Tucano e oposicionistas atacam confusão feita no governo sobre plebiscito e preparam proposta de uma reforma política
O vaivém do governo sobre a proposta do plebiscito deu munição para
novas críticas da oposição. "O que estamos assistindo, infelizmente para
o Brasil, é o fim antecipado de um governo que não consegue dar
respostas", atacou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG),
provável candidato à Presidência em 2014. "É um governo velho que
continua falando para um Brasil novo", disse.
Aécio classificou de "engodo" a proposta do governo de fazer um
plebiscito sobre reforma política para vigorar a partir das próximas
eleições. "Era um engodo, era uma forma de desviar a atenção da
população das questões centrais. O governo erra muito e quem perde é a
população brasileira", criticou ele.
O tucano lembrou que a proposta de realização de uma Assembleia
Constituinte exclusiva para fazer a reforma política não durou 24 horas,
mesmo a presidente sabendo que seria "inviável" de ser efetuada.
"Quando ela mandou a proposta de plebiscito sobre um tema tão complexo,
sabia que era inviável", afirmou.
Reforma fatiada. Para o presidente do PSDB, a reforma política fatiada é
o único caminho para que a proposta prospere no Congresso. Aécio disse
que seu partido apresentará na próxima terça-feira os pontos de consenso
na legenda sobre a matéria. Ele afirmou que vai conversar com outros
partidos a fim de estabelecer uma agenda do assunto que atenda "ao País e
não ao partido da presidente da República".
O vaivém do vice-presidente Michel Temer, que disse ser "temporalmente
impossível" fazer as mudanças neste ano e, quatro horas depois, recuou
da posição depois de ser pressionado pela presidente Dilma Rousseff,
virou terreno fértil para os ataques oposicionistas.
"Nunca senti firmeza na manifestação do Temer e queria que ele tivesse
mantido a posição que os líderes interpretaram", afirmou o presidente do
DEM, senador Agripino Maia (RN), sobre o encontro do vice-presidente
com ministro e líderes partidários da base aliada do Congresso ontem
pela manhã em que inicialmente ficou claro a impossibilidade de aprovar a
matéria.
"A Dilma quis se sintonizar com a rua uma proposta que traduz uma ilegalidade", criticou o presidente do DEM.
Mesmo na base aliada houve questionamentos sobre a falta de comando
político do governo. Integrante de partido da base aliada, o líder do
PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), classificou como impressionante o
"nível de improvisação" do governo. "Estamos percebendo a fragilidade
das ações do governo", afirmou ele.
Sintonia. Segundo o socialista, entusiasta da candidatura presidencial
do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o debate sobre a realização
do plebiscito não está em sintonia com os anseios manifestados pela
população nos protestos que tomaram as contas das cidades. Para ele,
qualquer pessoa de "bom senso" sabe que é "impossível" não realizar a
consulta popular a fim de reformar o sistema político-eleitoral para as
eleições de 2014.
Pela manhã, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL),
sinalizou apoio a um referendo após o Congresso eventualmente aprovar
uma reforma política. A presidente é contra o referendo, que é
autorizativo. "Se houver dificuldade para aprovação do plebiscito na
Câmara, é óbvio que a partir daí todo mundo vai tentar construir uma
alternativa para votar a reforma. Na medida em que se vota a reforma e
se quer ouvir a sociedade, a única maneira de fazê-lo é o referendo."
Fonte: Jornal Estado de São Paulo - Por Ricardo Brito
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