Em
um dos diálogos o parlamentar informa da exoneração do delegado que
presidia o inquérito e insinua que a investigação será abafada
A Policia Civil vivia dias difíceis e em greve, o que levou o governador do DF a fazer mudanças na cúpula da direção geral.
Assumiu o cargo de diretor geral no lugar da delegada Mailine Alvarenga
o delegado Onofre de Morais com carta branca para proceder as
modificações que julgasse necessárias e que considerasse convenientes.
Sob a alegação de proteger o governo, o novo diretor disse naquela
ocasião que iria controlar com mão de ferro as atividades policiais,
segundo ele, era para evitar uma guerra de dossiês contra integrantes do
próprio governo e de adversários políticos.
Com as mudanças, as divisões especializadas, entre as quais a DECAP e a
DECO ficaram subordinadas diretamente a Onofre. Dessa forma ele sempre
receberia informações cruciais sobre operações e o cumprimento de
mandados de prisão e busca e apreensão, com antecedência.
Na época os remanejamentos deixaram promotores de Justiça preocupados. O
Ministério Público temia com as alterações realizadas pela nova direção
atrapalhassem as investigações em curso.
As desconfianças do MP local levaram inúmeras investigações a outros
rumos, mas uma em especial, chamou a atenção dos promotores, foi a que
deixou confirmado o motivo que levou a saída do delegado Flamarion Vidal
da DECAP. O fato gerou insatisfação também dentro da Policia Civil, e a
história de que a sua saída foi motivada pela seriedade que investigava
os crimes cometidos contra a administração pública vazou, no meio
político sua saída era cobrada, dentro e fora do governo.
Conhecido nas hostes policiais como “delegado sério e cumpridor de seus
deveres”, é elogiado por investigar fatos e não pessoas, também não
importa a Flamarion se o fato envolve o “seu ninguém” ou o “príncipe”.
O que não se esperava é que antes de ser afastado do cargo e da
conclusão do inquérito, Flamarion comunicasse oficialmente ao Ministério
Público o conteúdo de um telefonema entre Raad e outra pessoa, que já
antecipava a notícia de sua saída da delegacia. Juntamente com as
interceptações telefônicas, encaminhou o inquérito ao Ministério Publico
do Distrito Federal que continuou nas apurações gerando outras
investigações e denuncias ao Tribunal de Justiça Do Distrito Federal.
Dai é que nasce a Operação Mangona.
Flamarion perdeu o cargo na DECAP, Raad realmente tinha informações
privilegiadas. E o que era especulação se tornou verdade, as razões da
exoneração viraram lenda na cidade, não se acreditava que fosse possível
um delegado ser afastado de uma delegacia por investigar fatos.
Os fatos investigados inicialmente por Flamarion, agora sabe-se, eram verdadeiros.
Fonte: Edson Sombra
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