. São necessários pelo menos três votos dos cinco membros para abrir a investigação. Em caso positivo, é feito o sorteio do relator e começam valer prazos para que ele forme convicção, seja pelo arquivamento, seja pelo encaminhamento a plenário. Nesta fase, o deputado investigado e as testemunhas são ouvidos.
» Se o processo passar pela Comissão de Ética com recomendação de cassação por quebra de decoro parlamentar, ainda vai a plenário para apreciação dos 24 deputados. O voto é aberto.
Rôney Nemer (PMDB) Em junho deste ano, o parlamentar foi condenado por improbidade administrativa e terá que ressarcir o erário em R$ 2,1 milhões, de acordo com determinação do Judiciário local. Ainda cabe recurso. Em caso de confirmação da decisão pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do DF e Territórios, ele ficará inelegível e estará fora das próximas eleições. O deputado também é alvo da denúncia de envolvimento no suposto esquema de corrupção liderado por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do GDF. Responde ainda a outras duas ações de improbidade. Uma delas questiona a contratação do cantor Edu Casanova, na época em que Rôney presidiu a Brasiliatur, e a outra se refere às diárias pagas por um empresário para hospedagem em hotel na capital goiana.
» Cabe à Comissão de Ética analisar o relatório do corregedor pela abertura de procedimento ético-disciplinar por quebra de decoro. São necessários pelo menos três votos dos cinco membros para abrir a investigação. Em caso positivo, é feito o sorteio do relator e começam valer prazos para que ele forme convicção, seja pelo arquivamento, seja pelo encaminhamento a plenário. Nesta fase, o deputado investigado e as testemunhas são ouvidos.
» Se o processo passar pela Comissão de Ética com recomendação de cassação por quebra de decoro parlamentar, ainda vai a plenário para apreciação dos 24 deputados. O voto é aberto.
Rôney Nemer (PMDB) Em junho deste ano, o parlamentar foi condenado por improbidade administrativa e terá que ressarcir o erário em R$ 2,1 milhões, de acordo com determinação do Judiciário local. Ainda cabe recurso. Em caso de confirmação da decisão pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do DF e Territórios, ele ficará inelegível e estará fora das próximas eleições. O deputado também é alvo da denúncia de envolvimento no suposto esquema de corrupção liderado por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do GDF. Responde ainda a outras duas ações de improbidade. Uma delas questiona a contratação do cantor Edu Casanova, na época em que Rôney presidiu a Brasiliatur, e a outra se refere às diárias pagas por um empresário para hospedagem em hotel na capital goiana.
Aylton Gomes (PR)
O representante do PR na Câmara Legislativa foi condenado por
improbidade administrativa, em junho deste ano, e a devolver R$ 2,9
milhões aos cofres públicos. Ele é acusado de ter recebido mesada em
troca de apoio ao Executivo na Casa. É um dos alvos da denúncia
envolvendo o suposto esquema de corrupção de Durval Barbosa. Responde
ainda por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Aylton Gomes está com
os bens bloqueados por decisão judicial. Se a sentença for mantida em
segunda instância, o distrital ficará impedido de concorrer a novo
mandato, em 2014. O parlamentar é parte em outro processo por
improbidade, com oito colegas da legislatura anterior, por suspeita de
ter a diária paga em hotel em Goiânia por um empresário.
Benedito Domingos
(PP) O parlamentar, que comanda o PP no DF, foi condenado por
improbidade e à devolução de mais de R$ 28 milhões por supostamente ter
recebido mesada em troca de apoio ao governo entre 2007 e 2009. Ele é um
dos denunciados por envolvimento no suposto esquema de corrupção
organizado por Durval Barbosa nesse período. O MP quer que Benedito vire
réu por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Como outros colegas,
está com os bens bloqueados para ressarcir o erário de eventuais danos
decorrentes de desvios de recursos. Até o fim do ano, o TJDFT deve
julgar ainda uma ação penal contra o distrital por dispensa ilegal de
licitação, formação de quadrilha e corrupção passiva na contratação de
empresas de familiares para a ornamentação de natal da cidade, em 2008.
Em caso de condenação, ficará inelegível.
Raad Massouh
(PPL) O caso de Raad é o único que já está na Comissão de Ética da
Casa. Até o fim do mês, o relator do processo de quebra de decoro
parlamentar, deputado Joe Valle (PSB), deve apresentar seu relatório
sobre o caso. A expectativa é que Joe recomende a abertura de processo
de cassação. Raad e outras nove pessoas são acusadas de integrar um
suposto esquema de desvio de parte dos recursos de uma emenda
parlamentar de R$ 100 mil. O dinheiro foi liberado pelo parlamentar em
favor da Administração Regional de Sobradinho para a realização de um
evento rural em 2010. Segundo investigação do Ministério Público do DF e
da Polícia Civil, o deputado teria praticado crimes contra a Lei de
Licitações, peculato e lavagem de dinheiro. Ele foi denunciado à
Justiça, mas o Conselho Especial do TJDFT ainda não decidiu se ele
virará réu.
Fonte: Correio Braziliense - Por Helena Mader e Arthur Paganini
Fonte: Correio Braziliense - Por Helena Mader e Arthur Paganini
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