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sábado, 29 de junho de 2013

A nova cara do Brasil: União para manter o movimento

Os organizadores das principais manifestações de Brasília se encontram hoje para discutir o futuro dos protestos na capital federal 

Os integrantes do Acorda, Brasília! protagonizaram um dos principais atos ao subirem no teto do Congresso
 
Em meio a especulações da perda de força das manifestações em Brasília, alguns grupos se articulam para continuar nas ruas e não deixar o movimento acabar. Mesmo com respostas do governo a algumas reivindicações, os organizadores das marchas planejam uma agenda de mobilizações para manter as pressões populares sob o Legislativo e o Executivo (veja ilustração). Hoje, haverá um encontro com as lideranças de todos os movimentos a fim de discutir o rumo dos protestos na capital federal. As crianças também se reunirão no Parque da Cidade. Amanhã, a indignação com os gastos para a Copa do Mundo de 2014 levará os brasilienses para a frente do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.

A mobilização do fim de semana tem início hoje à tarde no Museu da República, com a Grande Assembleia dos Povos do DF. Os participantes vão elaborar uma carta comum de reivindicações e uma nova programação de protestos. “Desde os primeiros atos, sentimos falta de bandeiras mais específicas. Pedir mais saúde e educação é muito bom, mas é genérico e afasta as possibilidades concretas de mudança. O objetivo da assembleia é construir coletivamente pautas mais claras”, explicou Thiago Ávila, um dos organizadores do evento.

Farão parte do debate de hoje os jovens que mobilizaram milhares de pessoas pelas redes sociais para participarem das marchas e ocuparem o gramado da Esplanada dos Ministérios nas últimas duas semanas. Além deles, haverá representantes de organizações sociais e coletivas, como o Passe Livre e o Comitê Popular da Copa (Concopa). Mas a discussão é aberta a todos. Até a noite de ontem, mais de 2 mil confirmaram presença por meio de uma página na internet. “Queremos manter acesa a chama da luta social. A ideia é pensar a mobilização com a participação de todos, é um espaço aberto”, completou Thiago.

Amanhã, será a vez de as crianças reivindicarem melhorias para o país. Elas se reunirão a partir das 9h, no Castelinho do Parque da Cidade. A ideia surgiu da inquietação de Ana Laura Cartaxo, 28 anos, enquanto assistia pela tevê uma das manifestações em frente ao Congresso Nacional. “Pensava em como eu queria estar lá, mas precisava cuidar do meu filho. Então, expliquei o que estava acontecendo e ele se interessou pelo assunto e começamos a conversar até me dizer que, quando os filhos dele crescerem, vão querer ônibus de qualidade e baratos para levá-los à escola”, contou. Ana Laura aproveitou esse contexto para ensinar ao garoto o que é ser cidadão.

Até a noite de ontem, mais de 4,5 mil pessoas confirmaram presença para a marcha dos pequenos. O grupo deixará a concentração por volta das 9h45 e dará uma volta no Parque da Cidade. Antes disso, as crianças farão cartazes, enquanto uma das mães se voluntariou para contar uma história, na linguagem deles, sobre o que está ocorrendo no país. “É o futuro deles que está em jogo, e devem aprender desde já. O governo se pronunciou e agora é hora de cobrarmos, dizermos que estamos de olho”, avaliou Ana Laura. “E não são só pelos R$ 0,20 ou pelo transporte público, temos muito o que consertar e gritar nas ruas”, concluiu.
 
Manifestantes estendem a Bandeira Nacional no gramado da Esplanada dos Ministérios durante o ato da última quarta-feira: mobilização
 
Futebol 

Mais tarde, enquanto Brasil e Espanha disputam a final da Copa das Confederações, manifestantes contrários aos gastos com o Mundial de 2014 sairão às ruas. A mobilização Copa pra quem?, organizada pelo Comitê Popular da Copa, cobra a devolução dos R$ 2,8 milhões gastos com ingressos para o jogo de abertura do evento esportivo, entre a Seleção Brasileira e o Japão. “É um dia importante para mostrarmos que não é só festa. Foram milhões de reais gastos em estádios e em segurança pública para agradar aos turistas e às pessoas mais ricas. Enquanto quase nada foi destinado ao combate da exploração sexual e de outras violações que o evento trouxe e ainda vai trazer para a população”, ponderou Francisco Carneiro, 35 anos, integrante do comitê.

O protesto de amanhã é o último da agenda de manifestações do grupo, criado há três anos. No entanto, os organizadores não descartam novas mobilizações. “Elaboramos uma jornada de luta nas ruas em todo o país durante os jogos. Domingo será a última, mas vamos continuar lutando”, finalizou Francisco.

Na manhã de hoje, manifestantes de Santa Maria participarão da primeira Marcha do Tomate e Movimento Contra a Corrupção. “Há todo tipo de reivindicação nas ruas, mas ninguém fala do aumento dos preços dos alimentos. Por isso, escolhemos esse nome. Mas também vamos lutar contra a corrupção, a falta de projetos da Administração Regional para a cidade e os problemas no transporte”, explicou Vanessa Moreira, 26 anos, uma das organizadoras. O ato começa no Hospital Regional de Santa Maria e passará pela sede da administração local e seguirá até a BR-040.

Fonte: Correio Braziliense - Por Thaís Paranhos e Gabriella Furquim

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