Ex-senador se defende da acusação de ter transferido recursos para uma conta na Suíça do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto
"Em relação à essa remessa de US$ 1
milhão, sou totalmente inocente. Isso é um despropósito. Não sou eu que
me declaro inocente, são os documentos”
Luiz Estevão, ex-senador
Luiz Estevão, ex-senador
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Acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter depositado US$ 1
milhão nas contas do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, o ex-senador Luiz
Estevão negou ontem que seja responsável pelo dinheiro. Ele apresentou
ao Correio documentos de uma ação movida nos Estados Unidos contra o
Delta Bank, instituição bancária da conta em que os recursos
supostamente estavam, e o resultado de uma perícia particular — essa
análise atesta que os documentos usados pelo MPF são falsos. Luiz
Estevão e Nicolau dos Santos Neto são acusados do desvio de R$ 169
milhões da construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São
Paulo, em caso que veio à tona em 1999.
Na ação, movida em 2001 pelo ex-senador contra o banco norte-americano,
Luiz Estevão pede que a instituição autentique todos os documentos
usados pelo Ministério Público no processo que o acusa de ter feito as
transferências à conta que o ex-juiz mantinha na Suíca. Depois de
transitado em julgado nos EUA, o banco enviou uma carta ao procurador
Joseph A. Capone, responsável pelo caso, no qual reconhece que três
papéis não eram “precisamente duplicatas dos documentos originais do
Delta Bank”: a autorização à ordem de pagamento de R$ 960 mil, a outra,
de R$ 40 mil, e um terceiro referente ao cadastro da conta chamada James
Tower. Nesse último, o banco afirma que a assinatura de Luiz Estevão
não era verdadeira.
O ex-senador também apresentou as conclusões de uma perícia particular,
do Instituto Del Picchia, que atesta a falsidade de faxes. No primeiro
deles, referente à transferência de US$ 960 mil (US$ 713 mil de uma
conta e US$ 247 mil de outra), o registro referente à máquina de fax
indica que o pedido foi enviado em 11 de abril de 1994, às 11h39. Mas um
carimbo de protocolo do banco acusa o recebimento em março do mesmo
ano, ou seja, antes da remessa. A perícia aponta também que a máquina de
datilografar usada para escrever o fax é a mesma utilizada pelo banco,
nos Estados Unidos.
No segundo fax, referente à transferência de US$ 40 mil, há um trecho
escrito à mão, indicando de qual fundo deveria ser retirada a quantia.
Segundo a perícia, a mesma caligrafia é utilizada para preencher, um
pouco mais abaixo, um protocolo interno do banco americano. “Em relação à
essa remessa de US$ 1 milhão, sou totalmente inocente. Isso é um
despropósito. Não sou eu que me declaro inocente, são os documentos”,
afirmou Luiz Estevão ao Correio. O jornal O Estado de S. Paulo publicou
ontem que a quantia de US$ 1 milhão dos US$ 4,8 milhões repatriados para
o Brasil esta semana havia sido depositada na conta de Nicolau dos
Santos Neto pelo ex-senador.
O ex-juiz está detido em um presídio em Tremembé (SP). Em 2012, Estevão
fez um acordo com a União para pagar, em parcelas mensais de R$ 4,3
milhões, R$ 468 milhões para ressarcir o erário devido aos desvios na
obra do TRT-SP.
Fonte: Correio Braziliense - Por Juliana Braga
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