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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Policiais demitidos por corrupção

Governador Agnelo Queiroz excluiu dos quadros do Executivo delegado e escrivão acusados de usar o cargo para obter vantagens 

Delegado Crizanto: conhecido pelo caso Mário Eugênio, teria cobrado para evitar derrubada em condomínio
Um delegado aposentado e um escrivão da Polícia Civil do DF condenados por corrupção, improbidade administrativa e peculato foram demitidos na última sexta-feira. Francisco de Assis Barreira Crizanto, que atuou como assessor do ex-governador Joaquim Roriz (sem partido), e o escrivão Wellington dos Santos Cardoso foram excluídos do quadro da corporação em ato do governador Agnelo Queiroz (PT) publicado no Diário Oficial do DF da última sexta-feira.

Crizanto foi condenado pelo Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), que apontou a participação dele em licitações irregulares realizadas em 1994. Em 2000, o então delegado teria ordenado — sem amparo de uma decisão judicial — a derrubada de uma cerca da Chácara 29 do Núcleo Rural do Córrego do Torto com a finalidade de obtenção de vantagem econômica, ainda de acordo com a Justiça.

No processo, foram anexadas conversas telefônicas interceptadas entre Crizanto e o então advogado do Condomínio Privê, Manoel Barreto Pinheiro. Nas ligações, o delegado cobra recebimento de lotes na área clandestina em troca de proteção à expansão do loteamento. À época, ele era delegado da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O). No ano que foi denunciado, em 2002, ele estava licenciado para concorrer a uma vaga de deputado distrital pelo PSD, da base de Roriz. Além da perda da função pública, Crizanto teve os direitos políticos suspensos e a aposentadoria cassada.

O ex-delegado ficou conhecido por atuar em casos de repercussão. Entre eles, no assassinato do jornalista Mário Eugênio,  da Rádio Planalto e do Correio Braziliense, em novembro de 1984. À época, policiais eram suspeitos de integrar um “esquadrão da morte”. Crizanto, que trabalhava na assessoria especial da Polícia Civil, colocou em dúvida a existência de um mandante do crime. Ele também descartou o envolvimento do então secretário de Segurança Pública, Lauro Rieth, no caso. O promotor do Tribunal do Júri de Brasília Maurício Miranda estranhou o fato de três policiais civis de unidades diferentes terem sido destacados pela pasta para cuidar da apuração do crime. Mais tarde, o trio foi apontado como responsável pela morte do jornalista.

Além de Crizanto, foi banido da corporação o escrivão Wellington Cardoso, acusado de peculato. A decisão partiu de apuração da Corregedoria-Geral da PCDF e análise da consultoria jurídica do DF. Consta na denúncia que o policial embolsou as fianças de 17 inquéritos enquanto tinha cargo de chefia na 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria), entre 2007 e 2008. Wellington foi denunciado pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) pela prática de 17 crimes de peculato. Em 2009, a Justiça determinou pena de oito anos e oito meses de reclusão em regime aberto.

O diretor da Polícia Civil do DF, Jorge Xavier, destacou que policiais estão sujeitos a serem investigados e punidos, assim como o cidadão comum. “A punição é consequência de um eventual desvio de conduta. Começa com advertência, mas pode terminar em demissão. Tem estágios variados e recursos internos até que o processo seja finalizado. Para mim, é rotina. Faz parte”, disse Xavier. Nos últimos 10 anos, 32 servidores da Polícia Civil foram demitidos acusados de denúncias graves, como corrupção, conforme levantamento da Secretaria de Transparência do DF (leia memória). O delegado e o escrivão não foram localizados pela reportagem ontem. 

Benefício a traficantes 

O advogado Manoel Barreto Pinheiro se envolveu em denúncias de venda de habeas corpus para traficantes. Irmão dele, o juiz Vilmar Barreto Pinheiro teve a aposentadoria compulsória decretada em maio pelo Tribunal de Justiça do DF por supostamente cobrar pela concessão da liberdade de traficantes. A defesa do magistrado anunciou ue vai recorrer.

Fonte: Correio Braziliense - Por Mara Puljiz

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